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Mês: Julho 2006

4 de Julho, 2006 Palmira Silva

Rapariga apedrejada até à morte

Uma raparga de 20 anos foi apedrejada até à morte em Izom, perto de Minna, a capital do estado de Niger na Nigéria, por uma multidão de jovens enraivecidos.

A jovem assassinada tinha distribuído panfletos com «material não reprodutível», em que denunciava más acções de Maomé, Cristo e outros pastores vivos e mortos. O estado do Niger tem uma população igualmente dividida entre cristãos e muçulmanos.

Aparentemente não foram efectuadas detenções pelo assassinato da jovem, descrita como «louca», e não se detectam quaisquer intenções das autoridades locais, num estado em que vigora a Sharia, para acusar alguém pela morte da jovem.

4 de Julho, 2006 Palmira Silva

Curiosidades históricas

Vin Mariani era um vinho tonificante comercializado a partir de 1863 por Angelo Mariani. O vinho era obtido por decocção de folhas de coca em vinho Bordeaux, ou seja, continha um elevado teor de cocaína, extraída pelo álcool, cerca de 211 mg de cocaína por litro. Quer Leão XIII quer Pio X eram ambos apreciadores (e consumidores) do Vin Mariani. Leão XIII, que aparece neste poster promovendo a bebida, atribuiu-lhe uma medalha de ouro do Vaticano.

3 de Julho, 2006 Ricardo Alves

Os oxímoros como sinal de desespero argumentativo

Existem crentes que, quando em desespero argumentativo, declamam extravagâncias sobre «a religião do ateísmo» ou «os dogmas da ciência» (outros clássicos são «a anti-religião do laicismo» e «a ciência é uma tradição»).

Quem se compraz com estes oxímoros, fá-lo por se sentir encurralado. Como não temos religião alguma, não podem acusar-nos de seguir a religião errada, e por isso preferem renunciar ao rigor conceptual e proclamar que não ter religião é uma religião. Não compreendem que é um perfeito absurdo chamar fé à ausência de fé, como é outro disparate dizer que rejeitar a tradição é uma tradição, ou que a saúde é uma doença.

3 de Julho, 2006 Carlos Esperança

B16 – O sempiterno ódio à liberdade

O pontificado de B16 ficará na história pela intolerância, intransigência doutrinária e conservadorismo teológico. A fraterna e entusiástica recepção aos excomungados fiéis da Sociedade S. Pio X (SSPX), filhos pródigos de pendor fascista e anti-semita, é a marca de água de um frio pontífice fascinado pelo poder absoluto.

B16 é demasiado inteligente e arguto para acreditar na existência de Deus, na verdade dos evangelhos ou no negócio dos milagres, mas sabe que a multinacional da fé a cujos destinos preside só sobrevive com mão de ferro e inflexibilidade ideológica.

Sagra bispos e cria cardeais de acordo com a intransigência intelectual e o proselitismo de que deram provas; fabrica santos e beatos segundo as necessidades do mercado e os interesses das sucursais que esportulam os devidos emolumentos.

O apego de B16 ao Opus Dei, Comunhão e Libertação, Legionários de Cristo, SSPX e outras seitas prosélitas de pendor fortemente reaccionário, é uma estratégia de combate ao islão, ao laicismo e ao ateísmo. O que fascina B16, é a liderança do obscurantismo e a hegemonia no mercado da fé.

Engana-se quem julga B16 um clérigo arcaico, deslumbrado pelo fausto e mordomias da cadeira de Pedro, como acontecia com o supersticioso antecessor. Este é muito mais sofisticado e melhor estratego. Usa a influência e dinheiro das ordens e movimentos que dirige e dos políticos que infiltra nos Estados.

A ICAR abomina a democracia. O ódio de Pio IX consta da matriz genética dos seus sucessores. B16 recusa a liberdade individual em nome da vontade do Deus de que se diz intérprete. A ordem e a autoridade são valores a que apela com o zelo dos fanáticos e a crueldade dos algozes.

B16 abomina todas as liberdades: desde a liberdade de expressão à liberdade religiosa ou da descrença, do livre-pensamento ao direito de crítica, da prática da sexualidade sem fins procriativos à eutanásia. B16 e os seus sequazes só apreciam regimes políticos que se submetam às sotainas e acolham os ditames dessa obscura ditadura sediada num bairro de Roma mal frequentado – o Vaticano.

