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Categoria: Religiões

19 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

B16 e a Universidade La Sapienza. Texto de um leitor

Se algum dia a Igreja – vamos falar deste torrão pátrio – tivesse tido a humildade ou a ousadia de convidar, p. exº, o escritor Luiz Pacheco, para uma prédica dominical, num dos seus múltiplos templos, então teríamos retirado grandes pedregulhos do muro da intolerância…

Laicidade não significa recusar ouvir quem quer que seja. Significa ouvir todos, sem privilégios (de qualquer natureza). Laicidade é sinónimo de equidade e universalidade.
Bento XVI teria estado na Universidade La Sapienza, porque o reitor resolveu conceder-lhe esse especial privilégio (sem ouvir o corpo docente).
Mas nada de especial habilitava o académico Ratzinger para falar sobre a Ciência, tema escolhido para a abertura do ano escolar nessa Universidade romana.
Pelo contrário, as suas concepções sobre Ciência, à luz dos actuais conhecimentos, são pouco recomendáveis.

A frase invocada pelos académicos, para o declarar “personna non grata”, pode ser inserida em milhares de contextos (como já vi escrito), mas o então cardeal Ratzinger, em 15 de Março de 1990, disse:
“Na altura de Galileu, a Igreja mostrou ser mais fiel à razão que o próprio Galileu. O julgamento contra Galileu foi razoável e justo”.

Ora bolas! Para o Mundo, a prisão e o julgamento de Galileu tornou-se o mais citado e paradigmático exemplo da luta entre “fé e ciência”.

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18 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Missa zoológica

Fiéis levaram nesta quinta-feira seus animais domésticos à Praça São Pedro para a festa de Santo Antonio Abate, protetor dos animais domésticos. A iniciativa foi organizada pela Associação Italiana de Criadores e cinco mil de seus membros compareceram ao Vaticano com cavalos, galinhas, cabras, coelhos, cachorros e até um avestruz. A festa de Santo Antonio Abate foi celebrada com uma missa na Basílica de São Pedro, realizada pelo cardeal Angelo Comastri, que benzeu os animais após a cerimônia.

Comentário: Os animais não tiveram direito à eucaristia.

17 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

O Papa, este papa…

Regresso à não visita do Papa, deste papa, à Universidade de La Sapienza, em Roma, como aqui foi referido pelo Ricardo Carvalho.

O Papa, este papa, impedido de fazer a conferência para que havia sido convidado pelo reitor de uma das mais prestigiadas Universidades italianas, sentiu a vergonha mas não sentiu na pele o que é a repressão a que a sua Igreja se acostumou.

O Papa, este Papa, que se dá mal com as citações, e dar-se-ia pior se citasse algumas passagens bíblicas, não foi coagido na liberdade de expressão pois tem todos os meios de comunicação a que a corte de súbditos e a sua influência política abrem as portas.

O Papa, este papa, sente-se justamente humilhado por ter sido afastado de um púlpito laico por motivos de higiene e para o fazer perceber, a ele e ao reitor que o convidou, que quem não respeita a liberdade deve ser privado dela nem que seja, como foi o caso, de forma simbólica.

Bento 16 nunca defendeu a liberdade de expressão e a única liberdade a que tem sido fiel é à de poder calar os adversários.

O Papa, este papa, era o prefeito do ex-Santo Ofício, quando o Vaticano, o arcebispo de Cantuária e o rabino supremo de Israel tomaram uma posição favorável ao aiatola que condenou Salmon Rushdie, na sequência da publicação de «Os Versículos Satânicos».

O Papa, este papa, esteve ao lado do odioso carrasco contra a vítima, contra o direito à apostasia, contra a liberdade de expressão, sem se insurgir contra a pena de morte.

O Papa, este papa, foi o ideólogo do seu antecessor JP2, que anatematizou os ateus, combateu o laicismo, silenciou teólogos, beatificou fascistas, actividades que agora prossegue, sem desfalecimento, por conta própria.

Quem pactuou com o seu antecessor na excomunhão do teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya, por ter posto em causa a virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; na perseguição ou redução ao silêncio de Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli e Jacques Gaillot; na marginalização de Hélder da Câmara e Oscar Romero e no apoio às ditaduras fascistas, não é digno de ser escutado por quem preserva a liberdade.

Eis a mensagem que professores e alunos da Universidade de La Sapienza lhe enviaram.

16 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Factos & documentos. Padres-curandeiros

JORNAL “LINHA GERAL” (LEIRIA), N.º 38, DE 21-07-1932 (Página 1)

«Vários casos interessantes nos relatam dia a dia os jornais, dando-nos a impressão de estarmos vivendo em pleno século XVIII ou pouco menos.
«Conta o nosso camarada Gazeta de Torres que uma infeliz louca de nome Maria Luísa, de Vilar, concelho do Cadaval, tem sido tratada pelo padre da freguesia, que lhe vem aplicando benzeduras, ou lá o que é, para lhe tirar do corpo o mafarrico, explorando a crendice duns, a ignorância de outros e a inocência de poucos, para tirar disso o proveito que julga necessário para si e para a religião que diz servir.
«Também o nosso camarada Diário Litoral diz que na freguesia de Vera Cruz, concelho de Portel, outro santo padre se dedica ao mister de curandeiro, para afugentar o diabo do corpo duma filha de Miguel Ralo, do lugar da Amareleja, também enlouquecida. O tratamento aplicado, neste caso, consistiu em orações, missas e… uma sóva de chicóte aplicada na infeliz, a qual, já se vê, produziu os resultados de esperar… Loucura incurável, e mais, algumas equimoses.
«Sempre os mesmos, estes santos varões.»

