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O Povo saiu à rua num dia assim

Daqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas – foi assim que o país ficou a conhecer a Liberdade.

Portugal vivia encoberto por um clima de terror que se vinha arrastando há décadas. A “Primavera Marcelista” foi curta e acabou com qualquer esperança de auto-renovação do regime. Descontentes com a política isolacionista do governo, com as perseguições levadas a cabo pela PIDE/DGS, com a censura dos meios culturais e de informação e com uma guerra colonial inconsequente, um grupo de capitães do exército decidiu por fim à ditadura.

Foi naquela manhã de 25 de Abril que o Povo acordou para a revolução e celebrou a nova democracia. Teria sido uma revolta sem sangue se não fosse a atitude infame tomada pela polícia política que disparou sobre manifestantes reunidos à frente da sua sede: morreram quatro pessoas e quarenta e cinco ficaram feridas.

Trinta anos depois, Abril deve ser lembrado não como mais um feriado, não como mais um dia em que a programação da RTP transmite paradas militares, mas como um despertar de consciências. Actualmente, o país vive num marasmo ideológico: o Povo soberano não quer saber da sua soberania. Isto não é evolução. Ter das mais altas taxas de abstenção da Europa não é evolução. Ver todos os dias um crescente desinteresse pelos desígnios do país não é evolução. Toda esta estagnação intelectual reflecte-se na nossa classe política, que nada mais é do que o espelho da sociedade que a elege.

Todos precisamos de acordar, de lutar pelos interesses que nos são caros, de lutar por uma República verdadeiramente livre e democrática. Não basta dizer mal, é preciso intervir. Para isso, é preciso que todos conheçamos o funcionamento das instituições democráticos e, desta forma, ter uma consciência cívica que compreenda um Estado de Direito Democrático. Porque não é só ter direitos, há que saber exercê-los de forma livre e esclarecida.

Não nos devemos esquecer igualmente que, por muito que se diga que a Democracia esteja em crise, não podemos cair na tentação de apoia ideologias que, embora disfarçadas, conduzam, uma vez mais à intolerância, à clausura e ao fascismo.

Pela República!

Pela Democracia!

Pela Liberdade!

Pela Laicidade!

25 de Abril Sempre, fascismo nunca mais!