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Autor: jvasco

17 de Maio, 2004 jvasco

Dicionário Céptico

Recomendo vivamente o Dicionário Céptico. É uma página de Robert T. Carroll cujo texto está traduzido para português (variante brasileira).

A página corresponde a um dicionário que nos dá informações interessantes e úteis sobre tudo o que é superstição. Alguns exemplos:

-área 51

-astrologia

-Atlântida

-biorritmos

-cristais

-face em Marte

-Loch Ness

-médiuns

-negação do Holocausto

-numerologia

-Pai Natal

-psicanálise

-raptos alienígenas

-telecinese

-Uri Geller

-Vampiros

-Yeti

E mais… muito mais. Tem textos interessantes com hiperligações muito úteis, e está excelentemente organizado. Também inclui algumas referências ao Cristianismo que é tratado como mais uma superstição.

11 de Maio, 2004 jvasco

Juramento Jesuíta

“Eu declaro e prometo que combaterei incansavelmente, secreta ou

abertamente, sempre que tiver oportunidade, todos os hereges,

protestantes e liberais, como é meu dever, para extirpá-los e

exterminá-los da face da terra, e que não pouparei nem sexo nem

idade nem condição, e que destruirei, enforcarei, ferverei,

estriparei, esfolarei e enterrarei vivos estes infames hereges;

rasgarei os estômagos e os ventres de suas mulheres e esmagarei a

cabeça de suas crianças contra a parede, para aniquilar sua

execrável raça” (do “Juramento dos Jesuítas”)

10 de Maio, 2004 jvasco

Fórum Renovado

O Fórum de debate do site www.ateismo.net já foi renovado! 🙂

Vejam-no aqui.

Espero que os próximos debates sejam interessantes e construtivos e se pautem por um nível elevado. Espero que a reformulação do site seja um passo nesse sentido.

27 de Abril, 2004 jvasco

Ateísmo e Ética

Embora exista um consenso geral em relação à correlação positiva entre educação e Ateísmo (documentada nas referências do meu artigo anterior), a maior parte das pessoas desconhece que os dados também demonstram uma correlação positiva entre Ateísmo e comportamento ético.

Eu já sabia que havia menor percentagem de Ateus nas cadeias que na sociedade (embora isso também se pudesse dever ao factor educação que referi no meu artigo anterior), e também sabia que nos EUA um estudo verificou que a percentagem de Ateus entre as pessoas apanhadas a fugir aos impostos é menor que a do resto da sociedade (vi isto num documentário no BBC prime), além de que já tinha essa ideia intuitiva.

Mas NESTA referência (a mesma do meu artigo anterior), cheia de estudos científicos devidamente referenciados, as conclusões são muito claras e esse respeito, e desfazem todas as dúvidas. Vou traduzir parte:

“De acordo com a revista Skeptic vol.6 #2 1998, em vários estudos, há uma correlação negativa entre teísmo e moralidade. De acordo com o estudo de 1934 de Franzblau, há uma correlação negativa entre religiosidade e honestidade. O estudo de 18950 de Ross 50 mostra que ateus e agnósticos mais facilmente mostram a sua vontade de ajudar os pobres que os profundamente religiosos. Em 1969, Hirschi e Stark não encontraram relação entre a probabilidade de uma criança desrespeitar uma lei e o facto de frequentar ou não a igreja.”

Creio que esta correlação entre comportamento ético e Ateísmo se deve principalmente à correlação entre educação e comportamento ético. Devido à correlação exposta no meu artigo anterior entre Ateísmo e educação, estabelece-se assim uma correlação entre ateísmo e comportamento ético. Creio que esta é a razão principal, mas duvido que seja a única.

26 de Abril, 2004 jvasco

Ateísmo e Educação

Quando fiz um comentário a um artigo qualquer, referi umas estatísticas acerca da relação entre o Ateísmo e uma melhor educação/formação e um superior comportamento moral.

