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Autor: jvasco

3 de Agosto, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Por meio de uma escada de seu quarto, Macedo terá acesso a um mirante do qual se descortina uma vista aprazível da cidade. De lá, ele também poderá apreciar uma réplica do jardim do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, onde Jesus Cristo foi preso pelo Sinédrio judaico. A casa conta, ainda, com adega, sala de cinema, quadra de squash e elevador panorâmico. […] O piso das salas e das áreas de passagem dos andares superiores é de mármore botticino – 600 metros quadrados da pedra foram importados da Itália, a um custo estimado em 240.000 reais.»(«A aplicação dos dízimos de Deus!…», n’O CALHAMAÇO DOS EMBUSTES !..)
  2. «O grande cartaz, exibido na fachada do templo da Igreja Internacional da Graça de Deus, no Brasil, (que já tem em Portugal 6 igrejas na zona de Lisboa e sul do Tejo) anuncia:

    Desencapetamento Total” (expulsão total do diabo) e cura de todos os vícios e maleitas.

    No entanto, de acordo com notícias publicadas pelo “Guia Digital” de Panambi, um dos seus “ministros de culto” foi preso e, acusado de abusos sexuais a criança de 9 anos, ao ser interrogado alegou que “são coisas do diabo”.

    Afinal, ele expulsava o diabo do corpo dos outros, e não o expulsou do seu próprio corpo.»Em casa de ferreiro, espeto de pau!», n’O CALHAMAÇO DOS EMBUSTES !..)

  3. «No L.A. Times há um artigo interessante onde William Lobdell conta como ser repórter numa coluna acerca de religião o converteu de Cristão renascido em ateu. Resumindo, quanto mais descobria acerca de como funciona a fé e a religião na prática mais difícil lhe era acreditar num ser omnipotente e benevolente. Parece que até para os crentes mais fervorosos há alguma esperança.»(«Perdendo a fé.», no Que Treta!)
30 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Leão XIII declarou que a democracia é incompatível com a autoridade da Igreja na bula Immortale Dei. Por causa da opressão da religião dominante, crentes de diversas religiões tinham fugido para os Estados Unidos da América, onde a sua Constituição, elaborada por deístas, utilitaritas e outros descrentres, garantiam a liberdade religiosa num estado laico.»(«Religião e moral; a história do cristianismo como exemplo», no Crer Para Ver)
  2. «Com um profundo conhecimento das principais religiões deste mundo e dos textos que as promovem (mas também a par de uma peculiar visão do mundo e da política, principalmente a internacional), Christopher Hitchens demonstra-nos, por exemplo como a religião é a causa da perigosa repressão sexual das pessoas ou da deturpação das verdades históricas e científicas, e propugna por uma sociedade secular baseada na Razão e na Ciência.»God Is Not Great», no Random Precision)
  3. «A teoria da Queda Inteligente era até aqui a minha sátira preferida já que mimetiza na perfeição o discurso criacionista. De acordo com a sátira da Onion, os proponentes da Queda Inteligente, «cientistas» do Centro Evangélico para a Explicação Baseada na Fé, ECFR, afirmam que a «teoria da gravidade» tem falhas e que as diferentes teorias utilizadas pelos físicos «seculares» para explicar a gravidade não são internamente consistentes pelo que mesmo os críticos da Queda Inteligente admitem que as ideias de Einstein sobre a gravidade são irreconciliáveis matematicamente com a mecânica quântica. Estes factos provam que a gravidade é uma teoria em crise, facto irrefutável que apenas a visão materialista e ateísta dos seus proponentes impede reconhecer.»(«Desenho Químico Inteligente», no De Rerum Natura)
26 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Não peço provas irrefutáveis. Peço apenas uma forma de distinguir entre sentir mesmo um deus ou julgar que se sentiu um deus mas ser engano, epilepsia no lobo temporal, ou outra coisa qualquer. E aqui costuma entrar a desculpa do amor: sentir deus é como estar apaixonado. Se estamos, sabemos o que é, e a quem não está não se pode explicar. É sempre comovente, esta explicação.

