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O Vaticano e os escândalos sexuais

Desanimado com o perfil inquietante de tantos papas da Igreja católica (ICAR), sempre quis encontrar algum cujas qualidades o recomendassem.

Elegi João XXIII como um homem bondoso, amigo do diálogo, amante da paz e sinceramente amargurado com o passado da ICAR. Dediquei-lhe consideração e estima e julguei-o possuidor de elevados padrões éticos.

Calcule-se a estupefacção perante um documento secreto da sua autoria, em latim, que ameaçava de excomunhão os fiéis que denunciassem à justiça crimes sexuais cometidos por padres. Apesar de enviado a todos os bispos, a ICAR negou a existência de tal documento, mentira que se insere na matriz genética do Vaticano, até ser confrontada com um exemplar, datado de 1962, com o selo do papa João XXIII.

O silêncio, a intriga e a mentira são tradições da Cúria romana. Quem é que vai agora acreditar na boa fé do papa actual, JP2, ao mandar um bispo a investigar o escândalo sexual num seminário católico próximo de Viena e que está a abalar a Áustria?

Claro que não é a investigação que move a ICAR mas, apenas, a limitação dos danos.