3 de Julho, 2006 Palmira Silva

Igreja Católica quer excomungar cientistas

Estátua de Giordano Bruno no Campo dei Fiori (Roma) erigida no local onde este foi queimado vivo pela Igreja Católica em 17 de Fevereiro de 1600. A partir de 1603, todo o trabalho de Bruno desapareceu sob ameaça da Igreja, que proibiu que as teorias avançadas pelo herético ateísta Bruno fossem sequer mencionadas. O trabalho de Bruno apenas voltou a ser citado um século depois por outro «herege», Newton. A ICAR ainda hoje recusa o trabalho de Bruno, por cujo assassinato nunca pediu desculpas, e o seu carrasco, o cardeal Bellarmino, foi canonizado em 29 de Junho de 1930.

A Igreja Católica, que nunca excomungou Hitler, que morreu católico, cujos representantes afirmam sem pudor que um aborto é equivalente aos ataques por bombistas suicidas, e assim excomunga liberalmente mulheres, quaisquer que sejam os motivos para o aborto, mesmo salvar a vida da gestante e mesmo que essa gestante tenha 8 anos (neste caso são os pais os excomungados), quer agora que sejam excomungados os cientistas que trabalham com células estaminais!

De facto, o cardeal Alfonso Lopez Trujillo, responsável pelo Conselho Pontifical da Família, o tal que diz que o HIV é suficientemente pequeno para passar através dos preservativos, afirmou a uma revista oficial do Vaticano, a Famiglia Cristiana, numa entrevista publicada na quinta-feira, que os cientistas que trabalham com células estaminais devem ser excomungados, da mesma forma que as mulheres que abortam e os médicos que as auxiliam.

O cardeal Trujillo pretende ainda que a excomunhão latae senentiae, isto é automática, seja estendida aos políticos que aprovem leis permitindo a investigação em células estaminais.

Numa altura em que a revista Nature torna acessível a todos o Stem Cell Insight para que os interessados neste campo fascinante de investigação possam apreciar os progressos nesta área emergente e as possibilidades que oferecem no tratamento de diabetes juvenil e deficiências imunológicas congénitas, desordens neuronais, cancro ou mesmo o envelhecimento, para além de permitirem a regeneração de tecidos para condições como ferimentos na coluna dorsal, etc., o Vaticano volta a demonstrar que a condenação de Galileu, Giordano Bruno e muitos mais cientistas não foi em «erro», é a imagem de marca de uma Igreja obscurantista e prepotente, completamente desligada da modernidade, a que se opõe ferozmente.

Não ficou claro se esta deve ser considerada a posição oficial da Igreja mas, conhecendo o pensamento sobre o tema de um papa que já criticou os «ateus» cientistas, que enquanto Ratzinger considerou pecaminosa qualquer manipulação genética, incluindo a clonagem terapêutica (quer usando células estaminais embrionárias quer adultas) e sabendo ainda que Bento XVI já tinha declarado que uma das prioridades do seu papado seria exactamente este tema, não é difícil prever que o será dentro em breve!

mais de um ano escrevi «este novo Papa considera que se uma célula adulta é alterada para se tornar totipotente (ou estaminal) então deve ser considerada um embrião. Ou seja, é expectável que brevemente pretenda proibir, na boa tradição inquisitorial a que já nos habituou, a investigação em células estaminais, embrionárias ou adultas, e todas as terapias envolvendo estas células, que serão certamente consideradas um pecado mortal».

Infelizmente mais uma vez parece que não me enganei na minha análise deste papa!

2 de Julho, 2006 Carlos Esperança

Bispos católicos invadem a blogosfera.

Tenho parcas informações sobre o actual arcebispo de Braga que, certamente, não é pior do que os anteriores nem tão detestável como o virtuoso cónego Eduardo Melo.

Neste momento é o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), uma espécie de líder da confederação que engloba o patronato das dioceses católicas. Para os menos entendidos em temas da ICAR, podemos dizer que o bispo de Braga é homólogo dos presidentes da CIP e da CAP no ramo da fé.

Após uma reunião dos bispos portugueses em Fátima, para aprofundar o tema «Deus na rede», ainda pensei que tinham pescado o patrão e que o iam julgar pelo abandono a que os votou.

