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Carlos Esperança

30 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

Uganda – 25.000 crianças-soldados estão envolvidas na guerrilha pela luta dos rebeldes do «Exército de Resistência do Senhor» contra o governo. O drama é pungente. Parece a nova Cruzada dos inocentes, com meninos pobres a matar e a morrer, sem tempo para viver. Se o país tivesse petróleo não faltariam voluntários humanitários.

Saddam Hussein – Segundo informações, o antigo ditador está deprimido e desmoralizado. Passa o tempo a ler o Corão, diversão que não contribui para a sanidade mental. Aliás, a leitura do pouco recomendável livro é responsável por imensas tragédias e não poucas frustrações.

JC – «A Editorial Apostolado da Oração (A.O.) acaba de editar uma compilação dos documentos da Igreja acerca da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, inserida na colecção Coração de Cristo». Com tanta documentação dedicada ao coração, percebe-se mal o desprezo pela santíssima língua, o imaculado intestino grosso, o dulcíssimo fígado, os castos testículos, os radiosos pelos púbicos ou o divino maxilar inferior. A menos que JC nada tenha inferior e fosse portador de dois maxilares superiores.

29 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Há investimentos melhores e piores

José Maria Aznar, ex-primeiro-ministro espanhol, detém a mais alta condecoração dos EUA, à semelhança de Nelson Mandela ou Winston Churchill.

A distinção não se deve apenas – como se pensou – ao entusiasmo posto na invasão do Iraque pelo antigo simpatizante franquista, líder do PP, com ligações ao Opus Dei.

O seu Governo deu mais de um milhão e meio de euros a um escritório americano de advogados para fazer lóbi, nos EUA – um investimento modesto e excelente, que transformaria um papa-hóstias num governante respeitado.

O problema foi ter-se sabido da tramóia, que está a ser divulgada em todo o mundo. Em Portugal vem hoje na Visão.

O Opus Dei investiu mais, mas de forma mais rentável, para passar a «prelatura pessoal» de JP2.

A transferência de quase mil milhões de dólares para o IOR (Instituto das Obras Religiosas, piedoso nome sob o qual se disfarça o Banco do Vaticano), evitou a bancarrota e a vergonha associada às operações fraudulentas com o Banco Ambrosiano, de Roberto Calvi, amigo do peito e da missa deste Papa.

Como benefício suplementar (mil milhões de dólares dá para comprar Deus, quanto mais o papa) foram imediatamente encomendados milagres para quando se finasse Josemaria Escrivá, fundador da seita, a fim de ser canonizado em tempo recorde, excedendo todos os limites de velocidade canónicos.

28 de Julho, 2004 Carlos Esperança

A ICAR é uma multinacional que vende ilusões

Se um homem vende pomadas que curam o reumatismo, a enxaqueca, a dor de dentes e a prisão de ventre, é aldrabão;

Se uma cigana lê a sina na palma da mão e anuncia uma viagem para longe e um amor por perto, a troco de alguns cêntimos, é intrujona;

Se um merceeiro exalta a qualidade da mercadoria que é fraca, é um vigarista;

Se um taxista se engana no troco, é ladrão;

Se alguém empresta dinheiro a 10% ao mês, é agiota;

Se um indivíduo ouve conversas privadas e se aproveita delas, é malfeitor.

Sempre que alguém, para sobreviver, transgride a lei, arrisca um castigo. Mas há excepções:

Se um indivíduo distribui uma rodela de pão ázimo e diz que contém o corpo de um defunto famoso, é padre e administra a comunhão;

Se explora e devassa a vida íntima de pessoas simples, confessa;

Se diz que cura os pecados da alma e invoca poderes divinos, exerce o múnus;

Se expulsa demónios para ganhar a vida, exorciza;

Se chateia um garoto a mergulhar-lhe a cabeça numa pia de água e lhe recita uma lengalenga, baptiza;

Se faz cruzes com óleo na testa de um cristão, para lhe confirmar a desgraça, é o bispo da diocese.

Se vigariza multidões, certifica milagres, concede alvarás de santo, cria cardeais e bispos, assume que é o representante de um Deus pior que ele, promete destinos turísticos para depois da morte e vende passagens a prestações durante a vida, é o PAPA.

