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Carlos Esperança

3 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

A Eucaristia

Em meados do século passado, a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia era uma evidência que ninguém ousava pôr em dúvida. O catecismo católico ensinava que a Eucaristia era o sacramento que debaixo das aparências do pão e do vinho, continha realmente Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo para alimento das almas.

Ensinava ainda que o pão e o vinho se tornavam Corpo e Sangue de Jesus no momento da consagração da Missa e que, depois da consagração não ficava já nem pão nem vinho, mas somente as respectivas espécies ou aparências, sem a substância.

Os substantivos escreviam-se em maiúsculas, fosse por influência da língua alemã ou para dar maior autoridade ao argumento.

É natural que o catecismo tenha sido adaptado pois os actuais aparelhos de detecção alcoólica podiam levantar suspeitas sobre a transubstanciação do vinho em sangue não sendo particularmente simpático para pios condutores e devotos agentes da Brigada de Trânsito.

O que pensaria um zeloso e temente GNR de um padre que não transformasse completamente em sangue de Cristo o vinho do Cartaxo? Que estaria bêbedo na altura da consagração, que tivesse esquecido o truque ou que fosse um falso ministro do culto?

Com os documentos de um padre na mão e o resultado do teste à frente dos olhos o agente perguntaria se não tinha, após as missas, recorrido ao bagaço como mata-bicho e, perante a negativa, entre o cumprimento do dever e a preservação da fé, entre o respeito ao sacerdote e a obediência ao código, entre a religião e o emprego, dilacerado pela dúvida, autuava o padre e alijava a fé.

Um dogma tão severo não pode estar à mercê do escrutínio de um agente da GNR. Uma prova tão decisiva da existência divina não pode sujeitar-se à ordem de um soldado de botas altas e à linguagem de caserna: «bufe». Cristo podia ter escolhido o pirolito ou o chá preto para a sua própria transubstanciação mas optou pelo tinto.

Pior ainda para ao dogma era ouvir um cabo perguntar ao sargento:

– que faço ao padre que vem da terceira missa a caminho de um casamento?

2 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

O Papa entrou de baixa

Ninguém, bem formado, se regozija com o mal alheio. A dor, o sofrimento e a morte podem ser um alimento da fé mas magoam as pessoas de bem. O ódio é um sentimento medíocre, que o proselitismo acirra, consequência da vocação totalitária que devora as religiões. Um ateu respeita o sofrimento, já um crente é capaz de provocá-lo para agradar ao seu Deus.

O internamento hospitalar do actual Papa católico é consequência do estado de saúde débil que há anos o acompanha, da avançada idade e do esforço despendido para alargar o poder e influência da ICAR. Há muito que a sua decrepitude é exibida e explorada pela Cúria romana para comover os incautos e promover a droga venenosa da fé católica.

É obscena a exploração do sofrimento como instrumento do marketing religioso. A exibição pública de um homem diminuído, com tremores e a babar-se, não é um acto de respeito pelo Papa, é um truque para inspirar compaixão, uma manobra para favorecer a imagem da ICAR que promove as chagas de Cristo há dois mil anos.

Agora aproveita-se a hospitalização de JP2 para promover maratonas de oração e manifestações de subserviência ao Vaticano. Chefes de Estado democraticamente eleitos dirigem-se ansiosos a saber novas da saúde do teocrata vitalício. É a hipocrisia na sua máxima apoteose, a insensibilidade perante os problemas do mundo postergados pela doença de um papa moribundo.

A doença que o aflige não faz dele uma pessoa de bem, um democrata ou um filantropo. JP2 tem sido um entrave ao controlo demográfico que ameaça a sobrevivência do planeta, um travão no combate à SIDA, um adversário da pesquisa de medicamentos a partir de células estaminais. No seu proselitismo exacerbado, tem sido um factor de perturbação em vários pontos do globo. Foi um dos principais responsáveis pela tragédia do desmembramento da ex-Jugoslávia, com a obsessão da Croácia católica; na América latina é um feroz adversário da evolução jurídica e social que contrarie os seus preconceitos; foi feroz a perseguir teólogos de esquerda e cruel para com as freiras violadas no Kosovo a quem obrigou a dar os filhos para a adopção ou a serem expulsas dos conventos.

