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Mês: Abril 2006

30 de Abril, 2006 Ricardo Alves

É devido um agradecimento

Em primeiro lugar, é devido um agradecimento especial ao Daniel Cachapa por ter resolvido os problemas técnicos que afastaram o Diário Ateísta do convívio com os seus leitores durante praticamente quatro dias.

Em segundo lugar, apresentamos as nossas desculpas aos nossos leitores, e muito particularmente à pequena comunidade que nos acompanha nas caixas de comentários, pela interrupção na emissão. Infelizmente, por enquanto apenas o blogue voltou a estar acessível.

Em terceiro lugar, garanto-vos que embora a causa última da interrupção permaneça desconhecida, nenhum de nós passou a acreditar no sobrenatural…

30 de Abril, 2006 pfontela

Do Império Ocidental e do primado papal

Uma das mais velhas pretensões da Igreja Católica, e mais precisamente do papado, é a da universalidade do seu domínio sobre a fé cristã. Tal princípio não é apenas um ponto importante mas a base essencial das suas acções políticas ao longo de séculos. Mas obviamente o facto de ser importante ou fundamental não significa que seja inegável.

É aceite que a maior ameaça a esta posição veio do verdadeiro herdeiro do Império romano, o Imperador de Bizâncio. O Império Bizantino conseguia conjugar três conceitos importantes: o Helenismo, o Romanismo e o Cristianismo; todos juntos explicam a verdadeira posição do Oriente no mundo medieval imediatamente após a queda de Roma. O Imperador Oriental era considerado o autocrata a quem a divindade havia dado o poder absoluto para governar o mundo romano e cristão. Interna e externamente era o único monarca verdadeiramente autónomo.(1)

Esta autonomia tem duas vertentes e no seu lado interno significava que tudo o que se passava dentro do Império era assunto do Imperador, o que obviamente incluía o cristianismo – que nesta altura já tinha sido absorvido pela máquina administrativa do estado. Em última análise todas as questões eclesiásticas seriam resolvidas pessoalmente pelo Imperador. Externamente a autonomia significava que não poderia existir nenhum outro governante além do Imperador Bizantino que pudesse legitimamente pretender ser senhor do mundo (dominus mundi).

Ora quando no século V d.c. o papado começou a tornar evidente a sua rejeição da posição do Imperador enquanto vice-regente de Deus na Terra criou um primeiro cisma (muitos mais viriam até à separação final e total). Esta oposição do papado à interferência do Imperador em assuntos eclesiásticos equivalia pura e simplesmente a laesio divinae majestatis (crime de lesa majestade divina), o que em termos seculares seria julgado como alta traição. É bastante claro que o papado só pode tomar esta “brava” decisão depois da extrema decadência e queda do Império do Ocidente, já que antes dessa data não passava de um súbdito imperial. Com o abandono romano (e grego) da península italiana os laços de dever perderam força e o papado não encontrou ninguém que verdadeiramente se pudesse opor às suas pretensões (apesar de os bizantinos terem por várias vezes tentado recuperar algumas das suas províncias ocidentais foram esforços que no fim se revelaram inúteis). A queda da civilização romana ocidental tornou a Igreja corajosa. Mais que corajosa, ambiciosa.

Com o tempo os representantes da Igreja encontraram a disponibilidade e os argumentos que acabariam com qualquer laço de dependência, teórica ou real, para com Bizâncio. A principal acção neste campo foi a (re)criação de um Imperador ocidental. Tal posição não existia de forma natural, de facto não passa de uma criação papal – como poderia racionalmente existir um segundo monarca com plena autonomia se o único que poderia reclamar esse poder por tradição ainda se encontrava vivo? Os próprios requisitos para ascender ao cargo (tal como Carlos Magno em 800 d.c.) eram a lealdade para com Roma e aceitação implícita do primado romano face ao Oriente e aceitação explícita do primado político do papa no Ocidente (já que o cargo era outorgado pela autoridade religiosa é natural que, em última análise, o poder secular dependesse dela em todas as esferas).

Estes foram os primeiros passos da luta de independência papal face ao único e verdadeiro herdeiro do Império Romano: Bizâncio. Mais tarde os próprios reis germânicos que tinham abraçado a causa papal como justificação do seu poder dinástico no interior dos seus reinos e como desculpa para se expandirem (o caso mais gritante é expansão alemã para leste, esmagando os povos eslavos em nome da expansão da influência “espiritual” de Roma) encontraram-se presos nas amarras que criaram – as décadas de luta entre os Hohenstaufen e os papas são o caso mais claro; infelizmente para os líderes germânicos a sua luta por independência foi um rotundo fracasso e acabaram por ter que literalmente arrastar-se aos pés do papa e implorar por perdão.
Mas em política e teologia as coisas mudam e sem poder físico para a manutenção das pretensões estas não passam de birras de governantes despojados de toda e qualquer relevância. Quer falemos do papas quer dos Imperadores Orientais a dominância das suas posições só foi uma realidade enquanto conseguiram manter uma supremacia política e militar nas respectivas áreas de influência. O velho adágio que diz que a História é escrita pelos vencedores mostrou-se mais uma vez correcto.

