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Espanha

Se José Luís Zapatero discutisse em Conselho de Ministros a politização das homilias, a má benzedura da água destinada aos ofícios religiosos e a deficiente transubstanciação das hóstias, por incompetência dos actuais párocos das dioceses espanholas ou pela má qualidade da farinha usada;

Se o presidente do Governo pusesse em dúvida o processo alquímico que transforma o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo, o que só a fé e o paladar requintado descortinam, certamente se diria que tinha ensandecido.

Se o primeiro ministro de Espanha, eleito democraticamente, desconfiasse da eficácia terapêutica das bênçãos dadas aos doentes pelo Papa, que se esquece de benzer-se a si próprio ou, se o faz, prova a inutilidade dos sinais cabalísticos em que insiste;

Se da agenda governamental fizesse parte a averiguação sobre a substância activa da eucaristia, as virtudes do incenso, o poder purificador da absolvição e o benefício da missa e se mandasse determinar a eficácia de detergentes como a confissão e o baptismo na limpeza da alma, João Paulo II tinha o direito de reclamar.

Se Zapatero, num programa de combate à SIDA mandasse substituir os preservativos por pacotes de indulgências papais, com data de fabrico, prazo de validade e lote de produção poderia ser canonizado mas trairia os interesses dos cidadãos por cuja saúde tem obrigação de velar.

Já o Papa, exímio na produção de indulgências, experiente na concessão de bênçãos, uma autoridade na criação de cardeais e na produção de santos não tem o direito de consagrar o mundo à Virgem Maria e, muito menos, de se pronunciar sobre o valor do preservativo. Pode proibi-lo aos padres e freiras, recusá-lo a si próprio, dissuadir o uso aos fiéis e impedir a circulação no Estado pontifício do Vaticano.

O Papa pode abdicar, por uma questão de honra, dos grossos subsídios que o Governo espanhol concede à ICAR mas não pode nem deve sabotar um programa de combate à SIDA. E sabe-se que é mais eficaz o preservativo no combate à SIDA do que a oração no combate ao pecado.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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