Afinal, os bispos portugueses, em especial o seu presidente, vêem os «blogs como meio de evangelização». Agora compreendo a comissão de serviço que alguns crentes cumprem nas caixas de comentários do Diário Ateísta, principalmente os activistas da seita «Comunhão e Libertação» cujo objectivo é imitarem o Opus Dei, na despudorada confissão do padre João Seabra à RTP-1.

[Para D. Jorge Ortiga, a sociedade «parece que caminha ao ritmo dos sinais negativos». E exemplifica: «vejamos o caso do homem de Santa Comba Dão»] – (Agência Ecclesia).

Esta afirmação surpreende porque o psicopata venerava as fotos da Senhora de Fátima, Salazar, Américo Tomás e Irmã Lúcia, que exibia com desvelo. Será esta iconografia que o bispo Ortiga considera «sinais negativos»? A ser assim, vai no bom caminho.

Fonte: Agência Ecclesia

Adenda – Um leitor alertou-me para o facto de o homem de Santa Comba Dão ser o Salazar e a referência uma condenação pública do fascismo («sinais negativos»). Não foi esse o meu entendimento. 02-07-2006 23:40:05

2 de Julho, 2006 Palmira Silva

Revisionismo histórico e cristianovitimização

O ditador croata Ante Pavelic, líder dos católicos Ustase, com monges franciscanos. Os franciscanos foram muito activos no genocídio de sérvios, judeus e ciganos na ex-Jugoslávia.

O texto «A Igreja é novamente a Igreja dos mártires», distribuído como suplemento do número de 8 de Dezembro de 2004 do jornal oficial do Vaticano, o «L’Osservatore Romano», afirma que no século XX o cristianismo experimentou a maior perseguição da sua história:

«Com segurança, posso afirmar que, desde sempre, o martírio formou parte da vida da Igreja», sublinha Novak no texto, citando por exemplo a perseguição do povo arménio, os mártires mexicanos e espanhóis (da Guerra Civil), o período nazista e o do comunismo, assim como o actual.

Este parágrafo, uma alusão à tentativa de lavagem da História do Holocausto pela ICAR, que considera que uma mentira muitas vezes repetida acaba por ser aceite como verdade, insere-se na linha de revisionismo histórico bem patente na carta apostólica Tertio millennio adveniente de 1994 em que João Paulo II, depois de dar o mote para o texto supracitado dizendo que «No nosso século, voltaram os mártires» afirma:

«Pio XI teve de medir-se com as ameaças dos sistemas totalitários ou desrespeitadores da liberdade humana na Alemanha, na Rússia, em Itália, em Espanha e, antes ainda, no México. Pio XII interveio no âmbito da gravíssima injustiça representada pelo desprezo total da dignidade humana, que se verificou durante a segunda guerra mundial».

Considerando que os regimes totalitários europeus, com a excepção óbvia do caso russo, foram instalados com a ajuda da Igreja Católica estas afirmações são no mínimo aberrantes. Com declarações completamente falsas como estas não admira a sanha com que o seu teólogo de estimação ataca os «cristofóbicos» intelectuais europeus que insistem em investigar a História e em provar como falsas as declarações do Papa.

Percebe-se que João Paulo II seja um revisonista histórico uma vez que teve de seguir o juramento anti-modernidade, instituído por Pio X em 1910 e em vigor até 1967, que, entre outras pérolas, rezava «Também condeno e rejeito a opinião dos que dizem que um cristão esclarecido deve assumir uma dupla personalidade – a de um crente e ao mesmo tempo de um historiador, como se fosse permissível a um historiador sustentar algo que contradiz a fé do crente».

Mas as barbaridades históricas proferidas quer por João Paulo II quer pela sua correia de transmissão George Weigel merecem uma análise mais profunda. É fácil comprovar que são barbaridades históricas com pouco mais que o recurso a encíclicas e restante tralha debitada profusamente pelo Vaticano, que a maioria dos crentes desconhece.

É sempre importante analisar a História, mas é especialmente importante nesta altura em que, despojados das máscaras de tolerância e laicidade impostas pelo vergonhoso papel desempenhado pelo Vaticano na II Guerra Mundial – cuja limpeza de imagem ditou o concílio Vaticano II – os censores moralistas de Roma retomaram as suas prelecções obsessivas contra os ideólogos do mal, protagonizados por todos os que não só não aceitam os dogmas que debitam, como se recusam a permitir que seja o Vaticano a ditar as leis que regem os respectivos países.

