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  • 3 de Agosto, 2013
  • Por David Ferreira
  • Ateísmo

APARIÇÃO

nesse mundo alucinado

descrito pela crendice

há um ser afeminado

que surge desesperado

a incentivar a doidice

 

se das cidades se aparta

é no ermo que fulgura

se ao douto não escreve carta

porque o delírio o enfarta

ao ignaro aduz a cura

 

e ei-lo que parte luzindo

esse ser hermafrodita

os olhos de luz ferindo

a quem anda desavindo

com sua própria desdita

 

com sussurros se escrevinha

do engano a inocência

traço a traço linha a linha

se  alicia e se adivinha

uma anuente audiência

 

cega-se o espírito ao pobre

com votos de salvação

nega-se o sossego ao nobre

e todo o logro se encobre

comerciando a absolvição

 

os olhos cegos de Sol

não vêem mais que clarões

são espelhos de um farol

com que se engoda o anzol

que naufraga em emoções