26 de Julho, 2004 Carlos Esperança

O perigo que as orações escondem

As mesquitas localizadas na União Europeia tendem a envolver-se na criminalidade e no terrorismo. Só quem desconhece o proselitismo que devora as religiões se poderá surpreender. Os templos nunca foram apenas locais piedosos, destinados à oração e aos sacramentos, mas infra-estruturas de apoio político à propagação da fé.

A conspiração e o crime são actos de devoção para um crente embrutecido. O assassínio e a tortura não passam da aplicação da justiça divina aos infiéis.

Em Portugal, após o 25 de Abril, era frequente ver padres que durante a ditadura completavam os rendimentos com uma avença da PIDE, como delatores, a vociferarem nas homilias contra a democracia. A pregação é o instrumento ideal para fazer a síntese entre as bizarras afirmações dos livros sagrados e os interesses do clero.

A democracia nunca se impôs sem conspirações do clero e a excomunhão das Igrejas. Veja-se a influência nefasta da ICAR na Itália, Espanha, América Latina ou Irlanda, ainda hoje. Da Polónia à Croácia, de Portugal aos EUA, a ICAR intriga, ameaça, engana e persegue. E, quando necessário, solta os membros do Opus Dei.

Claro que a civilização islâmica, em franca decomposição, que recusa a modernidade, odeia a democracia, não abdica do carácter misógino e considera o Corão um código de conduta perfeito, é o húmus onde germina o ódio, a violência e o crime.

Os templos são antros de obscurantismo onde os fiéis se julgam convocados por Deus para o exercício de pias patifarias a troco do Paraíso. Os clérigos sôfregos de poder e honrarias não têm limitações éticas. Julgam poder responder apenas perante o Deus que fabricaram.

24 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Chantagem episcopal em Espanha

O prestígio divino continua em queda desde o fim da ditadura. O apoio da ICAR à repressão franquista e a promoção do ditador como enviado da Providência, causou-lhe sérios embaraços, mas manteve-lhe intactos os privilégios.

Assim, enquanto Deus se transforma num mero instrumento para convencer as crianças a comer a sopa e a tirar o dedo do nariz, os numerosos bispos e cardeais que assolam a Espanha não prescindem da ameaça, intimidação e chantagem sobre o Governo, para perpetuarem o poder. Contam com um poderoso exército de padres distribuídos por paróquias e milhares de sequestrados, monges e freiras, embrutecidos pela clausura, prontos a serem largados em procissões de desagravo, a abanar terços e recitar ladainhas.

A anunciada legalização de uniões homossexuais pelo Governo legítimo de Espanha (a ICAR dá-se mal com a democracia) encontra uma feroz oposição no episcopado como já aqui foi referido pela Mariana.

O presidente do sindicato dos bispos [Conferência Episcopal Espanhola (CEE)], cardeal António Maria Rouco, declarou, em nome da CEE, «apóstatas» todas as pessoas que concordem com a legalização das uniões de facto entre homossexuais.

É a primeira vez, depois do concílio Vaticano II, que um dignitário da ICAR assume para um grupo social tal classificação, que expulsa os visados da ICAR.

É uma catástrofe para fregueses das missas, avençados da eucaristia, amantes das peregrinações e das procissões ou simples devotos das jaculatórias e outros divertimentos litúrgicos, incluindo os sacramentos.

Calcule-se o efeito devastador nas zonas rurais, beatas e analfabetas com a denúncia dos apóstatas, perante o eterno silêncio de Deus e o insuportável ruído do clero.

post scriptum – Sobre os crimes sexuais do clero católico em Espanha (só os crimes julgados e cujas sentenças transitaram em julgado) vale a pena ler «A Vida Sexual do Clero», de Pepe Rodríguez, Publicações Dom Quixote, 1.ª edição: Julho de 1996.

23 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Hospitais da Universidade de Coimbra – uma coutada da ICAR

Hoje estive na consulta externa do serviço de Urologia do HUC.

Dezenas de doentes do foro oncológico, vários transplantados e outros, enchiam literalmente a sala de espera cujas paredes pareciam as de uma mercearia, pejadas de cartazes, anúncios e promoções várias.

Os cartazes mais luxuosos, presos com fita-cola, pertenciam à Pastoral da Saúde.

Um anunciava a «Ressurreição tempo de Vida Nova», outro asseverava que «Toda a dor pode provocar nova atitude perante a vida, perante os outros, perante si próprios».

Mas o cartaz mais bárbaro e terrorista pertencia à «Evangelização e Serviço Integral dos doentes de Família». Nele se podia ler, a dado momento:

«A conhecida escritora e mística francesa, Isabel Leseure, escreveu acertadamente que a dor é a grande aliada de Deus para a conversão, interiorização e salvação do homem».