Tal como Marco Pórcio Catão, o objectivo dos pregadores é exponenciar o ódio das populações contra esses supostos ideólogos do mal. Os frutos da campanha de intolerância do Vaticano contra os que não acatam os seus ditames são bem conhecidos dos colaboradores do Diário Ateísta, considerados servidores de «Satanás e seus Demónios», por um piedoso leitor que mais nos informou por mail ser «Pena não haver nos dias de hoje o Santo Oficio, Jesus disse ‘arvore que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo’, a Inquisição, infelizmente mal sucedida, livrou alguns da heresia» – aliás, opinião «benevolente» em relação à Inquisição partilhada por alguns dos devotos do movimento «Comunhão e Libertação», emulador do Opus Dei, que comentam nestas páginas.

A democracia, indissociável do pluralismo, da liberdade de opinião e expressão e da tolerância, foi uma conquista árdua contra o totalitarismo e intolerância da Igreja. Urge a vigilância da intolerância religiosa para que o fim desta história não seja o retorno da história, isto é, da militância religiosa das guerras «santas» e da sanha persecutória da Inquisição, desejadas por muitos! E para isso urge o desmascarar das pretensões revisionistas da ICAR!

2 de Julho, 2006 jvasco

A mórbida face do fundamentalismo religioso

Depois de um grupo desconhecido ter provocado mais de 66 mortos e várias dezenas de feridos, Bin Laden vem apelar a que a luta seja «intensificada».

É horrível.

É óbvio que Bin Laden, directamente, não é responsável por nenhuma morte. Ele não esteve envolvido no planeamento nem realização do «11 de Setembro». Ele não é um operacional, e, em boa verdade, não esteve envolvido em nada de concreto que a Al-Qaeda tenha feito.

O papel de Bin Laden é inspirador. E é um papel importante.
Bin Laden representa a liderança «espiritual» da Al-Qaeda, e tem importância na medida em que o aspecto religioso é a pedra basilar desta odiosa organização. Tem importância na medida em que são os seus textos, a sua teologia, as suas interpretações do Corão, que inspiram a Al-Qaeda e muito outro terrorismo pelo mundo.

Se a religião não fosse vital para grande parte dos terroristas, Bin Laden não teria muito mais importância que o emplastro.

1 de Julho, 2006 Palmira Silva

Totalitaritarismo e vitimização: a invenção da cristofobia

Como já referi, as religiões alimentam-se de «mártires» e sem estes fenecem. Em particular a ICAR agita incessantemente a bandeira de supostas perseguições a cristãos, pois como afirmou Edward Novak, secretário da Congregação para as Causas dos Santos, «De um mártir» nascem «centenas, milhares» de novos fiéis. Isto é, para angariar clientela e inflamar os fundamentalistas é necessário inventar perseguições e glorificar os «mártires» que se «sacrificam» em nome de uma qualquer «causa» cristã, seja ela o aborto ou a Inquisição «anti-católica» que rejeitou Rocco Buttiglione.

O cúmulo do absurdo da cristianovitimização pode ser apreciado nas manobras e pressão exercidas pelo Vaticano para que seja aprovado um novo termo: a «cristianofobia».

Este termo recente foi rapidamente incorporado no léxico dos fundamentalistas que querem submeter todos aos ditames do Vaticano, com especial reprodução mediática após a publicação do livro «Política sem Deus. Europa e América, o cubo e a catedral» (Edições Cristandade), do teólogo católico George Weigel. De facto, desde a sua publicação que os fanáticos cristãos gritam «cristofobia» sempre que os poderes públicos não condescendem em transcrever na letra da lei os anacrónicos (e acéfalos) ditames da Igreja de Roma.

George Weigel, conhecido por ser o biógrafo de João Paulo II («Testemunho de esperança»), interroga-se sobre as razões que levam os intelectuais europeus a serem «cristianofóbicos» (sinónimo de laicos para os fundamentalistas católicos). Claro que a resposta óbvia é completamente ignorada e para conduzir os mais incautos à resposta convoluta e falsa que a ICAR pretende passar – e como subproduto alimentar a desconfiança em relação aos intelectuais de cuja influência perniciosa se devem afastar os «simples» cristãos – Weigel lança-se numa série de lucubrações erróneas.

