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Hospitais da Universidade de Coimbra – uma coutada da ICAR

Hoje estive na consulta externa do serviço de Urologia do HUC.

Dezenas de doentes do foro oncológico, vários transplantados e outros, enchiam literalmente a sala de espera cujas paredes pareciam as de uma mercearia, pejadas de cartazes, anúncios e promoções várias.

Os cartazes mais luxuosos, presos com fita-cola, pertenciam à Pastoral da Saúde.

Um anunciava a «Ressurreição tempo de Vida Nova», outro asseverava que «Toda a dor pode provocar nova atitude perante a vida, perante os outros, perante si próprios».

Mas o cartaz mais bárbaro e terrorista pertencia à «Evangelização e Serviço Integral dos doentes de Família». Nele se podia ler, a dado momento:

«A conhecida escritora e mística francesa, Isabel Leseure, escreveu acertadamente que a dor é a grande aliada de Deus para a conversão, interiorização e salvação do homem».

Este insólito terrorismo psicológico perante doentes fragilizados é ilegal. Mas que importa a legalidade à prosélita enfermeira que cola crucifixos com adesivo nas salas de consulta, perante a passividade do pessoal de saúde, da direcção do serviço, da administração do hospital, convicta do temor reverencial dos enfermos? 

?! – Que diriam os propagandistas da fé se um cartaz modesto, ao lado dos seus, esclarecesse:

«A única desculpa de Deus é não existir» (F. Nietzche).