(1) W. Ullmann – Mediaeval Political Thought
30 de Abril, 2006 Carlos Esperança

Coimbra – terra de fé

Os padres que criaram Deus não fizeram obra asseada. Adquiriram o meio de produção que lhes alimentou necessidades e vícios, um instrumento de terror que lhes manteve o poder e o medo, um algoz que lhes permitiu as malfeitorias de que só o clero é capaz.

No princípio, Deus, a troco de oferendas, sacrifícios e outras tolices, atendia os pedidos de chuva, sol e bom tempo, de acordo com a quantidade das orações e o desvario dos crentes.

Depois, a senilidade fê-lo mandar chuva quando a hortaliça necessitava sol e canícula quando o orvalho fazia falta. Na sua demência o Padre Eterno castigou os povos com tremores de terra, tufões e maremotos, com epidemias, pragas, fome e doenças.

As habitações não aguentavam o mau humor divino e os materiais eram impotentes para lhe fazer frente e as pessoas deixaram de aturar o sadismo do Todo-Poderoso.

Deus está cada vez mais surdo aos pedidos humanos e, em particular, aos dos padres. Ou conhece melhor a cáfila ou morreu sem que alguém reclamasse a certidão de óbito.

De Coimbra, o bispo Albino Cleto vai levar um bando de 5 mil crentes a Fátima, nos próximos dias 7 e 8, a pé, de bicicleta e de autocarro, a pedir a Deus que interceda pela falta de vocações sacerdotais. A média etária dos padres da diocese de Coimbra é de 69 anos.

Claro que, se Deus soubesse da aflição do Bispo já lhe tinha enchido o seminário. Não o obrigava a ir a Fátima onde a Virgem pousou nas azinheiras sem ter esfolados as partes pudendas, para ensinar à Lúcia o truque para apaziguar Deus e converter a Rússia.

Mas é de crer que Deus, farto dos Papas que alimentaram a burla de Fátima, tenha fugido com vergonha e não esteja lá para escutar a angústia dos crentes que sobram, do bispo que resiste e da Igreja que aguarda que a enterrem.

29 de Abril, 2006 Carlos Esperança

O Papa e o preservativo


Há quem pense que a maior abertura do Papa ao preservativo (salvo seja) se deve à descoberta de que a pastilha elástica que costumava mascar, com sabor a morango, não era uma pastilha.

Aliás, em matéria de tolerância, a ICAR vence os mullahs e os ayatollahs. Os Papas da Idade Média eram devassos e libertinos, não perdiam o tempo a ler o breviário nem a Bíblia. Deus era mero pretexto para alimentar a pompa e circunstância em que viviam.

Os Bórgias tornaram-se tão célebres com as suas orgias que, ao pé deles, Bento 16 é um menino de coro com destino à santidade. Se tivessem uma fé tão exacerbada quanto as hormonas, fariam inveja aos anacoretas que se isolaram para estar a sós com Deus.

O ardor com que os Papas da Inquisição esturricavam hereges vinha-lhes do entusiasmo místico, da volúpia com que escorropichavam as galhetas e chupavam as rodelas de pão ázimo. O corpo, salvo o próprio, era um recipiente imundo de que urgia libertar a alma.

No Vaticano, um antro de vícios e intrigas, continuam os Papas a ocupar vitaliciamente o lugar, ultimamente sem que a Cúria lhes abrevie o sofrimento e lhes antecipe o fim.

Têm a obsessão do sexo e defendem a castidade, sonham orgasmos e execram o prazer, evitam a reprodução própria e incitam os outros à prossecução da espécie.

Sob a mansidão das falas é preciso estar atento à peçonha que brota do bairro de 44 ha, onde não há maternidade mas se reproduzem bispos, onde mingua a transparência e sobeja a intriga, onde a perfídia não impede o fabrico de santos nem as orações escondem a sede de poder temporal.

25 de Abril, 2006 Palmira Silva

Teologia em tempo de SIDA

A condenação católica do uso de preservativos, «tanto como medida de planeamento familiar, como em programas de prevenção da SIDA», associada a campanhas de mentira deliberada sobre o seu uso, nomeadamente em África em que responsáveis locais, para além de organizarem orgias de fé em que tentam agradar ao Senhor queimando preservativos, asseveram que é o preservativo o culpado pela disseminação da SIDA, tem sido desde sempre alvo de críticas, inclusive da Organização Mundial de Saúde.