A intromissão abusiva nos assuntos internos de países democráticos é um traço do seu autoritarismo, da violência no exercício do poder e da demência prosélita que o acompanha. JP2 é implacável como homem, intolerante como Papa e manhoso como apóstolo a infiltrar-se nos países de hegemonia religiosa concorrente.

A doença do Papa não absolve os numerosos crimes por que a história o julgará.

2 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

Espanha

Se José Luís Zapatero discutisse em Conselho de Ministros a politização das homilias, a má benzedura da água destinada aos ofícios religiosos e a deficiente transubstanciação das hóstias, por incompetência dos actuais párocos das dioceses espanholas ou pela má qualidade da farinha usada;

Se o presidente do Governo pusesse em dúvida o processo alquímico que transforma o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo, o que só a fé e o paladar requintado descortinam, certamente se diria que tinha ensandecido.

Se o primeiro ministro de Espanha, eleito democraticamente, desconfiasse da eficácia terapêutica das bênçãos dadas aos doentes pelo Papa, que se esquece de benzer-se a si próprio ou, se o faz, prova a inutilidade dos sinais cabalísticos em que insiste;

Se da agenda governamental fizesse parte a averiguação sobre a substância activa da eucaristia, as virtudes do incenso, o poder purificador da absolvição e o benefício da missa e se mandasse determinar a eficácia de detergentes como a confissão e o baptismo na limpeza da alma, João Paulo II tinha o direito de reclamar.

Se Zapatero, num programa de combate à SIDA mandasse substituir os preservativos por pacotes de indulgências papais, com data de fabrico, prazo de validade e lote de produção poderia ser canonizado mas trairia os interesses dos cidadãos por cuja saúde tem obrigação de velar.

Já o Papa, exímio na produção de indulgências, experiente na concessão de bênçãos, uma autoridade na criação de cardeais e na produção de santos não tem o direito de consagrar o mundo à Virgem Maria e, muito menos, de se pronunciar sobre o valor do preservativo. Pode proibi-lo aos padres e freiras, recusá-lo a si próprio, dissuadir o uso aos fiéis e impedir a circulação no Estado pontifício do Vaticano.

O Papa pode abdicar, por uma questão de honra, dos grossos subsídios que o Governo espanhol concede à ICAR mas não pode nem deve sabotar um programa de combate à SIDA. E sabe-se que é mais eficaz o preservativo no combate à SIDA do que a oração no combate ao pecado.

1 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

Resposta ao padre Joaquim Cardozo Duarte

Sob o título «A crescente preocupação de João Paulo II por Espanha», Diário as Beiras de 27-01-05, o vosso colaborador Joaquim Cardozo Duarte (JCD) anatematiza o país vizinho e o seu legítimo Governo numa reincidência obsessiva.

Na beata sedução pelas palavras de Sua Santidade, que condenou «a difusão de uma mentalidade inspirada no laicismo e a restrição da liberdade religiosa», JCD não viu a intromissão intolerável nos assuntos internos de um país soberano, não notou que a liberdade religiosa está assegurada na Constituição, tal como o laicismo que o anterior primeiro-ministro, ligado ao Opus Dei, ignorou, e esqueceu-se de referir que, perante tão graves e injustas afirmações, a Associação de Teólogos João XXIII considerou as declarações papais como prova da sua falta de condições para dirigir a Igreja.

O Papa pretende manter a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas, uma prática que colide com a Constituição espanhola, a liberdade religiosa e a democracia, por muito que custe a quem detém o monopólio. Liberdade religiosa não é o direito de tornar uma religião obrigatória.