I – As pessoas em geral não duvidam que, de facto, existe uma correlação positiva entre a educação e o Ateísmo. Lembramo-nos que nos períodos da história com maiores taxas de analfabetismo foi quando o Ateísmo era completamente desprezável e temos a consciência que o crescimento do Ateísmo acompanhou o crescimento das taxas de alfabetização. As pessoas também têm, em geral, a noção de que nos meios Académicos a percentagem de Ateus é superior à percentagem de Ateus na sociedade. Esta correlação não é, em geral, posta em questão nem por Crentes nem por Ateus, embora se possa questionar qual de dois motivos leva à existência de tal correlação:

a) Será que é uma “maior tendência para o Ateísmo” (consubstanciada numa personalidade com espírito crítico, gosto pela reflexão, curiosidade, etc…) que leva a que o indivíduo em questão adquira uma formação mais avançada?

b) Será que é a educação, treinando o espírito crítico, fazendo as pessoas encararem ideias diferentes, encorajando um debate livre e sério, fazendo entender o funcionamento do método científico, que encoraja o Ateísmo?

c) A correlação não prova nada, nem mostra que o Ateísmo é desejável. Também existe uma correlação entre a educação e a probabilidade de fumar canabis nas sociedades ocidentais, além da correlação existente entre educação e probabilidade de se suicidar.

—-

Em geral o debate parte de I e centra-se na discussão entre a), b) e c). Os Crentes costumam alertar para c) e os Ateus podem acreditar mais em a) ou b) consoante o indivíduo em questão. Eu acho que a) ou b) são igualmente verdadeiros.

Mas o “Atento” duvidou de I. E pediu-me estatísticas.

Como acredito no valor do espírito crítico, só podia respeitar o pedido dele, e prometi que só voltaria a escrever neste blog quando tivesse encontrado tais estatísticas. Nem sabia aquilo em que me estava a meter…

O que se passa é que eu já tinha visto as estatísticas. Mas não na Internet… em papel, e já nem sabia onde estava a maioria das minhas referências.

Eu queria encontrar várias coisas:

1-Uma distribuição actual das taxas de analfabetismo por país. Encontrei um relatório da UNESCO aqui.

2-Uma distribuição da percentagem de Ateus por país. Encontrei estes dados.

Com estes dados já poderíamos tirar algumas ilações e sustentar parte das conclusões que afirmei. Mas eu queria mais.

3- Estatísticas sobre a evolução das taxas de analfabetismo. Procurei muito, muito muito. Não encontrei dados acerca das taxas de analfabetismo ou qualquer outro indicador da educação inferior a 1970…

4- Estatísticas sobre a evolução do ateísmo ao longo da história. Eu poderia recomendar as fontes onde tinha visto a evolução do Ateísmo mundial ao longo do último século, mas sem as hiperligações respectivas (o livro “A Guerra das Civilizações” vai buscar esses dados a uns artigos de jornais de referência que poderei referenciar se alguém estiver interessado). Mas na Internet, por mais que procurasse, não encontrei nada.

Os dados 3 e 4 não eram necessários para sustentar qualquer afirmação que já não pudesse ser sustentada pelos 1 e 2. Mas seriam um complemento muito útil. Lamento muito não ter encontrado. Se alguém encontrar, agradeço que coloque nos comentários deste artigo.

5- Estatísticas que mostrasem a relação entre a formação Académica de um indivíduo e a probabilidade de ser Ateu. Estava à espera que fosse impossível encontrar isso na internet, principalmente depois dos meus insucessos à procura de 3 e 4 (que esperaria serem muito fáceis de encontrar). No entanto, encontrei isso e muito mais. Ora vejam ISTO.

São estatísticas sobre “Inteligência e crenças Religiosas”. Todos referenciados, tem dezenas de estudos científicos sobre esta temática. E quais são as conclusões gerais? Vou citar (e traduzir) parte:

“Porque é que esta correlação [entre educação e ateísmo] existe? A primeira resposta que nos vem à cabeça é que as crenças religiosas tendem a ser menos lógicas ou incoerentes do que crenças laicas […]. Mas tal explicação será seguramente rejeitada por pessoas religiosas, que procurarão outras explicações e racionalizações.”

Confirmem. Vão lá à página e vejam por vocês.

Como bónus ficamos a saber que, enquanto entre a população em geral (cerca de) 10% das pessoas não acredita em Deus, entre os Cientistas essa percentagem é de 60%. Entre os Físicos essa percentagem é de 80% (estou espantado, diria que era maior!).

14 de Abril, 2004 jvasco

Notícias acerca da IURD

O Jornal de notícias fez um conjunto de reportagens muito engraçado que vivamente aconselho.

Está tudo aqui.

