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A sucessora da Santa da Ladeira

Foi há um ano que a Santa da Ladeira, Maria da Conceição, morreu de uma paragem respiratória. No entanto, o tempo ainda não apagou a presença da «Mãe Maria», como lhe chamam os peregrinos, e a sua obra continua. Teresinha é a sucessora da Santa da Ladeira.

Descendente de Maria da Conceição e Humberto Horta, tem 33 anos, como Jesus Cristo (pura coincidência), e, apesar de não ser filha única, afirma ter sido escolhida para suceder à Santa da Ladeira enquanto criança. «Foi Deus que me escolheu, através da Mãe Maria», diz, fundamentando a escolha com uma «intervenção divina» a que foi sujeita para curar uma doença… a sua doença. «Em criança eu era epiléptica, quase não me segurava de pé e foi a Mãe Maria que me curou, oferecendo o meu corpo e alma a Deus. E eu, com a fé que tenho, aceitei livremente a missão de continuar a sua obra».

Teresinha é a intermediária dos pedidos dos crentes. «Eu ouço as suas preces e digo-lhes que vou pedir ajuda a Deus e à Mãe Maria. Ela prometeu-me que nunca me iria deixar e com essa ajuda consigo cumprir o meu papel», afirma a sucessora. Quanto ao sucesso na cura efectiva de alguém, este é inexistente. A irmã Teresinha apenas ajuda a resolver problemas, graças à «ajuda espiritual» da Santa da Ladeira.

O culto à Santa da Ladeira começou há 35 anos, numa capela junto à estrada nacional que liga Torres Novas ao Entroncamento. Com o decorrer do tempo e com o aumento do número de contribuintes, perdão, fiéis, foi construído um santuário de dimensões modestas, inaugurado em Fevereiro de 2000, numa cerimónia que contou com representantes internacionais da Igreja Ortodoxa.

A ICAR nunca reconheceu a veracidade das visões de Maria da Conceição, o que não impediu o apadrinhamento da Santa da Ladeira pelos Ortodoxos.

Apesar da bênção de Deus, a Fundação Maria da Conceição e Humberto Horta atravessa um momento difícil. Três freiras denunciaram a existência de maus tratos e abusos sexuais em crianças do lar, o que deu lugar a uma investigação da Polícia Judiciária e a uma inspecção da Segurança Social, que entregou os menores às famílias.

Como todos os fenómenos num país onde o obscurantismo da crendice ainda impera, este perdurará ainda por alguns anos e algumas dezenas de pessoas continuarão a explorar e a beneficiar da pobreza de espírito de outras.