Este insólito terrorismo psicológico perante doentes fragilizados é ilegal. Mas que importa a legalidade à prosélita enfermeira que cola crucifixos com adesivo nas salas de consulta, perante a passividade do pessoal de saúde, da direcção do serviço, da administração do hospital, convicta do temor reverencial dos enfermos? 

?! – Que diriam os propagandistas da fé se um cartaz modesto, ao lado dos seus, esclarecesse:

«A única desculpa de Deus é não existir» (F. Nietzche).

22 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Proteja-se… c/ Nossa Senhora do Carmo

Recebi esta mensagem do Convento de Portugal [mailto:[email protected]] que quero partilhar com os leitores, sobretudo com aqueles que julgam que não há outros profiláticos para além do preservativo.

Passe a publicidade, aqui fica:

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Proteja-se com o manto maternal da Nossa Senhora do Carmo. Use o colar sempre no seu pescoço garantindo assim protecção contra o mau olhado, as invejas, e os azares da vida, iluminando as trevas do seu espirito com a sabedoria da Nossa Senhora do Carmo.



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por cada encomenda a oferta de um crucifixo.

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A todas as pessoas que recebem este e-mail

Para remover click aqui ao lado –> REMOVE E-MAIL

ou envie-nos um e-mail para [email protected] indicando como “Assunto: REMOVE”

Nota Especial: Se por acaso mesmo assim o seu pedido não for atendido envie um e-mail para [email protected] pois este e-mail terá atendimento personalizado e todas as remoções serão tratadas manualmente, pois por vezes, não sabemos porque motivo, a rotina automática não funciona…

As nossas desculpas pelo incómodo e muito obrigado!

22 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Dependências

«Preferia que víssemos as pessoas religiosas… como fumadores.

Pessoas que têm um problema, com as quais temos de ser tolerantes».

Daniel Dennet, filósofo norte-americano

(citado pela revista Visão, hoje)

22 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Notas piedosas

Forças Armadas – D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas e de Segurança, crismou 40 militares (rapazes e raparigas) no Campo Militar de Santa Margarida e celebrou também 2 baptismos. [Januário Torgal Ferreira sublinha que -eles têm ali um padre à mão – e que lhes faz «uma proposta»].

Imaginem que, em vez de um padre, estava lá um passador de droga.

O turismo e a promoção da fé – Não querendo Maomé ir à montanha vai a montanha a Maomé. Neste caso é a ICAR que serve missas ao domicílio na diocese espanhola de Valência, mais de 350 missas ao fim de semana, «entre as toalhas e os chapéus de sol», esclarece a Agência Ecclesia.

As campanhas de prevenção da SIDA aguardam o fim da liturgia.

ICAR ataca – «Uma delegação da Santa Sé deslocou-se ao Vietname de 27 de Abril a 2 de Maio, tendo-se encontrado com membros do ministério dos negócios estrangeiros e do partido comunista local». O Vaticano conseguiu aumentar a quota de seminaristas.

As boas relações entre as duas ditaduras são abençoadas por Deus ou, no mínimo, por JP2.

21 de Julho, 2004 Carlos Esperança

O Vaticano e os escândalos sexuais

Desanimado com o perfil inquietante de tantos papas da Igreja católica (ICAR), sempre quis encontrar algum cujas qualidades o recomendassem.

Elegi João XXIII como um homem bondoso, amigo do diálogo, amante da paz e sinceramente amargurado com o passado da ICAR. Dediquei-lhe consideração e estima e julguei-o possuidor de elevados padrões éticos.

Calcule-se a estupefacção perante um documento secreto da sua autoria, em latim, que ameaçava de excomunhão os fiéis que denunciassem à justiça crimes sexuais cometidos por padres. Apesar de enviado a todos os bispos, a ICAR negou a existência de tal documento, mentira que se insere na matriz genética do Vaticano, até ser confrontada com um exemplar, datado de 1962, com o selo do papa João XXIII.

O silêncio, a intriga e a mentira são tradições da Cúria romana. Quem é que vai agora acreditar na boa fé do papa actual, JP2, ao mandar um bispo a investigar o escândalo sexual num seminário católico próximo de Viena e que está a abalar a Áustria?

Claro que não é a investigação que move a ICAR mas, apenas, a limitação dos danos.