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Categoria: Religiões

8 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

A fé é que os desculpa

Se a religião tem como referência um indivíduo cuja existência é duvidosa ou um rude pastor que plagiou a Bíblia, livro de origem duvidosa e medíocre valor histórico, algo compromete o negócio da fé.

Cristo, aquele que dizem ter sido espetado num sinal mais para resgatar os pecados dos outros, espécie de masoquista sem tino, pode não ter existido, como sustentam o professor G. A. Wells, da Universidade de Londres, na obra «Did Jesus Exist?», Emílio Bossi em «Cristo Nunca Existiu» ou, ainda, como o admite Renan na «Vida de Jesus».

Os quatro evangelhos que sobraram de uma febril produção para inventar um Deus a partir de um homem, criaram o primeiro e nada provam do segundo. O cristianismo é uma burla que partiu de outra – o judaísmo – e havia de dar origem a numerosas outras de que a mais perigosa é ainda o islamismo – um plágio grosseiro e perverso.

A história do cosmos começou há cerca de doze mil milhões de anos mas um clérigo, o famoso bispo James Ussher de Armagh, concluiu que a Terra (só a Terra, não o cosmos) nasceu no sábado de 4004 a.C., às seis horas da tarde. É este rigor na mentira que dá mais crédito à fé e mais fé aos crentes.

O Antigo Testamento é um texto horrível da Idade do Bronze do qual evoluíram três religiões desumanas que alimentam uma multidão de parasitas pelo Planeta. Cristo é o ganha-pão de muitos e está na origem do luxo e ostentação dos Papas e não pára de dar origem a pequenos e lucrativos negócios: IURD, Mormonismo e outros.

Com tanta mentira valha-nos a divertida ignorância daquele Governador do Texas a quem inquiriram se achava bem o ensino da Bíblia em espanhol e ele respondeu que se o inglês foi suficientemente bom para Cristo se exprimir, não via necessidade de se usar outra língua.

6 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

As consagrações pias

Se há abuso e insolência que uma pessoa honrada não pode aturar é que um primata de tiara e de vestidinhos de seda consagre o seu país a uma entidade mitológica da sua fé como se o país lhe pertencesse e os cidadãos tenham de aturar semelhante despautério.

Não é o mal que faz uma consagração – um placebo de reconhecida inutilidade –, é o desaforo do biltre, a prepotência do autocrata, o abuso de considerar protectorado de um bairro mal frequentado um país democrático e de amplas liberdades.

Consagrar um país a uma qualquer imaculada reverenciada pela fé católica é ofender o carácter laico desse país, afrontar com o acto todos os crentes da concorrência e os descrentes de todas as fés.

Pois, de vez em quando, o Papa, os cardeais ou os bispos, agitam o hissope, aspergem com água benta que só eles distinguem da outra e encomendam um país com ateus lá dentro ao espírito santo, à virgem Maria ou a outro espécime pio fabricado no Vaticano.

A prepotência chega ao ponto de insultarem os ateus, de imporem as normas morais aos que desprezam Deus e os seus parentes, aos que vêem um bispo e têm náuseas e aos que ouvem o Papa e vomitam.

Se querem respeito, respeitem os outros. A excomunhão é outra farsa em uso e uma manifestação de ódio que não deve ser consentida. Uma santa alimária que até já fez um milagre – Pio IX –, excomungou os democratas e livres-pensadores. Os ateus têm sido excomungados por todos os Papas. Vejam lá se esses energúmenos não merecem o nosso desprezo e a mais viva repulsa!

4 de Janeiro, 2008 Hacked By ./Localc0de-07

O verdadeiro cristo

Agora é que é mesmo a história do verdadeiro cristo, as anteriores também eram as verdadeiras mas para vender é necessária a novidade, eis que é desta a história correcta do homem que veio à terra para salvar tudo e todos e foi pregado, realmente ninguém lhe tinha pedido rigorosamente nada.

“Jesus de Nazaré” é o sucesso recente do Bento, o dezasseis, com 2 milhões de exemplares vendidos, mais uma das quase infinitas verdadeiras histórias do homem da cruz, o tema é inovador, todos os dias, uma marca económica bastante sólida no mercado e de promissoras verbas. Livro verdadeiro da verdadeira história do cristo, da verdadeira religião do verdadeiro deus, tudo muito verdadeiro excepto as mentiras.

