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A Ucrânia, a anarquia e o futuro

Não me sinto capaz de tomar partido na rebelião popular, atiçada do exterior, num país em ruínas. A pobreza extrema, uma agricultura destruída no que foi o celeiro da Europa, a divisão étnica e a tradição autoritária e antidemocrática estão na origem de confrontos, que ameaçam continuar, para vingar o sangue já derramado.

Não vale a pena, agora, recordar as matanças e as migrações forçadas por Estaline que alteraram a matriz étnica e cultural do segundo maior país da Europa.

O que não entendo é a explosão do nazismo em apoio aos partidos que anseiam a união à Europa, como se a Rússia fosse um país africano e os nazis indefetíveis partidários da União Europeia. Também não entendo o apoio de alguma esquerda às forças pró-russas como se Moscovo fosse um soviete dirigido pelo comunista Ieltsin.

A disputa entre potências capitalistas, com a Rússia a ser alvo do apetite da Nato, pode provocar uma hecatombe e debilitar o poder russo. De certeza, altera-se a correlação de forças, com a NATO contida nos limites atuais, uma derrota para a Europa que serve de ponta de lança aos EUA, ou expandida até à fronteira russa, com a derrota de Moscovo.

É curioso ver comunistas a defenderem o poder sufragado em eleições e os reacionários a apoiarem histericamente a insurreição e atos de justiça popular, posições corajosas de quem está longe do conflito.

Debilitar a Rússia é acender o rastilho das antigas repúblicas soviéticas onde o fascismo islâmico pretende a desforra e a sharia, enquanto a Turquia se orienta, a recitar o Corão, em direção a Meca e as primaveras árabes mergulham na anarquia e nas cinco orações.

Com os erros da meteorologia euro/americana a anunciar primaveras árabes, temo que a Rússia fique à mercê de irrefreáveis hordas islâmicas que, no ocaso da civilização árabe, exacerbam a devoção e a demência.

E não haverá inocentes.