JCD exalta a «longa e bela história de séculos», «essa interligação, de felicidade e amor, entre a fé católica e a missão do sucessor de Pedro», mas esquece a Inquisição Espanhola – a mais cruel de todas -, a evangelização da América latina, com a exterminação dos índios, a feroz e brutal perseguição aos judeus pelos reis católicos e a ditadura de Franco que, além dos crimes horrendos, manteve, até ao fim, a pena de morte pelo garrote.

Quanto à legislação sobre o aborto, o matrimónio e a família, que tanto aflige JCD e a Igreja, o Estado espanhol não impõe modelos, apenas dá liberdade de escolha.

José Blanco, influente dirigente do PSOE, lembrou que «está excluída qualquer doutrina religiosa como fonte inspiradora do ordenamento jurídico, pois não se pode exigir que as normas jurídicas, que a todos obrigam, sejam ditadas por princípios religiosos que apenas vinculam quem os professa».

São posições assim que distinguem as democracias das teocracias.

Texto publicado no «Diário as Beiras», 28-01-05

31 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Opus Dei rejuvenesce quadros

Paulo Teixeira Pinto vai suceder a Jardim Gonçalves à frente do banco Milleniumbcp.

Monárquico e Opus Dei, vai à missa todos os dias.

31 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

José Saramago

«Sou simplesmente um ateu, que nem sequer é capaz de conceber, mesmo só como construção mental, a possibilidade da existência de um Deus».

José Saramago, «Única», Expresso nº. 1683, 29-01-05
29 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Lágrimas de crocodilo

O enviado de João Paulo II a Auschwitz, Cardeal Jean-Marie Lustiger, lembrou as posições do Papa contra o anti-semitismo, de forma especial «por parte dos cristãos» – diz a Agência Ecclesia.

Vamos desmascarar o tartufo enquanto o islão afirma o seu ódio sem preconceitos.

O sionismo agressivo e expansionista, a funcionar como demência simétrica do fascismo islâmico, não pode servir de alibi ao silêncio que muitos gostariam de fazer sobre o holocausto e ao branqueamento dos crimes a que o anti-semitismo conduziu.

Recordar os reis católicos de Espanha e a crueldade cristã com que perseguiram, espoliaram e queimaram judeus, é apenas referir o zelo apostólico e a selvajaria da fé.

O islamismo é um decalque grotesco do cristianismo a que falta a influência da cultura helénica e do direito romano. À medida que os mercenários de Alá se dão conta do crepúsculo da sua civilização falhada, acirram os crentes e atiram-nos para o martírio a troco de umas orgias no paraíso onde serão alimentados com rios de mel para satisfazerem as fantasias sexuais com setenta virgens que lhes reservam os mullahs. Só as mulheres devem continuar a conformar-se com a burka, a submissão e o opróbrio.

A cegueira religiosa, alimentada pelos parasitas de Deus, conduz os crentes (cristãos, muçulmanos e judeus) a confiar nos livros sagrados, como se estes fossem certidões notariais, reclamando territórios que a vontade divina lhes legou sem admitirem, ao menos, após séculos, o direito por usucapião. Deus é um pretexto para crimes que o poder, a ambição e a inveja reclamam.

O Papa João Paulo II vem agora condenar o anti-semitismo e arvorar-se em campeão da luta contra o anti-semitismo. É o descaramento de quem beatificou Pio IX que chamava «cães» aos judeus e protagonizou um dos mais ignóbeis actos de anti-semitismo. Pio IX foi cúmplice no rapto de um menino judeu de seis anos, Edgardo Mortara, sob o pretexto de ter sido baptizado in extremis por uma criada, após o nascimento. Foram impotentes os pais para recuperar o filho raptado pela polícia papal e de nada valeu a indignação mundial. Encarcerado num mosteiro terá acabado por ser ordenado padre.

S. João Crisóstomo considerava bordéis as sinagogas e o imperador Constantino odioso o povo judeu.

O zelo canónico posto pelos cruzados na sua exterminação, à ida e à vinda da Terra Santa ficaram como marco indelével da crueldade racista e religiosa.