Livro de Bento XVI já vendeu 2 milhões de exemplares

4 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

A crise do Osservatore Romano

O pasquim do Vaticano está em crise. Primeiro foram-se os leitores, fartos de notícias pias e informações duvidosas. Depois foram-se os compradores, convencidos de que há papel mais barato e higiénico. Finalmente, em desespero, o director do Osservatore Romano, sabendo do desprestígio da ICAR, afirma que «é o jornal do Papa, mas não um órgão oficial da Igreja», convencido de que o Papa merece maior credibilidade.

Por aqui se vê que o Papa não é a voz da Igreja, é um empresário em nome individual, um comerciante da fé por conta própria, um gestor com poder discricionário sobre os empregados.

Nas ditaduras é assim. Não há uma constituição, não há direitos individuais, não existe contabilidade organizada. No antro do Vaticano há um primata de camauro que diz que a religião católica é a única verdadeira e que cabe aos crentes o dever de evangelizar os outros, sejam eles crentes, agnósticos ou ateus.

Valha-nos que, depois de ter perdido o poder temporal, se lhe acabaram os métodos de persuasão cristã onde a tortura e o churrasco gozaram de enorme popularidade.

Há um aspecto em que o Papa, que tanto ulula contra o ateísmo, se aproxima dos ateus. Considera todas as outras religiões falsas, tal como qualquer ateu. Bastava-lhe incluir a sua para entrar no bom caminho, atingir a verdade e tornar-se uma criatura recta.

Claro que atingia o negócio, os sapatinhos vermelhos, a guarda Suiça, os vestidinhos de renda e seda, o segredo para transformar a água vulgar em benta, o comércio dos santos, das indulgências, dos sacramentos e de toda a gama de produtos pios com que embrulha os crédulos. 

3 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Eu e os crentes

Conheço e aprecio quase todas as grandes catedrais católicas da Europa, bem como os templos protestantes e ortodoxos, alguns templos budistas e mesquitas.

Do Brasil ao Canadá, de Lisboa a Roma, de Atenas a Marrocos, de Efésio a Londres, da Tailândia aos EUA, nunca deixei de apreciar a arte sacra: a arquitectura, a escultura, a pintura e a música. O ateísmo que perfilho, há meio século, nunca me embotou a sensibilidade nem me levou a desequilíbrios psíquicos que me transtornassem em sítios onde os crentes cantam, rezam e se divertem em festejos místicos.

Nunca pensei entrar num templo para fazer a apologia do ateísmo, gozar os crentes que se ajoelham, rastejam e espojam ao som do latim, do grego, do árabe ou da língua autóctone.

Desprezo as crenças, aborrecem-me os sinais cabalísticos, condoo-me com os embustes com que o clero explora, aterroriza e torna infantis os crentes, mas não interfiro entre o clérigo quer vigariza e o crédulo que cai no conto do vigário.

Podia esperar a mesma postura dos avençados da fé que entram no Diário Ateísta como piolhos em costura. Vêm com surro no cérebro e ódio no coração, fartos de rezas e água benta, a cheirar a incenso e fumo de velas, com o mesmo fanatismo que leva os judeus a quererem derrubar o Muro das Lamentações à cabeçada e os muçulmanos que desejam abrir a porta do Paraíso com explosivos.

Eu sei que a fé os enlouquece, que as orações os embotam e os jejuns os debilitam, mas os padres podiam ensinar-lhes o tino que lhes falta e as maneiras que se usam em casa alheia. Mas vá lá alguém convencer um doido de que não é o Napoleão.

Alguns crentes prometem não regressar ao Diário Ateísta. Enquanto ruminam o acto de contrição prometem não voltar, mas voltam sempre. Garantem não voltar a pôr aqui os pés. Mas põem. TODOS.

2 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Totalitarismo da ICAR

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.

Agitam-se as sotainas, bramem os bispos, ululam os beatos. Anda no ar um cheiro a incenso, que mais parece enxofre, vindo das profundezas dos paços episcopais e do bafio das sacristias.

Com a criação de beatos e santos há-de arranjar-se emprego aos taumaturgos, perpetuar-lhes o nome no granito ou no bronze, fazê-los patronos de escolas, ruas, avenidas e becos mal frequentados. A ICAR gosta de ver os santos, que passou a fabricar em série, a dar o nome a tudo o que é sítio e a designar hospitais, creches, escolas e lares.

A ICAR só isenta da beata devoção os bares de alterne e os cabarés. Talvez com medo do ridículo de aparecerem catedrais do prazer com nomes bizarros como, por exemplo: A Cova da Virgem, Cabaré do Divino Espírito Santo, Prazeres Celestes, Cave dos Três Pastorinhos ou Casa da Santíssima Trindade.

