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Mês: Abril 2025

14 de Abril, 2025 Onofre Varela

Ainda sobre o Humor

De entre dezenas de frases sobre a importância do humor, vou citar duas delas. A primeira serviu de título a uma notícia sobre Saúde, publicada no jornal espanhol  “El País” há um quarto de século (em Novembro do ano 2000) e diz: “o riso protege o coração”; sublinhando que “um estudo indica que as pessoas com doença cardíaca se riem menos”; e acaba por advertir: “o humor previne o enfarte do miocárdio”.

Em face disto, muito provavelmente os médicos ainda vão adoptar (se ainda não adoptaram) esta frase preventiva de doenças cardíacas: “Faça exercício, coma bem e ria-se várias vezes por dia”.

O estudo referido foi realizado por cardiologistas do hospital da Universidade de Maryland, em Baltimore (EUA) e refere uma frase antiga dita pelos avós de passadas gerações: “O riso é a melhor medicina”. A capacidade de rir pode influenciar hábitos em sociedades desenvolvidas onde a doença cardíaca é a principal causa de morte.

Michael Miller, então director do hospital da Universidade de Maryland, disse ainda: “Sabemos que fazer exercício físico, não fumar e ingerir alimentos com baixo teor de gorduras saturadas, reduz o risco de contrair doenças cardíacas. Talvez devêssemos acrescentar à lista o hábito de rirmos frequentemente e de maneira franca”.

Para além dos médicos cônscios do valor do riso na melhoria e manutenção da saúde, outros profissionais de actividades com peso nas sociedades esclarecidas – como escritores e filósofos – também sugerem o riso como uma das melhores receitas para a prevenção de doenças e, quiçá, para ajudar à longevidade. É o caso de Jean-Claude Carrière, escritor e guionista francês (falecido em 2021 com 90 anos de idade) mundialmente conhecido pela sua colaboração com Luis Buñuel e por, de entre os vários livros de que é autor, ter escrito um com conversas mantidas com o Dalai Lama. É dele a segunda frase anunciada no início deste texto: “A única maneira de sobreviver ao poder, é rir”. 

Dizia Buñuel que um dia sem rir é um dia perdido… e defendia o “riso subversivo”, o qual é “rir-se contra algo”. De certo modo, este “riso subversivo” é utilizado pelos cartunistas, pelos actores de “Stand up Comedy” e pelos autores do Teatro de Revista na apreciação bem humorada de atitudes políticas que só provocam tristeza e choro quando são entendidas, apenas, pela nódoa vivencial que realmente representam.

O papel do humor é usar a ironia como elemento de luta contra o poder, juntando-lhe, também, o absurdo.

Disse Jean-Claude Carrière que “historicamente o humor tem servido para combater os bispos e os militares” e que “rir é uma atividade gratuita, saudável para o corpo e para a alma, e não requer educação específica”. Todo o mundo pode praticá-lo sem precisar de uma licenciatura!

Para Carrière, as histórias “com moral” eram demasiadamente básicas e sem profundidade. Preferia as histórias filosóficas… “mas sem filósofo… populares, cândidas e ambíguas”.

É sabido que em todas as épocas e em todo o mundo o humor é perseguido e condenado por ditadores, sejam políticos ou religiosos. Política e Religião são duas actividades humanas muito praticadas por ditadores convencidos de que representam a razão e a verdade, e que só eles têm direito à palavra e à acção, encarcerando e assassinando quem não diz amen consigo.

Gerado por IA

Ainda hoje assim é neste nosso mundo contemporâneo, comandado por sociedades que se afirmam tão avançadas no conhecimento e na técnica, mas que se apresentam tão atrasadas na prática da Humanidade que deveriam ter… mas nunca têm!

O nosso riso é a nossa arma perante essa enorme colecção de imbecis que imaginam comandar-nos.

5 de Abril, 2025 Onofre Varela

A importância do Humor nas nossas miseráveis vidas…

«Se o homem não compreende a graça, está perdido! Deixa de ser verdadeiramente inteligente, mesmo que tenha todos os talentos».

Estas palavras do grande escritor russo Anton Tchekov são frequentemente citadas como prova de que o sentido de humor é um elemento importante da inteligência.

Quando alguns políticos e religiosos (principalmente estes… de entre outras castas de “gentinha”) se insurgem contra considerações bem humoradas sobre os seus actos cometidos em sociedade, estão a sublinhar a imensa falta que têm da inteligência referida por Tchekov.

Uma das principais funções do humor consiste em garantir-nos a estabilidade psicológica nas situações difíceis. É isto mesmo que se observa hoje com tantas piadas nas redes sociais referindo a actuação política do perigoso, patético, piadético, bobo, ignorante, estulto, estúpido, fátuo, idiota, imbecil, inepto, lerdo, néscio, palerma, parvo e tolo, também reconhecido pelo nome aproximado a um desenho animado de Walt Disney; Donald Trump… à frente da governação da maior potência do mundo, para cuja função usa um minúsculo resquício de massa cinzenta mal amanhada, que foi o que lhe calhou no refugo da sorte do seu nascimento, nivelando-o pelo pensamento mais irracional de líderes tribais mais rascas e fatelas, oriundos de países da profunda África mais selvagem, ou de perdidas ilhas polinésias para lá do cu do mundo!

Para que um caricaturista, cartunista ou sátiro das personalidades públicas, consiga desempenhar o seu papel de crítico social, ele tem de saber apreciar correctamente os acontecimentos… mas, logo a seguir, terá de se desligar deles ou procurar um ponto de observação suficientemente distanciado para não ser maleficamente atingido pelos actos que lhe vão merecer a crítica que escreve ou desenha.

Só assim se consegue reestruturar o sentimento e ultrapassar as emoções desagradáveis, tornando-nos capazes de sorrir com aquilo que, ainda há poucochinho… nos dava vontade de chorar.

Há uma extensa literatura publicada sobre Bernard Shaw, o ilustre autor dramático irlandês, cujo sentido de humor o tornou lendário. Um dos vários casos que lhe são atribuídos, conta assim:

«Um dia, o escritor, então já de idade bastante avançada, foi atirado ao chão por um ciclista demasiado impetuoso. Por felicidade, nada de mais grave aconteceu. Quando o culpado do acidente, confuso, pediu desculpas, Bernard Shaw interrompeu-o: “Você tem realmente pouca sorte. Com um pouco mais de energia, teria entrado na História como o meu assassino».

Poucos são aqueles que saberiam manter o sangue frio em tal situação e debitar um discurso de humor em vez de recorrer à raiva, ao insulto e a recriminações perfeitamente inúteis para aquele acontecimento específico e naquele dado momento.

Portanto, fique-se com esta, prezado(a) leitor(a): uma das funções do sentido de humor consiste em assegurar um estado de espírito equilibrado em situações que, de satisfatório… nada têm!

Não há nada melhor do que aprendermos a rir e nós próprios, em vez de nos considerarmos os mais certos e seguros de tudo quanto é coisa ou é gente neste mundo… ou no outro!…