6 de Abril, 2004 jvasco

O Cristianismo e as Mulheres

Vejamos alguns excertos da Bíblia acerca das mulheres:

“As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos, porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja” (1 Coríntios 14:34-35)

“A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação” (1 Timóteo 2:9-15)

“As mulheres sejam submissas a seus maridos como ao Senhor, porque o marido é cabeça da mulher como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, do qual ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim o estejam também as mulheres a seus maridos em tudo” (Efésios 5:22-24)

Há muito mais, e pode tudo ser consultado aqui.

***

E os teólogos e Santos cristãos, que é que pensavam sobre as mulheres? As seguintes citações podem lançar uma luz sobre o assunto:

“Abraçar uma mulher é como abraçar um saco de esterco” (São Odo de Cluny, monge beneditino, 1030-1097)

“A mulher está em sujeição por causa das leis da natureza, mas é uma escrava somente pelas leis da circunstância… A mulher está submetida ao homem pela fraqueza de seu espírito e de seu corpo… é um ser incompleto, um tipo de homem imperfeito […] A mulher é defeituosa e bastarda, pois o princípio activo da semente masculina tende à produção de homens gerados à sua perfeita semelhança. A geração de uma mulher resulta de defeitos no princípio activo” (Tomás de Aquino, Summa Theologica, Q92, art. 1, Reply Obj. 1)

No século XII, Graciano, especialista em direito canónico, afirmou: “O homem, mas não a mulher, é feito à imagem de Deus. Daí resulta claramente que as mulheres devem estar submetidas a seus maridos e devem ser como escravas”

Disse S. Agostinho sobre a poligamia: “Ora, uma serva ou uma escrava nunca tem muitos senhores, mas um senhor tem muitas escravas. Assim, nunca ouvimos dizer que mulheres santas tivessem servido a vários maridos e sim que muitas serviram a um só marido … Isso não é contraditório à natureza do casamento” (De bono conjugali 17, 20)

De S.Clemente de Alexandria sobre as mulheres: “A exacta consciência de sua própria natureza deve evocar sentimentos de vergonha” (Paedagogus II, 33, 2)

“Se é bom não tocar uma mulher, então é ruim tocar uma mulher sempre e em todos os casos” (São Jerónimo, Epístola 48.14)

“A virgindade santa é melhor que a castidade conjugal. Uma mãe terá um lugar inferior ao da filha no Reino dos Céus porque ela foi casada e a filha é virgem. Mas se tua mãe foi sempre humilde e não orgulhosa, haverá algum tipo de lugar para ela mas não para ti” (São Jerónimo, teólogo romano, Sermão 354)

“A mulher é uma ferramenta de Satã e um caminho para o inferno (São Jerónimo)

“Por serem mais fracas na mente e no corpo [as mulheres], não surpreende que se entreguem com mais freqüência aos actos de bruxaria. […] a mulher é mais carnal do que o homem, o que se evidencia pelas suas muitas abominações carnais. E convém observar que houve uma falha na formação da primeira mulher, por ter sido ela criada a partir de uma costela recurva, ou seja, uma costela do peito, cuja curvatura é, por assim dizer, contrária à retidão do homem. E como, em virtude dessa falha, a mulher é animal imperfeito, sempre decepciona e mente. (Malleus Maleficarum, p. 116)

“Mulheres não deveriam ser educadas ou ensinadas de nenhum modo. Deveriam, na verdade, ser segregadas já que são causa de horrendas e involuntárias erecções em santos homens” (Santo Agostinho)

6 de Abril, 2004 jvasco

3000 Visitantantes

E desta vez, para variar, comemoramos mais um marco no número de visitantes com uma citação de um membro do Clero:

“Afirmar que a Terra gira em torno do Sol é tão errado quanto dizer que Jesus não é filho de uma virgem” (Cardeal Bellarmino em 1615, durante o julgamento de Galileu)

4 de Abril, 2004 jvasco

Vagueando

Enquanto vagueava pela net encontrei esta imagem:

Embora a imagem seja um ataque ao Ateísmo e à descrença em geral, acho-a extremamente engraçada e concordo com a ordem dos degraus. Conotar o percurso com o modernismo, que nos trouxe enormes aumentos na taxa de alfabetização, grandes processos descolonizadores, sufrágio universal, voto para as mulheres, enormes avanços na Ciência, na saúde e na qualidade de vida também me parece apropriado, já que existe uma relação forte entre ambos.