Agora chegam-nos notícias de que Ratzinger pediu a um grupo de teólogos e cientistas (espero que o Opus Dei Alfonso López Trujillo, o tal que diz que o vírus é suficientemente pequeno para passar pelos poros (?) dos preservativos, não esteja incluído no grupo) para prepararem um documento que analise e discuta o uso de preservativos como forma de prevenir a transmissão do HIV.

O pedido foi divulgado escassos dias depois de o cardeal Carlo Maria Martini, um candidato «liberal» – logo sem hipóteses – ao trono papal em Abril do ano passado, ter desafiado a posição oficial da ICAR sugerindo que o preservativo era um «mal menor» no combate à SIDA.

Considerando não só a posição de Ratzinger sobre o tema como também o peso que a Opus Dei , de que o actual Papa é um grande fã, tem actualmente no Vaticano e sabendo ainda que o objectivo desta sinistra seita é a imposição a todos, via a sua influência política, dos ditames mais retrógrados e inflexíveis do Vaticano no que respeita às mulheres, sexualidade e saúde reprodutiva, acho que não devemos esperar alterações radicais na posição católica em relação ao uso do preservativo na profilaxia da SIDA.

Não esquecendo ainda que na sua alocução em Junho último aos bispos católicos de África Bento XVI reiterou a posição do Vaticano (e a sua enquanto Ratzinger) quando afirmou que a abstinência era a única forma de combate à SIDA e que o Vaticano cancelou a participação da cantora Daniela Mercury no concerto de Natal, porque a cantora, embaixadora da Unicef e da UNAIDS (programa da ONU para o HIV/SIDA), participou em campanhas de combate à SIDA, em que defendeu o uso de preservativos como medida profiláctica deste flagelo.

De qualquer forma já seria uma grande vitória para a humanidade se os representantes do Vaticano no Terceiro Mundo pelo menos não disseminassem mentiras sobre os preservativos mas especialmente se permitissem não só a sua distribuição como uma educação correcta sobre o seu uso nos 100 000 hospitais e 200 000 serviços de saúde que controlam!

E pode ser que os teólogos agora convocados consigam produzir um qualquer sofisma, talvez análogo ao debitado em relação à moralidade da inoculação de crianças católicas com vacinas preparadas a partir de fetos abortados, sofisma que permita práticas «imorais», neste caso o uso do preservativo.

O que é certo é que mesmo que um «milagre» ocorra e o Vaticano adopte uma posição menos criminosa em relação ao uso do preservativo teremos de esperar uns séculos para ouvir um me(i)a culpa da ICAR em relação à sua contribuição para a disseminação do flagelo da SIDA.

25 de Abril, 2006 Palmira Silva

No simpathy for the devil

You call yourself a Christian
I think that you’re a hypocrite
You say you are a patriot
I think that you’re a crock of shit

Sweet Neo-con Escute Windows Media, M. Jagger/K. Richards

O hotel Imperial em Viena, Áustria, que em tempos hospedou Wagner, é considerado um dos melhores e mais luxuosos hoteis do mundo. Construído em 1863 para ser a residência na capital austríaca do príncipe de Württemberg, situa-se no Ring Boulevard, uma artéria imponente que circunda todo o centro histórico de Viena e onde se situam a Opera e boa parte dos museus nesta cidade.

Não é assim de estranhar que G. W. Bush tenha escolhido este hotel para a sua estadia em Viena em finais de Junho onde decorrerá o encontro anual da União Europeia-Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos foi obrigado a mudar a escolha de alojamento porque Mick Jagger se antecipou e reservou os quartos pretendidos por Bush, todo o primeiro andar, incluindo a Royal Suite. De acordo com uma fonte próxima de Jagger «O pessoal de Bush parecia convencido que eles [Jagger e a comitiva] lhes dariam as suites mas de forma alguma Mick faria isso».

Os Roling Stones estarão em Viena para um concerto que se realiza na véspera do encontro. Concerto em que é apresentado o último álbum dos Stones, «A Bigger Bang», em que Jagger critica… Bush e a guerra do Iraque! Nomeadamente na faixa Sweet Neo-Con, que a Virgin Records afirma conter «uma mensagem política acerca do moralismo na Casa Branca».

24 de Abril, 2006 Carlos Esperança

Viva o 25 de Abril. Sempre.

Há 32 anos floriram nos canos das espingardas cravos.

De madrugada, a longa ditadura fascista, apoiada pela igreja católica, soçobrou.

Desaparecidos os mecanismos de repressão que impunham o partido único, o Deus único e o pensamento único, a Igreja católica entrou em declínio. Esvaziaram-se os seminários, despovoaram-se as missas e, ao pavor do Inferno, o País preferiu os caminhos da liberdade.

Com a rarefacção das sotainas, o anacronismo da liturgia e o desvario dos dois últimos Papas, as aldrabices dos milagres parecem cada vez mais uma tentativa desesperada de conservar a fé dos supersticiosos e a sobrevivência dos embusteiros.