Nomeadamente sobre a razão porque a «nata» da intelectualidade neste continente não reconhece que os males que assolaram (e assolam ) a Europa desde o início do século XX, proeminente entre esses males a II Guerra Mundial e concomitantemente o nazismo, se devem a uma «laicidade radical», ao «drama do humanismo ateísta», termo cunhado pelo jesuita Henri de Lubac no livro homónimo.

Lubac argumentava, na linha do revisionismo histórico Icariano, que a crise civilizacional que atravessou a Europa durante a II Guerra, isto é países católicos ou predominantemente católicos contra os aliados (países anglicanos, protestantes e ateus) se devia à rejeição de Deus em nome da liberdade humana. Na realidade, a série de posts (incompleta) sobre o que se passou na época revela como absurda a pretensão católica. Não foi a rejeição de Deus que motivou o Holocausto, Deus esteve presente em todos os discursos que convenceram os cristãos habitantes dos países do Eixo de que aquela era uma «guerra justa». «Guerras justas» que continuam a ser a praga anacrónica da modernidade.

A «guerra justa» movida pelo devoto teólogo é agora a desacreditação dos intelectuais europeus, incluindo católicos «liberais», que supostamente manifestam em elevado grau essa cristofobia porque assumem (correctamente) que o «único espaço público que garante o pluralismo, tolerância, civismo e democracia é um espaço público que é completamente ateu», isto é um espaço público laico, uma abominação aos olhos dos fundamentalistas cristãos.

Assim, Weigel identifica oito aspectos ou dimensões que, na opinião de Weigel, dissociam a «ética» cristã, especialmente na versão exegética do Vaticano, da ética expressa no direito da Europa, segundo ele comprometida com os direitos humanos, com a democracia e com o império da lei. Quais são então para o teólogo católico as 8 fontes de «cristofobia»?

Alguns das fontes identificadas são constatações de factos, históricos e político-sociais, embora com algumas omissões e distorções que pretendem conduzir um leitor menos esclarecido às conclusões (erradas) pretendidas, nomeadamente que todos os males do mundo advêm da rejeição de Deus da praça pública.

O ponto 1 é absolutamente certeiro e verdadeiro. Se abstrairmos o revisionismo histórico católico que persiste em lavar a História e tentar vender o nazismo como sinónimo de ateísmo, reproduzido em itálico, não podia estar mais de acordo com o teólogo:

1. [A primeira componente dessa cristofobia é] a experiência do Holocausto no século XX e a convicção que se tem em círculos intelectuais e políticos europeus de que as atrocidades genocidas da shoah foram consequência lógica do antijudaísmo cristão que atravessa a história europeia. Por conseguinte, uma Europa que grita «Nunca mais» ante a tragédia de Auschwitz e todas as outras, tem de dizer «Não!» à possibilidade de que o Cristianismo tenha algo a ver com uma Europa tolerante.

O ponto 4 é absolutamente cretino, isto é, o teólogo que esquece convenientemente quem deu o poder ou quem estava no poder nos países que se aliaram a Hitler e na própria Alemanha, carpe a «contínua quebra do papel dominante» dos «partidos políticos democrata-cristãos na Europa». Ou seja, para Weigel os eleitores que votam em outros partidos fazem-no não por razões políticas mas sim porque são «cristofóbicos».

Carpimento que continua na quinta dimensão em que Weigel considera cristofobia o facto de se «identificar o Cristianismo com a direita» e muitos descreverem a democracia cristã «como xenófoba, racista, intolerante, fanática, estreita de visão, de corte nacionalista e tudo o que Europa não deveria ser».

A sétima dimensão é um dos pontos, em conjunto com o primeiro, mais importantes da lista (porque revisonistas da História) já que neste ponto Weigel ulula contra os intelectuais que alimentam «uma visão distorcida da história europeia» que enraíza a «democracia no Iluminismo» raízes «que são as que alimentam o projecto democrático» e esquecem as raízes cristãs da «democracia na Europa cristã anterior ao Iluminismo». Não sei se o devoto católico inclui, como alguns dos nossos leitores, esse instrumento fundamental para a democracia (?) e tolerância cristãs medievais que foi a Inquisição…