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Mês: Fevereiro 2009

28 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Mais sincero do que Bento 16

GENEBRA (AFP) — O Superior Geral da Fraternidade São Pio X, Bernard Fellay, negou a disposição de reconhecer o Concílio Vaticano II, como pede a Igreja Católica para aceitar totalmente essa comunidade fundamentalista depois do levantamento da excomunhão de quatro de seus bispos.

28 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

B16 – Autocrata contestado

De Roma para a BBC Brasil Quatro anos após ser eleito, o Papa Bento XVI está enfrentando críticas cada vez mais frequentes de teólogos, analistas e religiosos dentro e fora da Igreja Católica, que o acusam de ter um estilo recluso e liderar a Igreja de forma autoritária.

27 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Cheiro a comissão liquidatária

Cidade do Vaticano – O ex-secretário de Estado do Vaticano Angelo Sodano expressou quarta-feira “amargura” pelas declarações do teólogo dissidente Hans Kung, de que a Igreja pode converter-se numa seita, afirmações que diz serem “genéricas e não provadas”.

26 de Fevereiro, 2009 Luís Grave Rodrigues

Confissão

 

26 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

As religiões e a liberdade

A religião continua a ser um feudo difícil de abordar, uma reserva protegida por medos, um espaço imune à crítica e defendido do escrutínio.

Pode criticar-se uma ideologia política, um sistema filosófico ou, até, uma evidência científica mas pôr em dúvida que o arcanjo Gabriel ditou o Alcorão a Maomé , entre Medina e Meca, ou que Moisés recebeu de Deus os Mandamentos, no Monte Sinai, é motivo de crispação e ameaças.

Em épocas de crise, quando a insegurança das pessoas procura arrimo no sobrenatural, as religiões ganham força e os descrentes são olhados com desconfiança e raiva. Os bruxos, quiromantes e outros profissionais de ofícios correlativos também expandem o negócio, nestas alturas, mas o sobrenatural é um domínio que é arriscado devassar.

Há nestes desvarios místicos diferenças substanciais entre as três religiões monoteístas que concorrem no mercado da fé. O judaísmo, embora assente no poderio financeiro e no destemperado imperialismo sionista, reduz-se a menos de quinze milhões de pessoas e não tem carácter prosélito.

O cristianismo, com o catolicismo a descambar para o anti-semitismo de raiz fascista, e as Igrejas protestantes num processo de atomização progressiva vão perdendo influência graças à secularização e, sobretudo, à liberdade que lhes faz pior dano do que a lixívia às nódoas. Apenas o cristianismo ortodoxo vive a euforia prosélita da aliança com o poder político, vício que se manteve no período soviético.

Já o islamismo, para desdita dos crentes, continua a pensar que não há mais mundo para além da fé, nem leis que o Corão não contemple. Sendo, como é, um plágio grosseiro do cristianismo, sem contaminação da cultura helénica e do direito romano, apresenta-se como um monoteísmo implacável, servido por uma ideologia guerreira e uma legião de serviçais violentos e vingativos.

A Europa confunde o respeito que os crentes merecem com as abomináveis crenças que discriminam a mulher e defendem amputações, vergastadas e lapidações. Só quem não leu a Bíblia e o seu plágio – o Corão – é que não vê a origem do mal que nos aflige nas determinações divinas que a democracia execra e a civilização abomina.

Mas enquanto fizermos de conta que os abomináveis livros são bons, os crentes radicais é que são maus, não acharemos saída para a ameaça que paira sobre a nossa civilização.

Já basta a crise cujo fim não se vislumbra.

26 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Reacções ao Comunicado da AAP

Notícia do DN

Notícia do DN

2 – O programa [RDP Antena 2] que ocupa o espaço entre as 7 e as 10 tem um colaborador, o Pedro Malaquias, que, por três vezes vem ao microfone ler uma crónica que faz com base na
consulta dos jornais. Hoje ele falou desta notícia do DN.

(O. V.)