Leiria, 11 de Julho de 2006 – (In Arquivo Distrital de Leiria). Enviado por MM

15 de Janeiro, 2008 ricardo s carvalho

o princípio do fim?

«[…] A visita do Papa à Universidade de La Sapienza, em Roma, foi cancelada pelo Vaticano devido a protestos de professores e alunos que acusaram Ratzinger de “reaccionário” e “obscurantista”. […]

Esta é a primeira vez que o Papa cancela uma visita devido a protestos, desde que iniciou o seu mandato em 2005. A agitação começou quando sessenta e sete mestres da Universidade La Sapienza argumentaram, em texto divulgado, que o Pontífice é “reacionário” e “obscurantista” em assuntos científicos, referindo-se a um discurso de 1990 no qual o então cardeal Joseph Ratzinger citou o filósofo Feyerabend para dizer que “o veredicto contra Galileu foi racional e justo”.

Os estudantes também se associaram ao protesto, reclamando a laicidade da ciência, recusando preconceitos como a homofobia e acusando o vaticano de “querer invadir todo o espaço político e social”. […]»

(via Esquerda.Net)

15 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Reconciliação entre fascistas desavindos

Seis meses depois da publicação do “Motu Proprio” sobre a liturgia romana anterior à reforma de 1970, “Summorum Pontificum”, em que Bento XVI aprova a utilização universal do Missal promulgado pelo Beato João XXIII em 1962, a Santa Sé fala de reconciliação com os católicos que colocaram objecções às reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II.

Pergunta O arcebispo Marcel Lefebvre, excomungado por JP2, domiciliado no Inferno, arranjará transporte para o Paraíso?

15 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Penitência – sacramento obsoleto

A confissão auricular foi durante vários séculos uma arma ao serviço da Igreja católica. O confessor do rei ou da rainha, sobretudo o desta, tinha acesso aos segredos de Estado e capacidade de manipulação da realeza quando a Igreja tinha por adquirido que o poder espiritual se devia sobrepor ao temporal. E sobrepunha.

A espionagem era bem mais perigosa do que o desassossego familiar ou o medo público provocados pelo tráfico de favores, de diversa índole, no segredo do confessionário. A desobriga não era, pois, uma questão de fé, era uma arma poderosa para a manutenção do poder clerical.

Compreende-se o pudor de Frei Bento Domingues a abordar o terrorismo psicológico exercido durante séculos, sobre crianças e adolescentes, cheio de ameaças com as penas do inferno para quem não confessasse os pecados mortais.

Foi a ânsia do poder que levou o IV Concílio de Latrão (1215) a tornar obrigatória a confissão anual que se mantém, tal como o entusiasmo papal com a sua perpetuação.

Nem os dissabores recentes com as confissões encenadas por jornalistas, em numerosas paróquias italianas, que as gravaram e divulgaram nem os escândalos sexuais que várias vezes começaram nos confessionários, como os tribunais averiguaram, levam o Papa a abolir uma prática que constrange quem a exerce de um lado e doutro do confessionário.

Mas não se pode esquecer que Bento XVI foi o prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício) que teve no Afeganistão islâmico um departamento homólogo e mais vigoroso – o Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício. 

15 de Janeiro, 2008 Carlos Esperança

Momento Zen de segunda

João César das Neves (JCN) na sua homilia de hoje – como a Igreja criou a Europa – perdeu a cabeça. Não podendo apoiar-se na História, tanto pior para a História. Não podendo contar com os factos, tanto pior para os factos. Primeiro está a salvação da alma, a verdade vem depois.

Eis afirmações que os historiadores negam mas que JCN subscreve: «A Igreja Católica, vencendo o paganismo obscurantista e civilizando os bárbaros, foi uma poderosa força dinâmica, estabelecendo os valores de tolerância, caridade e progresso que criaram a sociedade contemporânea. A Idade Média, conhecida como “Idade das Trevas”, foi uma das épocas de maior desenvolvimento e criatividade técnica, artística e institucional da História».

Para JCN «segundo a tese comum, a Igreja manteve o continente na obscuridade e miséria durante séculos até que a emancipação, com o Humanismo e Iluminismo, permitiu a ciência, liberdade e prosperidade actuais. Esta visão, divulgada por discursos, livros de escola e tratados de História, é simplesmente falsa».

JCN julgará que foi o Iluminismo que organizou as Cruzadas, criou a Inquisição, fez conversões forçados, defendeu o esclavagismo, expulsou os judeus e os muçulmanos, apoiou as monarquias absolutas, criou o direito divino e cometeu numerosos crimes.

JCN, citando um autor desconhecido, certamente avençado pelo Vaticano, explica como o Cristianismo gerou a liberdade, os direitos do homem, o capitalismo e o milagre económico no Ocidente.

Só não explica a razão pela qual o Vaticano não subscreve a «Declaração Universal dos Direitos do Homem» que considera de inspiração ateia.

14 de Janeiro, 2008 Ricardo Alves

O catecismo católico-fascista em Espanha

«[Franco é] o homem providencial, escolhido por Deus para governar a Espanha (…) é como a encarnação da Pátria e tem o poder recebido de Deus para nos governar».

As palavras são do Catecismo Patriótico espanhol, escrito por dois padres que, em pleno franquismo, produziram para as crianças uma descrição da síntese de fascismo e catolicismo conseguida por Franco. No livro em causa, classificam a Espanha de Franco como um Estado «totalitário cristão». Um caso típico que mostra como o fascismo e o catolicismo dos anos 30 foram duas realidades apenas separáveis no âmbito teórico.