    Mas não satisfaz. A paixão é um estado interno. Claro que senti-la diz-nos muito acerca do que sentimos. Mas considere-se tudo o que vem associado e que imaginamos acerca do objecto da nossa paixão. O seu carácter, a sua lealdade, a simpatia, como somos feitos um para o outro, e tantas outras coisas que, se nos fiarmos só na paixão, nos vão meter certamente em maus caminhos. Até a sua existência. Lembro-me, em miúdo, de estar apaixonado por uma princesa de um filme qualquer. A paixão era real. A princesa nem por isso.»(«Experiência… mas de quê?», no Que Treta!)

  2. «Nas organizações religiosas geralmente o objectivo da fé é a obediência. Existem até mitos em que a desobediência e o conhecimento tornaram-se a causa de todas as desgraças: para os católicos é a felix culpa. Mas não é o próprio Deus que vem ter connosco dizer o que quer, são necessários intermediários: os sacerdotes. Na práctica, é a eles que se obedece.»Fé e dúvida», no Crer Para Ver)
  3. «Para estes dominionistas, a democracia «é o primeiro passo para o fascismo» e a sua primeira linha de acção passa pela afirmação da supremacia das lei de Deus sobre as iníquas leis dos homens, nomeadamente pela aplicação de castigos «bíblicos» aos «pecados bíblicos», isto é, pena de morte para «crimes» como a homossexualidade, adultério, apostasia, heresia, aborto e muitos outros.»(«Ideias realmente perigosas», no De Rerum Natura)
24 de Julho, 2007 jvasco

O Mistério da Santíssima Trindade

Quem crê no «mistério» da Santíssima Trindade, crê que:

1) Jesus Cristo é Deus
2) O “Pai” é Deus
3) O “Espírito Santo” é Deus

4) Deus é único

5) O “Pai” não é o “Filho”, nem o “Filho” é o “Pai”
6) O “Pai” não é o “Espírito Santo”, nem o “Espírito Santo” é o “Pai”
7) O “Filho” não é o “Espírito Santo”, nem o “Espírito Santo” é o “Filho”

Sucede-se que a identidade é transitiva. Se “A é B” e “B é C” podemos concluir que, nesse contexto, “A é C”. Não há volta a dar.
Assim sendo, de acordo com a lógica, a aceitação das proposições 1, 2 3 e 4 implica a negação das proposições 5, 6 e 7. Logo, a conjunção de todas estas proposições tem um valor lógico conhecido: falso.
Aceitá-las a todas é como aceitar que 2+2=5.

Aquilo que os adeptos deste “Mistério” alegam é que é por isso mesmo que ele é chamado de “Mistério”: não está ao alcance da nossa compreensão. Para a nossa lógica humana limitada isto não faz sentido, mas isso é porque não temos acesso a este “Mistério”, que não o é para Deus.
Fora das limitações da lógica humana, conhecendo o pensamento omnisciente de Deus, o “Mistério” da Santíssima Trindade não tem nada de misterioso: é claro como a água.

Para muitos dos que não crêem neste mistério parece incrível que esta pseudo-justificação funcione para que as pessoas aceitem algo mais absurdo que “2+2=5”.

Mas funciona.

É este o poder da religião, e a sua capacidade de relegar a lógica e a racionalidade para segundo plano, sempre afirmando não o fazer. «É uma outra Racionalidade, mais ampla», alegam. Eu chamo-lhe duplipensar. Como bem observou Orwell no 1984, uma comunidade treinada para aceitar proposições contraditórias é mais permeável à ditadura e à opressão.

23 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Eu nunca vi mamilos de lontra, mas creio que as lontras os têm. Alguns crentes dirão que isto prova que o conhecimento científico é igualzinho à fé religiosa. Uns crêem nos mamilos de lontra sem nunca os terem visto, outros crêem em deuses sem nunca os terem visto. É a mesmíssima coisa.

    Só que não. Uma grande diferença é a atitude perante a possibilidade de erro. E se não for como eu penso? Se procurar na lontra toda e não vir vestígio de mamilos mudo de ideias. Não vou postular mamilos invisíveis, transcendentes, metafísicos. Nem mamilos omnipotentes a saltar para as costas da lontra quando lhe examino o ventre, testando a minha fé no Mamilo. Se não tem, não tem. Mudo de crença. Agora perguntem ao crente religioso como ele encara a possibilidade de se enganar. E se não existirem deuses? Como é que sabe? É mamilos invisíveis até onde a vista alcança…»(«E se não for?», no Que Treta!)