3 – Aos sócios da AAP:

Concordo totalmente com o teor deste comunicado.
Lamentavelmente, esta canonização traz água no bico…
De facto é vergonhoso para Portugal que a figura de um grande cabo de guerra da História tenha sido santificado  por, ao ser evocado, ter pretensamente curado uma senhora num acidente de cozinha… É evidente o ridículo e a desproporção entre a personalidade histórica e a falsa cura…

Quero lembrar que a figura de Nuno Álvares serviu para um movimento pro-fascista do tempo da ditadura de Sidónio Pais que pretendia a canonização! Decorreu o movimento na mesma época da encenação do milagre de Fátima, esta sim, de grande êxito. Nem o Salazar quis participar na palhaçada radical e monárquica desta canonização. É agora o Vaticano que, fora de tempo, realiza esta canonização fútil que apenas serve a forças ultraconservadoras derrotadas há muito… Este papa tem mostrado uma completa inaptidão em ajustar ao catolicismo aos tempos modernos, prolongando a sua agonia como entidade que conserva irracionalmente uma enorme quantidade de lixo histórico que inquina os rituais religiosos!

Vamos assim… (C. S. F.) – Sócio da AAP

4 – Há manifestações de simpatia e insultos em vários blogues.

25 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa

Assunto: A canonização de Nuno Álvares Pereira

COMUNICADO

À Comunicação Social

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com a canonização de Nuno Álvares cuja antiguidade começa a contar a partir de 26 de Abril.

A AAP entende que o prestígio do condestável não se altera com o milagre que lhe foi adjudicado mas Deus podia mais facilmente ter evitado os salpicos de óleo que atingiram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, e a consequente «úlcera da córnea, uma coisa gravíssima» – segundo o cardeal Saraiva Martins –, do que ter de a curar para o beato virar santo.

Um vulto histórico, da dimensão de Nuno Álvares, não se engrandece com a cura de uma queimadela ocular quando há tantos amputados a quem o crescimento de uma perna facilitaria a vida e era mais relevante para o seu prestígio.

A AAP duvida da capacidade do guerreiro para actuar como colírio e fica surpreendida por se ter lembrado dele a D. Guilhermina que, em vez do desabafo habitual, quando um pingo de óleo fervente atinge um olho, recorreu à intercessão de um taumaturgo, sem antecedentes no ramo, para lhe salvar a visão.

Há nesta maratona pia uma sucessão de coincidências suspeitas. Começou pelo facto de a D. Guilhermina ter optado por fritar peixe em vez de assá-lo; perante a dor que se adivinha, em vez de recorrer a uma expressão que não cura, mas alivia, ter pedido a intercessão de quem precisava do milagre para ser promovido a santo; ter dado conhecimento à Igreja católica e estar na presidência da Prefeitura da Causa dos Santos o experimentado pesquisador de milagres e criador de santos, o cardeal Saraiva Martins; finalmente, haver no Vaticano médicos para certificarem a cura do olho e, em Lisboa, devotos à espera do novo santo.

Só quem sabe distinguir a água benta da outra pode rubricar um milagre que, não sendo excepcional, foi o que se arranjou. O patriarca Policarpo preferia que D. Nuno fosse dispensado das provas públicas do milagre mas resignou-se com a exigência papal; o presidente da República já anunciou a sua satisfação, certamente a título pessoal, e a Pátria, angustiada com a crise, ficou estupefacta.

Os espanhóis que, durante muitos anos, não toleraram a santidade do carrasco que os humilhou nos Atoleiros, em Aljubarrota e em Valverde, têm agora tantos santos que não ligam à elevação de D. Nuno aos altares.

Durante os dois últimos pontificados emergiu um tsunami de santidade que exumou os cemitérios da catolicidade em busca de taumaturgos. O folclore dos milagres é certamente uma forma de propaganda religiosa mas a AAP, temendo estar perante uma burla com a conivência das mais altas instâncias do poder, quer saber:

1 – Quem foram os médicos que comprovaram o milagre;

2 – Qual o critério para o atribuir a D. Nuno;

3 – Que exames mostram o olho esquerdo da D. Guilhermina antes e depois do milagre;

4 – O que pensa a Ordem dos Médicos portuguesa sobre o acto clínico de D. Nuno.

A Associação Ateísta Portuguesa não será cúmplice, com o seu silêncio, da manobra obscurantista em curso e, por isso, a denuncia.

Apela ao espírito crítico dos portugueses para não crerem em afirmações sem provas e não confundirem a superstição com a realidade.

Recorre ainda à comunicação social para prevenir os simples da manipulação, acautelar os frágeis contra a crença de que as dificuldades se resolvem com milagres e advertir os compatriotas de que as soluções se procuram com quem está vivo e não com quem é defunto há séculos.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 24 de Fevereiro de 2009