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Ateísmo e Educação

Quando fiz um comentário a um artigo qualquer, referi umas estatísticas acerca da relação entre o Ateísmo e uma melhor educação/formação e um superior comportamento moral.

I – As pessoas em geral não duvidam que, de facto, existe uma correlação positiva entre a educação e o Ateísmo. Lembramo-nos que nos períodos da história com maiores taxas de analfabetismo foi quando o Ateísmo era completamente desprezável e temos a consciência que o crescimento do Ateísmo acompanhou o crescimento das taxas de alfabetização. As pessoas também têm, em geral, a noção de que nos meios Académicos a percentagem de Ateus é superior à percentagem de Ateus na sociedade. Esta correlação não é, em geral, posta em questão nem por Crentes nem por Ateus, embora se possa questionar qual de dois motivos leva à existência de tal correlação:

a) Será que é uma “maior tendência para o Ateísmo” (consubstanciada numa personalidade com espírito crítico, gosto pela reflexão, curiosidade, etc…) que leva a que o indivíduo em questão adquira uma formação mais avançada?

b) Será que é a educação, treinando o espírito crítico, fazendo as pessoas encararem ideias diferentes, encorajando um debate livre e sério, fazendo entender o funcionamento do método científico, que encoraja o Ateísmo?

c) A correlação não prova nada, nem mostra que o Ateísmo é desejável. Também existe uma correlação entre a educação e a probabilidade de fumar canabis nas sociedades ocidentais, além da correlação existente entre educação e probabilidade de se suicidar.

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Em geral o debate parte de I e centra-se na discussão entre a), b) e c). Os Crentes costumam alertar para c) e os Ateus podem acreditar mais em a) ou b) consoante o indivíduo em questão. Eu acho que a) ou b) são igualmente verdadeiros.

Mas o “Atento” duvidou de I. E pediu-me estatísticas.

Como acredito no valor do espírito crítico, só podia respeitar o pedido dele, e prometi que só voltaria a escrever neste blog quando tivesse encontrado tais estatísticas. Nem sabia aquilo em que me estava a meter…

O que se passa é que eu já tinha visto as estatísticas. Mas não na Internet… em papel, e já nem sabia onde estava a maioria das minhas referências.

Eu queria encontrar várias coisas:

1-Uma distribuição actual das taxas de analfabetismo por país. Encontrei um relatório da UNESCO aqui.

2-Uma distribuição da percentagem de Ateus por país. Encontrei estes dados.

Com estes dados já poderíamos tirar algumas ilações e sustentar parte das conclusões que afirmei. Mas eu queria mais.

3- Estatísticas sobre a evolução das taxas de analfabetismo. Procurei muito, muito muito. Não encontrei dados acerca das taxas de analfabetismo ou qualquer outro indicador da educação inferior a 1970…

4- Estatísticas sobre a evolução do ateísmo ao longo da história. Eu poderia recomendar as fontes onde tinha visto a evolução do Ateísmo mundial ao longo do último século, mas sem as hiperligações respectivas (o livro “A Guerra das Civilizações” vai buscar esses dados a uns artigos de jornais de referência que poderei referenciar se alguém estiver interessado). Mas na Internet, por mais que procurasse, não encontrei nada.

Os dados 3 e 4 não eram necessários para sustentar qualquer afirmação que já não pudesse ser sustentada pelos 1 e 2. Mas seriam um complemento muito útil. Lamento muito não ter encontrado. Se alguém encontrar, agradeço que coloque nos comentários deste artigo.

5- Estatísticas que mostrasem a relação entre a formação Académica de um indivíduo e a probabilidade de ser Ateu. Estava à espera que fosse impossível encontrar isso na internet, principalmente depois dos meus insucessos à procura de 3 e 4 (que esperaria serem muito fáceis de encontrar). No entanto, encontrei isso e muito mais. Ora vejam ISTO.

São estatísticas sobre “Inteligência e crenças Religiosas”. Todos referenciados, tem dezenas de estudos científicos sobre esta temática. E quais são as conclusões gerais? Vou citar (e traduzir) parte:

“Porque é que esta correlação [entre educação e ateísmo] existe? A primeira resposta que nos vem à cabeça é que as crenças religiosas tendem a ser menos lógicas ou incoerentes do que crenças laicas […]. Mas tal explicação será seguramente rejeitada por pessoas religiosas, que procurarão outras explicações e racionalizações.”

Confirmem. Vão lá à página e vejam por vocês.

Como bónus ficamos a saber que, enquanto entre a população em geral (cerca de) 10% das pessoas não acredita em Deus, entre os Cientistas essa percentagem é de 60%. Entre os Físicos essa percentagem é de 80% (estou espantado, diria que era maior!).