12 de Janeiro, 2019 Carlos Esperança
Humor de Eugénio Merino – Espanha
Na fé, como na tropa, a antiguidade é um posto.
Na fé, como na tropa, a antiguidade é um posto.
Por
Diogo Fonseca
A ignorância é um conhecimento persistente
Como estudante de História e amante da mesma tenho a possibilidade de estudar e investigar o percurso da Humanidade. Um facto que constato (que na minha opinião é muito interessante) é que, cada vez que estudo e investigo, encontro mais provas da inexistência de Deus, e uma das conclusões que retiro é que o Homem não descobre algo novo de um momento para o outro, não existe uma ideia original que mova “escolhidos”, não! O que existe são várias influências culturais que são adotadas e manietadas por um determinado povo, para fazer de si ideias messiânicas. Mas como na investigação histórica, não existe história sem factos, vamos analisar alguns exemplos que vão clarificar a minha argumentação.
1- Génesis, o conhecido “Jardim do Éden”, ou seja, o paraíso terreno onde Adão e Eva foram criados – Este mito do paraíso é na verdade uma influência da Suméria e da cultura da Mesopotâmia (uma cultura que vou com frequência exemplificar), pois o “Dilmun” – o paraíso sumério, era um fértil oásis entre as montanhas. Este mito do paraíso é retomado muito mais tarde pelos hebreus, pondo em evidência no Génesis.
2- A segunda influência adotada foi na conhecida “Epopeia de Gilgamesh”. Este antigo poema épico da Mesopotâmia, é uma das primeiras obras conhecidas da literatura mundial. Neste épico encontra-se a mais antiga história do dilúvio, onde mais tarde os hebreus vão escrever no Génesis o aniquilamento da humanidade, onde o responsável pelo “salvamento” da humanidade é identificado por Noé, mas na tradição mesopotâmica é Utnapishtim.
3- Avançando para o Egito, também encontramos aculturações por parte dos hebreus. O Faraó, Amenófis IV ou mais tarde Akhenaton, o seu filho é o célebre Tutankhamon, mas este faraó não é muito conhecido, pois os antigos egípcios tentaram a todo custo apagá-lo da história. Este faraó teve a ideia que as religiões abraâmicas adotaram – o Monoteísmo. Ele queria acabar com todas as divindades, e manter só uma – o deus Aton. Como é evidente esta ideia não teve o resultado desejado porque, depois da sua morte, o seu filho Tutankhamon, voltou a adotar todas as divindades. Não podia romper com a tradição muito antiga da grande diversidade de deuses egípcios, mas esta mudança de paradigma de Amenófis IV ou Akhenaton pode ser vista como a criação do Monoteísmo que irá ser adotada pelo povo hebreu. Para fechar esta parte do Egito refiro que a deusa Isis é a primeira representação da virgem Maria, pois esta deusa egípcia também gerou um filho sem o relacionamento com um homem.
4- No último exemplo vou referir as célebres “Tábuas da lei” de Moisés, mais conhecido como os 10 mandamentos; a sua fonte primária é o 1º código de leis da humanidade – o código de Hammurabi. Hammurabi foi rei da Babilónia e compilou em 1675 a.C. este extenso código de leis. Nos 10 mandamentos que Deus entregou a Moisés no monte Sinai, podemos ver onde Deus foi buscar a sua fonte de inspiração.
Em suma, as influências que o povo hebreu recebeu dos egípcios e da Mesopotâmia foram depois criadas para legitimar a sua crença. Assim constatamos que a religião é uma construção humana e cultural e que a fé é uma maquinação elabora ao longo da história.
Deus, cansado dos disparates que fez, das maldades que praticou ou envergonhado dos preconceitos, emigrou para lugar incerto e, depois da invenção da escrita, nunca mais deu sinais de vida. A Revolução Francesa criou-lhe um habitat adverso, o sufrágio universal reduziu-o a bagatela, e, por não se ter inscrito nos cadernos eleitorais, passou a valer menos do que qualquer eleitor.