Não foram os nazis os primeiros a instituírem o gueto e a obrigarem os judeus ao uso de um distintivo amarelo. Coube ao Papa Paulo IV, no séc. XVI, essa infâmia.

A oração pelos «pérfidos judeus», que fazia parte da liturgia da Sexta-feira Santa do Missal Romano, manteve-se depois do holocausto. Foi João XXIII que acabou com essa devota manifestação de ódio.

Quem protegeu proeminentes nazis procurados por crimes contra a humanidade e lhes facilitou refúgio nas ditaduras sul-americanas de forte influência católica?

Deixemos, por hoje, o papa de Hitler. Pio XII merece centenas de artigos.

27 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Desventuras de S. Victor

Havia muito que S. Victor ouvia as preces dos devotos e as deferia na medida das suas disponibilidades, de acordo com a modéstia dos mendicantes. Afeiçoaram-se os créus ao taumaturgo e este aos paroquianos que o fizeram patrono da maior paróquia da Arquidiocese de Braga.

Há tempos foi retirado do «Martirológio» – o rol da Igreja Católica que regista todos os santos e beatos reconhecidos ao longo de vinte séculos, desde que a ICAR se estabeleceu. O argumento é pouco convincente e deveras injusto. Não se retira do catálogo um santo por ser apenas uma lenda. Que o tenham feito a S. Guinefort, cão e mártir morto injustamente pelo dono, aceita-se porque a santidade não se estende aos quadrúpedes domésticos. Duas mulas, que os rudimentares conhecimentos de grego dos padres confundiram com duas piedosas mulheres, compreende-se que fossem apeadas dos altares, que não foram feitos para solípedes.

Mas um santo com provas dadas, clientela segura, devoção fiel, é uma maldade que não se faz aos pios fregueses, tementes a Deus e cumpridores dos Mandamentos. O padre Sérgio Torres afirmou ao «Correio do Minho» que os paroquianos «reagiram com desagrado e muita surpresa». Não lhe permitiu o múnus e a educação dizer que foi uma patifaria do Vaticano. O séc. IV, em que o jovem Victor foi condenado à morte por se recusar a participar numa cerimónia pagã, segundo a tradição agora desmentida, foi há tanto tempo! Que importa uma pequena mentira numa Religião que vive das grandes?

E agora? Que fazer? Arrancam-se os azulejos que documentam a mentira? Transfere-se a devoção para os santos fabricados por João Paulo II, alguns tão pouco recomendáveis e tão detestáveis, apenas com a sorte de terem dois milagres no currículo?

O presidente da Junta de Freguesia de São Victor, Firmino Marques, embora revelando «algum desconforto», justifica a retirada do orago do calendário litúrgico «somente pelos critérios científicos usados actualmente para a proclamação dos santos e beatos da Igreja Católica». Este autarca é um admirador confesso da ciência.

26 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

Não ao anti-semitismo

Mais de meio século decorrido, lembro-me do ódio das catequistas da minha infância. Recordo o horror e a sanha com que evocavam os judeus, que mataram «Nosso Senhor». Tenho presente o desvario boçal de quem julga com ignorância, condena com crueldade e exulta com as atrocidades.

Nessa altura, as crianças faziam a primeira comunhão vestidas de cruzados e o anti-semitismo devorava os corações de gente simples e analfabeta, submetida à fome, à miséria e à oração. Os demónios do anti-semitismo continuavam a habitar o catolicismo romano. Pio XII pontificava e a pusilanimidade do seu silêncio perante o Holocausto era compensada pela coragem com que denunciava a exiguidade dos trajos femininos.

Fez ontem sessenta anos que se abriram as portas do campo de morte de Auschwitz. A dimensão do ódio e da demência superaram a imaginação mais perversa. Treblinka e Auschwitz são nomes que arrepiam, lugares que envergonham a Humanidade, sítios que interpelam a consciência humana. Não podem ser esquecidos.