Já não se compreende a obsessão de dar nomes de santos a escolas, mas é a indicação de que devem ser evitados que leva os bispos, padres e assalariados do divino a insurgirem-se contra as determinações legais.

Nunca o Estado pretendeu intrometer-se na designação dos locais de culto. Não há igrejas que homenageiem o Marquês de Pombal, Antero de Quental ou Afonso Costa. E muito bem. Podem dar-lhes o nome de cadáveres pouco recomendáveis, mas isso é com os padres e só lá entra quem quer.

2 de Janeiro, 2008 Hacked By ./Localc0de-07

Deus e empregados usam colarinhos brancos

O ano de 2007 chegou ao fim, e assim nascem as necessidades de retrospecção em várias temáticas, umas mais honestas que outras, outras mais desonestas que a maioria, erros de cálculo na ICAR não existem, nem sequer é definido que é só fazer as contas na óptica de Guterres, enquadramento essencial quando as coisas obscurecem, fio da meada nem de lupa.

Estatísticas e contas católicas são de brancura extrema, D. (de Duarte?) Jorge Ortiga fala do ano de 2007 da ICAR, “não nos podemos situar no âmbito das estatísticas, dos números. Porque a Igreja é sempre um mistério.“, mistério das contas e clarividência de que o catolicismo não gosta de máquinas de calcular.

Para não entrar em alarmismos desnecessários, fica a alusão de que a ICAR sempre presta contas, embora sem as fazer. Aos Homens? Aos cidadãos? Ao Estado? Ao Mi(ni)stério da Economia? Ao Pai Natal? Nada disso, “Àquele que nos conduz e nos motiva.“, elucida o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Pessoalmente não sei quem é o personagem, talvez seja proveniente da Imaculada Concepção dos colarinhos imaculados, os das conduções motivadas, claro está.

Agência Ecclesia: Ano 2007 para a Igreja Católica em Portugal

31 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

Espanha – ICAR e a democracia

 Ontem, na Praça de Colombo, em Madrid, centenas de milhares de pessoas reuniram-se para contestar o Governo, sob o lema «Pela família cristã». Bandos de padres e bispos dinamizaram a manifestação e vociferaram contra os casamentos homossexuais, contra o divórcio e contra a nova disciplina «educação para a cidadania».

 Havia bispos, cardeais e cerca de trinta organizações católicas, num desafio ao Governo a dois meses de eleições legislativas. O bispo de Valência chegou a culpar o Governo de pôr em perigo a democracia. O presidente da Conferencia Episcopal Espanhola, Ricardo Blázquez, afirmou que «A família está fundada sobre o matrimónio, que é a união de um homem e uma mulher para transmitir a vida». 

Celibatários, estes primatas de báculo, mitra e anelão não se limitam a defender os seus princípios para os católicos, querem obrigar os que os desprezam a submeter-se à sua moral e aos seus caprichos. São detritos do franquismo a adejar as sotainas pelas praças de Espanha numa cruzada raivosa contra a modernidade. 

O cardeal de Barcelona, Lluís Martínez Sistach, retido pela gripe humana, enviou uma mensagem a justificar a ausência na manifestação e para recordar que havia dedicado a sua última pastoral à defesa da vida, «perante o horror do cifra de 110.000 abortos em Espanha, em 2006, e das clínicas abortistas».

31 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

Mudam-se os tempos

Tal como o circo, também o Vaticano regista queda no número de fiéis que foram ver o Papa em 2007. O primeiro era o fascínio da minha infância, extasiado com os palhaços, os contorcionistas e os amestradores de animais. No declínio inexorável da actividade circense vejo o desaparecimento do que me foi querido, referências que o tempo leva.

Já o declínio das excursões para ver o Papa me parece saudável. Santo por profissão e déspota por tradição, o pontífice romano é a síntese de um fundamentalista evangélico e de um mullah islâmico, colocado no vértice da pirâmide teocrática pelos cardiais iluminados por uma pomba que ultimamente tem sido substituída pelo Opus Dei, igualmente de forma invisível.

Houve papas que não levaram a sério o emprego e se fartaram de folgar mas os últimos têm sido discretos nos vícios, soturnos no comportamento e sorridentes nas fotografias. O actual procura sorrir, como é hábito e útil à função, mas só consegue esgares de um misto de Drácula e Frankenstein.

Vá lá que os bandos de peregrinos ansiosos por verem um primata de camauro, uns sapatinhos vermelhos e um vestidinho exótico, começam a minguar. Pode ser que a mudança de hábitos traga de novo o circo e eu volte a ver os prestidigitadores e os equilibristas que, ao contrário do Papa, nunca enganaram e só queriam divertir os clientes.