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Sócrates e a liberdade religiosa

O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje que a liberdade religiosa não é «um assunto resolvido», defendendo o empenhamento permanente da comunidade política na sua defesa.

«A liberdade religiosa não é um tema fácil, nem está resolvido», afirmou José Sócrates, na abertura do III colóquio internacional sobre O contributo das religiões para a paz, que decorre até terça-feira em Lisboa.

Sublinhando que a liberdade religiosa é uma questão que «exige o empenhamento permanente da comunidade política», o chefe do Governo alertou para a existência de «sintomas» que «em todos os momentos» não deixam que a liberdade religiosa possa ser dado como «um dado adquirido».

«A diversidade e a tolerância são valores democráticos que contribuem para a afirmação da liberdade religiosa», declarou, descrevendo a liberdade religiosa como «o respeito pela diferença» e a «igualdade de dignidade a todas as crenças».

José Sócrates falou ainda da laicidade do Estado, ou seja, «o Estado neutro perante todas as religiões».

Contudo, acrescentou, «neutralidade não significa o não reconhecimento do valor ético de todas as religiões».

«Acredito na contribuição da religiões para a paz», salientou ainda José Sócrates.

Antes, o presidente da Comissão de Liberdade Religiosa, Mário Soares, aludiu igualmente à importância do diálogo inter-religioso.

«Acredito nas virtudes do diálogo inter-religioso e entre crentes e não crentes», afirmou o ex-Presidente da República.

O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, salientou também a importância das religiões para a construção da paz.

«As religiões não são mais um capítulo para a construção da paz, elas interferem com todos os outros», disse.

D. José Policarpo fez ainda referência ao «longo caminho» que é preciso percorrer nas relações entre as religiões, defendendo a necessidade de acentuar «o conhecimento mútuo e o respeito pelos limites».

«Há um universo ético comum a todas as grandes religiões que pode ser decisivo para o caminho da paz», declarou.

Fonte: Sol, 23 de Junho de 2008.