Pior do que o ódio para que os homens são aptos é a crueldade de que os deuses são capazes.

Em nome da vida, é preciso combater o racismo e a xenofobia, exorcizar o passado de violência, crueldade e morte que parece ressurgir diariamente. Em nome da memória é preciso prestar homenagem a seis milhões de judeus vítimas da mais ignóbil e feroz campanha de extermínio sistemático de que há registo.

O Diário Ateísta curva-se respeitosamente perante todos os homens e mulheres vítimas do ódio racial e da intolerância religiosa.

25 de Janeiro, 2005 Carlos Esperança

A velha ICAR e a nova Espanha

A ICAR no seu labirinto

Hoje, os jornais europeus dão largo destaque às advertências, ameaças e acusações que João Paulo II fez ao legítimo Governo de Espanha, a tal ponto que a Associação de Teólogos João XXIII considerou as declarações papais como prova da sua falta de condições para dirigir a Igreja.

Autêntico talibã, o chefe da ICAR acusou a Espanha de promover o laicismo para «restringir a liberdade religiosa». Perante os bispos, durante a visita que cada cinco anos são obrigados a fazer-lhe, acusou: «O laicismo não faz parte da tradição espanhola mais nobre». De facto, a tradição autóctone está mais ligada às lutas contra os mouros, ao extermínio dos judeus, à evangelização da América do Sul e à inquisição. De facto, os reis católicos, que JP2 quis canonizar, destacaram-se pela beata crueldade e pia intolerância.


Compreende-se o desespero de JP2 cujas receitas americanas definham ao ritmo das indemnizações que as dioceses são obrigadas a pagar em virtude dos processos de pedofilia. Esta semana a revista «FOCUS», n.º 275, titulava à largura de duas páginas: «Pedofilia deixa Igreja americana falida». Também várias dioceses alemãs, desavindas com o vetusto e duro cardeal Joseph Ratzinger, reduziram os generosos óbolos que alimentavam a gula do Vaticano. É neste contexto que o Opus Dei se transformou no grande financiador, impondo posições ultramontanas, dignas do Concílio de Trento.

O Papa pretende manter a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas espanholas, uma prática que colide com a Constituição e a liberdade religiosa. Para o último ditador europeu, liberdade religiosa significa apenas o direito ao monopólio. O diário «El Correo Gallego», referindo-se às diatribes de Sua Santidade, titula o artigo: «Ataque fulminante do Papa à Espanha laica».

JP2, que perfilha as teses do ultra-reaccionário cardeal Rouco Varela, presidente do episcopado espanhol, acusa o Governo de «difundir uma mentalidade inspirada no laicismo até promover o desprezo para com a religião». Embora seja dito pelo Papa, falta à verdade – como assinala o «El Periódico» – pois, «nem a Constituição, que garante a liberdade de religião, nem os factos, suportam essa tese». A ICAR não suporta que se legalizem casamentos homossexuais, que se avance na investigação bio-ética ou se aconselhe o preservativo para a prevenção da SIDA, «uma patologia do espírito», como a definiu o Vaticano, prevenida pelo preservativo cuja rejeição moral é absoluta .

O próprio ministro Jose Bono teve de responder ao Papa lembrando que algumas posições da Igreja vão contra a mensagem de Cristo – afirma «El País».

O Vaticano tomou definitivamente partido pelo PP espanhol, dirigido até há pouco por Aznar cujas ligações ao Opus Dei eram do domínio público. Todavia, isso não impediu que, nos últimos quatro anos, passasse de 29% para 14,2% a frequência da missa por jovens entre 15 e 29 anos que se intitulam católicos – como informa hoje o «Público», que termina com este compromisso de José Blanco, influente dirigente do PSOE: «Está excluída qualquer doutrina religiosa como fonte inspiradora do ordenamento jurídico, pois não se pode exigir que as normas jurídicas, que a todos obrigam, sejam ditadas por princípios religiosos que apenas vinculam quem os professa».