Viva o 25 de Abril. Viva a República. Viva a Liberdade.

24 de Abril, 2006 Palmira Silva

Talibanização da Malásia

Num país que é suposto ser um exemplo de um país islâmico com uma relação de sucesso com o mundo moderno e em que os 40% da população não islâmica são supostos coexistir pacificamente e em liberdade religiosa, a realidade actual nega completamente estas pretensões. A islamização da Malásia continua em marcha acelerada com a destruição de um templo centenário de outra religião.

Um templo hindu com 100 anos foi arrasado na passada sexta-feira pelas autoridades municipais de Kuala Lumpur. Mais um templo da religião mais antiga do mundo destruído pela fúria intolerante de religiões muito mais recentes e cujas mitologias foram largamente inspiradas nas mitologias védicas.

Outro exemplo de como as acções do governo estão de facto a caminhar para a islamização do país tem a ver com as «leis da decência», analisadas num artigo de Zainah Anwar, «Matéria de consciência, não de polícia».

Em que este relata como todos os malaios, independentemente da religião, são obrigados a seguir um código de conduta islâmico, arriscando-se a penas de prisão, punições físicas ou pesadas multas caso não o façam. Como uma cantora que foi acusada de «insultos ao Islão» por cantar num bar que serve bebidas alcoólicas ou dois colegas de escola, um rapaz e uma rapariga, que foram condenados a 25 vergastadas cada pelo crime de falarem um com o outro em público…

Mais preocupante ainda é tendência crescente de subalternização dos tribunais federais aos tribunais da Sharia, supostamente apenas aplicáveis à população muçulmana. O que na prática impede alguém de deixar o Islão uma vez que são estes tribunais que deliberam sobre casos de apostasia. Um caso que faz manchetes na Malásia é o de Lina Joy, que se converteu ao cristianismo em 1988 e continua a ser portadora de um bilhete de identidade que a identifica como muçulmana. Que se arrisca a ser presa se entrar numa igreja ou se não observar o jejum obrigatório no Ramadão. Para além de estar impossibilitada de se casar, com um não islâmico, uma vez que o registo civil apenas casa não islâmicos e oficialmente Lina Joy é muçulmana.

24 de Abril, 2006 Carlos Esperança

A ICAR e o referendo

O Sr. Maurílio Gouveia, arcebispo de Évora, assinou a petição que pede a realização do referendo sobre a Procriação Medicamente Assistida (PMA) e apela a que «todos colaborem nesta iniciativa», refere em entrevista publicada na Newsletter do Comité Pró-Referendo PMA» – informa a Agência Ecclesia.
O Arcebispo salienta que «as novas tecnologias aplicadas à procriação artificial não podem deixar de levantar problemas éticos graves…»

Seria oportuno aproveitar o referendo para que os portugueses se pronunciassem sobre «direitos» da ICAR, em assuntos de mais fácil compreensão, perguntando aos eleitores se concordam com:

– A confissão que devassa a vida privada e interfere abusivamente na vida dos casais;

– O cárcere privado exercido em conventos sem vigilância das autoridades policiais, instituições de saúde mental e inspecções do Ministério Público;

– O fabrico de hóstias em padarias não licenciadas para o eleito, sem inspecção sanitária, prazo de validade e código de barras;

– A manutenção de água benta infecta nas pias das igrejas sem recolha de amostras periódicas destinadas ao Instituto Ricardo Jorge;

– A proclamação de milagres, sempre no exercício ilegal da medicina, sem o parecer da Ordem dos Médicos;

– O recrutamento de padres, só do sexo masculino, em contradição com a Constituição e as leis da República que impedem qualquer tipo de discriminação em função do sexo.

24 de Abril, 2006 Palmira Silva

Salman Rushdie em boa forma

Salman Rushdie esteve em Minneapolis na semana passada e pelo relato parece estar em excelente forma:

À pergunta «Quem tem o direito de contar as nossas histórias e quem decide quem as conta» respondeu «Bem, está a falar de religião, não está? Religião consiste em algumas pessoas contarem histórias para o resto das pessoas, para nós».

Quando interrogado sobre que prática espiritual utilizava para escrever respondeu «Eu não tenho alguma prática espiritual. A palavra espiritualidade devia ser banida da língua inglesa pelo menos durante 50 anos… Uma palavra que perdeu o seu significado. Já não se pode passear o cão sem o fazer de uma forma ‘espiritual’, não se pode cozinhar sem falar em espiritualidade!»

Mas a melhor da noite aconteceu quando Rushdie afirmou «Todos os mitos da criação são disparates. O Universo não foi criado em seis dias mais um para descanso… O Cosmos não foi criado pelas faúlhas causadas pela fricção de dois úberes de vacas cósmicas…»