  2. «O que importa é a Transcendência. Notem o T maiúsculo. É essa propriedade dos Blin que os coloca totalmente à parte de qualquer refutação empírica. O efeito foi imediato, devolvendo aos crentes o fundamento da sua fé nos Blin e simplificando toda a argumentação Blinológica. Conta-se que São Gervásio, sempre pragmático, até fez um bom dinheiro vendendo cartões onde se lia, em bela fonte gótica:

    «Esse argumento/exemplo (riscar o que não interessa) é completamente inadequado porque os Blin Transcendem _______________________________________.»

    Mesmo as dúvidas mais profundas podiam agora ser dissipadas com um simples gesto da pena.»Transcendência», no Que Treta!)

  3. «Acontece é que reconheço como modesto o impacto da minha crença ou descrença. Por crer numa mentira consigo apenas enganar-me; não tenho o poder de a tornar verdade só de acreditar. E se duvido de uma verdade não a torno menos verdadeira. A minha dúvida não faz mossa. Posso crer. Posso descrer. O universo não se importa.

    Isto é libertador. É um alívio. Não tenho medo de pensar, de duvidar, de colocar perguntas ou tentar compreender as coisas por mim. Nem me sinto obrigado a acreditar. A realidade resiste à dúvida, e nunca vou estragar nada só por falta de crença. Posso ter a opinião que quiser sem que tudo fique uma lástima, e posso mudar de opinião sempre que encontrar uma melhor.»(«Lástima…», no Que Treta!)

19 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Crente fundamentalista: Tenho a certeza absoluta que 2+2=5 porque está Escrito.

    Crente «moderado»: Normalmente considero que 2+2=4, mas admito que já tenha sido 5, possa vir a ser 5, e na minha dimensão espiritual e de realidade transcendente parece-me óbvio que 2+2=5.

    Ateu «moderado»: Eu sei que 2+2=4, mas não ando por aí a dizê-lo porque pode ofender quem acredita que 2+2=5.

    Ateu «militante»: Olhem lá. Tenho um, dois seixos. Junto mais um, dois seixos. Fico com um, dois, três, quatro seixos. Mas qual é o vosso problema?» («We all seem to be in an arithmetical mood today», no Pharyngula, e traduzido livremente no Que Treta)

  2. «E interrogam-se sobre quem financiará esta campanha do fundamentalista islâmico que no seu website afirma querer desmascar a «impostura dos evolucionistas» e a ligação entre a ciência e (todos) os males do mundo moderno como sejam o fascismo, comunismo e terrorismo, ao mesmo tempo que pretende encorajar os leitores a abrir as suas mentes [até que os miolos caiam] e corações e guiá-los para serem mais devotados servos de Deus.»Tijolo criacionista nos Estados Unidos», no De Rerum Natura)
  3. «Voltando ao tema criacionismo, em Dezembro de 2006 o Guardian divulgou um podcast sobre este tópico, a ofensiva criacionista em Inglaterra, envolvendo igualmente o professor Wolpert e em que podemos ouvir o paleontólogo Simon Conway Morris e Richard Buggs, do TIS. O podcast surgiu na sequência da descoberta que um número desconhecido de escolas britânicas apresentavam aos seus alunos o material anti-ciência que, tal como o tijolo criacionista com que o Paulo foi agraciado, o TIS ofereceu aos professores responsáveis por ciência de todas as escolas secundárias britânicas.»(«Criacionismo na BBC», no De Rerum Natura)
16 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Como alguns comentadores apontaram, o pénis também tem uma função excretora. Só um homem muito sortudo, ou quase cego se acreditarmos na Igreja Católica, é que o utilizará com mais frequência para outro fim. Mas a canalização é a mesma. E mesmo que se condene também o sexo oral pela tal confusão que “não se deve” fazer, ainda assim é má educação passar à actividade generativa sem, pelo menos, uns beijinhos primeiro. Só a reprodução in vitro resolve as coisas sem “confusões”.»(«Treta da Semana: em nome da biologia.», no Que Treta!)
  2. «A leste de Santa Fé fica situado um dos locais mais bizarros do planeta, perto da pacata comunidade de Trementina, onde vivem cerca de 200 pessoas. Uma vista aérea da zona revela uns géoglifos geométricos deveras estranhos, que poderiam passar por símbolos inscritos pelos índios Nasca (entre III aC e VIII) no planalto do mesmo nome no Peru. O geóglifo é o símbolo oficial de uma corporação da Igreja da Cientologia designada como Church of Spiritual Technology e, de acordo com um artigo do Washington Post de 2005, identifica a propriedade como um local apropriado para os portais de regresso das viagens no espaço-tempo dos cientologistas do futuro, que a Igreja prevê serem grandes navegantes das estrelas.»Cientologia: doenças mentais são fraude», no De Rerum Natura)
  3. «A última ofensiva criacionista nos Estados Unidos: surge mais uma organização supostamente de «caridade», na realidade uma organização anti-ciência.