4 de Abril, 2004 jvasco

Causa Primeira

A maior parte dos crentes admite que é impossível provar a existência de Deus. Alegam que faz sentido crer, mesmo sem provas, atitude essa que já critiquei no meu artigo “Crença, Racionalidade e Fé”.

Existe uma minoria de crentes que, pelo contrário, acredita que se pode provar a existência de Deus. Tendo em conta que considero que a existência de um Deus pessoal (como o judaico-Cristão, Alá, etc…) tem aproximadamente o mesmo grau de plausibilidade que a do Pai Natal, a existência dessa minoria é algo que me deveria espantar, não fosse o facto de estar já acostumando à sua existência.

Mas será que as “alegadas provas” são mais do que argumentos com falhas lógicas, premissas questionáveis, afirmações sem fundamento? Considero que não. Mas importa considerá-los.

O argumento

Já vi muitas formulações e variações deste argumento.

A ideia geral é partir da pergunta “O que é que deu origem ao Universo?”. Caso a pergunta tenha uma resposta do género “foi X”, perguntar-se-á: “E o que é que deu origem a X?”. Argumenta-se que a Ciência sempre esbarrará nesta pergunta, mesmo que descubra a resposta para um ou dois passos intermédios, e que a única resposta satisfatória e definitiva é “Deus criou o Universo”.

A refutação

A refutação é simples: basta perguntar “O que é que deu origem a Deus?”. Claro que o crente responderá. Mas a resposta usa artifícios que desafiam a lógica – “Deus criou-se a si próprio”, “Deus sempre existiu” ou “Deus criou o Universo juntamente com o tempo, por isso não faz sentido falar em termos cronológicos na situação que antecede a criação” ou mesmo “Deus está fora do tempo, pelo que não teve de ocorrer a criação dele” são respostas “típicas” para esta pergunta.

A grande questão é que qualquer destas respostas seria inadmissível da parte do outro interlocuctor como resposta satisfatória para o Universo: “O Universo criou-se a si próprio”, “O Universo sempre existiu”, “O tempo surgiu com o Universo, pelo que não faz sentido falar em termos cronológicos na situação que antecede a criação”, ou mesmo “O Universo abarca todos os tempos, pelo que não é objecto de uma análise cronológica além da singularidade que lhe deu origem” seriam respostas JUSTAMENTE consideradas insatisfatórias.

A única razão que leva alguém a acreditar que este argumento faz sentido é a duplicidade de critérios que quase que aceitamos intuitivamente – espera-se que o Universo se comporte de forma lógica e racional, e que as respostas acerca deste sejam lógicas e coerentes para serem satisfatórias, mas ninguém espera que Deus tenha de se comportar dessa forma, chamando a todos os paradoxos incoerências e outras respostas erradas do ponto de vista lógico “mistérios”.

Análise – Religião como analgésico para a curiosidade

À pergunta “O que é deu origem ao Universo” pode dar-se uma ou outra resposta. Mas se nos perguntarem o que é que deu origem a isso vamos chegar a um ponto em que a resposta mais sensata é NÃO SEI.

Os seres humanos não gostam de sentir que não compreendem o mundo que os rodeia. Por isso têm duas atitudes possíveis perante os mistérios que não compreendem:

1- Tentam compreender

2- Tentam pensar noutras coisas

Considero a primeira atitude a mais saudável e profícua. A Ciência e a Civilização nascem dessa atitude perante o incompreendido.

No entanto, o caso exposto é uma das situações em que a Religião faz o oposto: em vez de ir à procura daquilo que deu origem ao Universo, admitindo a sua ignorância enquanto não tem a resposta, a Religião limita-se a “inventar” uma resposta cheia de paradoxos e incoerências lógicas às quais chama mistérios que classifica de profundos. Para ideias que nem sequer podem ser consideradas racionais, a Religião classifica-as gratuitamente de estarem “além da racionalidade”. Uma verdadeira promoção da preguiça intelectual!

Claro que isto não é novo. A Religião sempre encorajou a atitude 2, quer quando atribuía a Prometeu o fogo, quer quando atribuía a Thor o trovão, quer quando atribuía a Anubis as cheias do Nilo e a Seth a secas. A Ciência foi descobrindo a causa das coisas e a Religião foi recuando para os campos aos quais a Ciência AINDA não responde.

Actualmente o uso do argumento da causa primeira mostra claramente que esta dinâmica ainda se mantém!