Os truques que fazia, as diversões com que embasbacava os primitivos, contrariando as leis da Física, os milagres que exibia para estupefazer os terráqueos, tudo isso foi sendo revelado pela ciência enquanto o progresso concebeu espaços de liberdade que um deus arrogante não suporta. Tal como o patrão que arruinou a fábrica, fugiu, alheio à sorte dos servidores, e nunca mais foi visto nem julgado.
Os empregados mais devotos, os clientes mais timoratos e os oportunistas mais afoitos continuaram a garantir a sua existência e a ameaçar com os castigos de que ele é capaz. Desejam fazer indigentes mentais, como os portugueses que esperam D. Sebastião, ou aliciar oportunistas com ilusões garantidas e ameaças assustadoras.
A excomunhão e a fatwa são duas armas carregadas de ódio; o Inferno é ainda o destino com que os clérigos aturdem os incréus; a penitência e a oração são as penas suaves, quando os meios mais expeditos são interditos; a lapidação, a fogueira, a decapitação, a amputação de membros, a deflagração bombista e outras formas de justiça, despachadas a mando do clero impetuoso, mantêm-se em vigor para deleite divino.
Deus sempre se imiscuiu nos processos eleitorais. Em países democráticos faz pender o prato para o lado pior, nos outros vai entravando as eleições com o argumento de que a lei divina não é passível de juízo humano. Há suspeitas de que Deus visitou os EUA, antes da eleição de Bush, passa largas épocas no Médio Oriente, percorre os países pobres de África e anda em campanha por algumas repúblicas da antiga URSS. Onde lhe cheirar a guerra, Deus não falta, para dilatar a fé.
O método destinado à multiplicação da espécie humana saiu-lhe mal – a reprodução por estaca. Usou um ramo ‘costela’ de um indivíduo para o duplicar. Os humanos acharam outro método mais fácil e deleitoso. Dizem os beatos que é obsceno, só aceitável para fazer filhos e não para folgar. Pensa-se que Deus tinha este método reservado para o fabrico de tratores mas os humanos apropriaram-se dele muito antes de os tratores terem sido inventados, sem ajuda divina.
Interrogo-me sobre o que levará tantos voluntários a morrer e a matar para agradarem a um deus que desconhecem sendo incapazes de um pequeno sacrifício pelas pessoas que sofrem à sua volta.
Parece que o medo do Inferno e a sedução do Paraíso exercem influência maléfica em quem prefere sacrificar-se por uma ilusão a evitar o sofrimento humano.
Por
ONOFRE VARELA
No último artigo falei sobre o Natal de um ateu. Ficou-se a saber que é exactamente igual ao de um católico, retirando-lhe as liturgias próprias do culto da efeméride.
O nascimento de Jesus Cristo aconteceu do mesmo modo como se faz, e nasce, uma criança em qualquer parte do mundo. A anunciação, a virgindade de Maria e a visita dos reis magos guiados por uma estrela, é folclore de uma narrativa religiosa que não passa de mito. A perseguição do bebé por Herodes, a infância de Jesus dando lições a doutores, e a ressurreição, fazem parte da mesma mitologia cristã.
A estória de Herodes na matança de bebés, é cópia de uma narrativa do deserto, anterior a Jesus, segundo a qual o rei Zohak sonhou que ia ser morto. Perguntou ao mago da corte o que significava o sonho, e o mago disse-lhe que tinha acabado de nascer o homem que o haveria de destronar. Em pânico por vir a perder o poder, Zohac mandou matar todos os bebés.
A vida de Jesus Cristo (a ter existido realmente) não foge ao que era o normal na Palestina invadida pelo poder de Roma. Havia vários grupos religiosos esperando um messias que libertasse aquelas terras do jugo romano (hoje seriam movimentos políticos). João Baptista teria formado um deles, cujo rosto foi Jesus, talvez por ter mais carisma e convencer mais gente.
No seu tempo ninguém registou a vida de Jesus, que seria um ilustre desconhecido, e o próprio historiador Josefo, pouco diz sobre um pregador que foi sentenciado à morte. E Juvenal, poeta que satirizava os costumes, não o refere, o que sublinha o desconhecimento total da sua existência.