    A secretária de educação do estado de Hessen, na Alemanha, Karin Wolff, anda há cerca de um ano a tentar introduzir o criacionismo nas aulas de ciência do seu Estado.»(«Ofensiva criacionista na Europa contra-ataca», no De Rerum Natura)

13 de Julho, 2007 jvasco

Enviesamentos Cognitivos VIII – A religião está para durar?

Aproveito todos os artigos desta série para responder (um pouco fora de prazo…) à pergunta lançada para debate pelo Helder «será a religião eterna e inevitável?».
É pouco provável que a humanidade seja eterna. Nesse sentido, a religião não o será.
Mas será que vai acompanhar toda a história da humanidade daqui em diante? Que relevância terá?

Com os artigos anteriores espero ter mostrado que vários enviesamentos cognitivos são naturais no ser humano. E a religião decorre naturalmente deles, pelo que a religião também é natural (o que por si não tem nada de bom: a doença também é natural e não é por isso que deixamos de querer os «artificiais» medicamentos). Por várias razões, não é de esperar que o ser humano deixe de ser vítima destes enviesamentos cognitivos.

Mas, apesar destas tendências para o engano, o ser humano conseguiu aprender bastante sobre o mundo que o rodeia. Encontrou formas de contornar e menorizar tais enviesamentos cognitivos, e o empreendimento científico é um bom exemplo disso – apesar de cada cientista poder ser vítima de tais enviesamentos, a investigação vai sendo menos e menos afectada por eles.
A ciência não tem de – nem deve – ser a única história de sucesso. Numa democracia, numa sociedade do conhecimento, é vital que cada indivíduo tenha uma imagem adequada do mundo que o rodeia, uma imagem que não seja muito distante da realidade. Por isso, acredito que a humanidade vai aprender cada vez mais a lidar com estes enviesamentos, e a minorar as suas consequências.
Como a religião se alimenta deles, o treino e a capacidade de minorar estes enviesamentos vai tender a tornar a religião menos poderosa e influente. Em 1500, na Europa católica, era comum acreditar-se que as bruxas se podiam transformar em gatos, ou provocar tempestades (e havia gente a ser condenada pela inquisição com base em tais disparates…), e é possível que nessa altura tais crenças parecessem indisputadas e naturais. Mas com o nosso conhecimento do mundo, as coisas mudaram. A religião não faz hoje as alegações que faziam, e milagres como o de Fátima são coisas do passado: com os meios de comunicação e verificação, qualquer «milagre» com a mesma amplitude será rapidamente desmascarado enquanto fraude.

O nosso conhecimento acerca do mundo, e a nossa capacidade de o transformar num lugar melhor, cada vez menos prejudicada pelos vários enviesamentos cognitivos, também surtirá outro tipo de efeitos. Um grande apelo psicológico da religião, não referido nesta série de artigos, é a vontade de fugir às agruras da vida, a vontade de fugir a uma realidade que pode ser vista como cruel. E realmente existe muita evidência empírica de que quanto pior vivem as pessoas, mais religiosas são.
Mas quando, ao invés de fugir, lutamos com sucesso para tornar a realidade menos cruel, a religião ressente-se.

Existe a questão demográfica de muitas religiões (e não é por acaso…) encorajarem os crentes a ter muitos filhos, e as ideias dos pais terem sempre muita influência sobre os seus descendentes, mas ainda assim creio que a tendência, com o passar do tempo ao longo dos séculos, é que a religião vá perdendo aderentes, poder e influência.