O Cristianismo resultou de uma criação posterior à morte de Jesus, que foi sendo construída através do tempo. E só existe hoje porque o imperador Constantino, no século IV, deixou de perseguir os cristãos reciclando o culto em religião de Estado, transformando-o em ferramenta política. Criou Constantinopla onde elementos religiosos gregos, romanos e cristãos acabaram por se fundir no Catolicismo. Quinhentos anos depois (século IX) Carlos Magno cimentou os alicerces da cristandade medieval.
E o presépio é uma criação de Francisco de Assis no século XIII. O frade baseou-se nos Evangelhos para retirar elementos. Porém, dos quatro evangelistas, só Lucas refere o nascimento de Jesus numa manjedoura, e que foi visitado por pastores (Lucas: 2;7-20), omitindo a visita dos reis magos (que está em Mateus:2). Francisco encenou o nascimento num estábulo, decorando-o com um burro e uma vaca, pastores, carneiros e os três reis magos. É uma imagem bonita, mas não é História!…
Numa revista espanhola li o Horóscopo da semana de Natal. Todos os signos do Zodíaco falavam em reunião de família, festa, crianças e boa comida. Em nenhum referia o acto de dar e receber prendas. Porquê? Porque em Espanha, aquilo a que nós chamamos “prendas de Natal”, são trocadas no dia de Reis… o que, segundo a lenda dos Reis Magos, faz todo o sentido!
Para cada cultura, a sua própria liturgia…
(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)
Vaticano – O regresso ao Concílio de Trento
Os «pérfidos judeus» de uma oração da Sexta-feira Santa (abolida só em 1960) podem recuperar o adjetivo pela vontade de Bento 16 cujo ímpeto reacionário e proselitismo religioso só encontram paralelo nos mais histéricos mullahs.
Pedir a Deus que tenha piedade, «até dos judeus», inscreve-se no mais demente espírito persecutório do antissemitismo cristão cujas consequências estão vivas na memória do holocausto. Do Vaticano sopra o ódio vesgo, o racismo do N.T., a xenofobia romana, o horror à diferença e à liberdade.
B16 é a incarnação dos demónios totalitários, a verter latim por entre odores de incenso e borrifos de água benta, ao som do cantochão. O Pontífice conhece bem a história mas não aprendeu a democracia que viu florir à sua volta como obra do Demo.
Hitler aprendeu no cristianismo a odiar os judeus. Bento 16 bebeu na Bíblia, que sabe de cor, o ódio que lhe percorre a face, da tiara até às orelhas, e nas fogueiras do Santo Ofício que o seu Deus só se impõe à humanidade através da exterminação dos inimigos.
A face tolerante do cristianismo não é mais do que a máscara que cobre a raiva e o ódio que a Reforma, a Revolução Francesa e o secularismo o obrigaram a afivelar. Se, por um instante descurarmos a vigilância contra o asco que crepita envolto em sotainas não tarda que novas cruzadas e velha fogueiras defendam a pureza da fé católica e o ódio torpe dos clérigos romanos à democracia e à civilização numa orgia totalitária ao gosto do pastor alemão.
Do livro «A Igreja católica e o Holocausto – Uma dívida moral», Daniel Jonah Goldhagen, respigo os dados seguintes:
– O Evangelho segundo S. Marcos tem cerca de 40 versículos antissemitas;
– O Evangelho segundo São Lucas tem cerca de 60 versículos explicitamente antissemitas e apresenta João Baptista a chamar aos judeus «raça de víboras»;
– O Evangelho segundo São Mateus tem cerca de 80 versículos explicitamente antissemitas:
– Os Actos dos Apóstolos têm cerca de 140 versículos explicitamente antissemitas:
– O Evangelho segundo S. João contém cerca de 130 versículos antissemitas.
«Só estes cinco livros contêm versículos explicitamente antissemitas suficientes, num total de 450, para haver em média mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia» (pág. 316 e seguintes).
Será por acaso que a Hungria lidera hoje o retorno ao nazismo, com o populismo e a demagogia a cevarem a extrema-direita? A Polónia e a Roménia seguem-lhe os passos. O Holocausto parece esquecido ou os povos não têm memória.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.