Loading

Categoria: Não categorizado

21 de Janeiro, 2004 Carlos Esperança

Novo director da Torre do Tombo. O último patamar da boçalidade

No próximo dia 1 de Fevereiro toma posse como director-geral da Torre do Tombo Pedro Dias que segundo o Diário de Coimbra fez as seguintes declarações:

«…os intelectuais quando não são de esquerda ou não têm outras características têm grande dificuldade. Sendo de Direita e heterossexual, tive grande dificuldade», afirmou na conferência de imprensa de ontem».

Ficámos a saber pelo autor do dislate que nos governos anteriores (Guterres, Cavaco e outros) não era necessário ser de Direita e heterossexual para se ocuparem determinados cargos.

Ficámos igualmente a saber que agora é suficiente.

19 de Janeiro, 2004 Carlos Esperança

Unidade dos cristãos contra quem?

Segundo o Jornal de Notícias começa hoje a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. E reproduz declarações de D. Manuel Felício, bispo auxiliar de Lisboa: «ao longo do ano que findou, a comunidade católica no nosso país continuou a viver a convicção de que o progresso nas relações ecuménicas com as outras confissões cristãs é imperativo de primeira importância para poder cumprir a sua missão evangelizadora no Mundo e particularmente na Europa».

Conhecendo-se o que entende a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) por «missão evangelizadora» seria motivo de franca preocupação se não ameaçasse apenas com uma arma de eficácia duvidosa e de efeitos colaterais suportáveis – a oração.

Mas vale a pena reflectir sobre a ICAR enquanto não tiver poder para voltar às armas que usou ao longo da sua história:

Ficámos a saber que se considera decepcionada pelo mau relacionamento entre o Patriarcado Ortodoxo de Moscovo e a Santa Sé, omitindo que João Paulo II (JP2) elevou a santos alguns facínoras que perseguiram a Igreja Ortodoxa, não hesitando em confiar-lhes os milagres necessários à promoção.

Quanto à Igreja Anglicana repudia-lhe o acesso das mulheres ao sacerdócio, contrário à sua política de feroz discriminação, e a sagração de um bispo assumidamente homossexual, em franco confronto com a o seu clero, sempre disposto a esconder a orientação sexual.

Mas para que quer a ICAR o «progresso nas relações ecuménicas com as outras confissões cristãs» se continua convencida da sua «missão evangelizadora» e não prescinde dela, continuando a recrutar clientes nos primeiros dias de vida através do baptismo?

Para além de continuar a disputar o mercado da fé com acções agressivas de marketing em que se inseriram mais de mil viagens de JP2, o que a ICAR pretende é uma aliança de circunstância para combater as religiões não cristãs e, sobretudo, os que reivindicam o direito de não ter religião.

A ICAR e o seu estado-maior no Vaticano são conhecidos pela hostilidade com que tratam as outras correntes cristãs e pela intolerância. O espírito da contra-reforma é uma tara genética sem quaisquer sinais de abrandamento. Nem JP2, agarrado ao lugar até ao último tremor, nem qualquer outro papa estão dispostos a renunciar à única monarquia electiva de poder absoluto que se mantém no planeta.

Obs.: A maldade da ICAR não pressupõe a bondade de qualquer outra igreja.

18 de Janeiro, 2004 Carlos Esperança

Um dia de sorte para Maria Madalena

Naquele tempo, em Magdala, na antiga Palestina, uma multidão preparava-se para apedrejar Maria sobre quem recaía a acusação de pecadora. Fora um boato posto a correr, talvez por um corcunda da tribo de Manassé, ressentido por se ter visto recusado, que a sujeitara àquele veredicto popular de que não cabia recurso. O princípio do contraditório ainda não tinha sido criado, nem era hábito ouvir o acusado, principalmente sendo mulher, nem a absolvição estava enraizada nos hábitos locais. A lapidação de Maria tinha transitado em julgado.

A lapidação era, aliás, um divertimento muito em voga que deixava excitados os autóctones que habitavam as margens do rio Jordão que atravessava o Lago Tiberíade a caminho do mar Morto. Diga-se, de passagem, que esse desporto ainda hoje é muito popular em numerosos países, para imenso gáudio das multidões, e não faltam adeptos um pouco por toda a parte.

Aconteceu que andando o Senhor Jesus a predicar por aquelas bandas, depois de indagar o que se passava, aproveitou a multidão para se lhe dirigir, e disse:

– Aquele de vós que nunca errou que atire a primeira pedra.

Todos pareceram hesitar. Muitos deixaram cair as pedras com que se tinham municiado. Havia alguma crispação nos que vieram de longe, com sacrifício, e um certo desapontamento de todos os que esperavam divertir-se. Só o Senhor Jesus continuava sereno, a medir o alcance das suas palavras. Mas, eis que da multidão se ergueu um braço e Maria de Magdala caiu derrubada por uma pedra certeira.

Enquanto algumas pessoas a reanimavam, na esperança de repor o espectáculo que tão depressa se esgotara, o Senhor Jesus foi junto do atirador e disse-lhe:

– Então tu, meu filho, nunca erraste? *

– Senhor, a esta distância, nunca.

* Segundo um evangelho apócrifo o Mestre terá exclamado: Mãe!!! **

** De acordo com os exegetas esta exclamação deve-se ao facto de a mãe de Jesus estar convencida de que era virgem mais de 18 séculos antes de Pio IX lhe ter atribuído essa qualidade com efeitos retroactivos.

17 de Janeiro, 2004 Carlos Esperança

Sodoma

Naquele tempo, andava Deus na divina ociosidade a que se remeteu depois de ter criado o Mundo, quiçá arrependido do estratagema que engendrou para que os animais se multiplicassem, a ruminar uma desculpa por ter incluído a macieira quando fez as plantas, sabendo que sem Eva e sem maçã estaríamos todos, ainda hoje, condenados ao Paraíso e ao tédio.

Tinha acontecido o dilúvio e a engenharia ousado edificar a torre de Babel. O primeiro foi um susto bem pregado e uma experiência radical e a segunda um enorme fracasso e uma grande confusão.

Pela planície do Mar Morto espreguiçavam-se cinco cidades que tinham níveis diferentes de desenvolvimento, costumes variados e interesses diversificados. Distinguiam-se Sodoma e Gomorra pela sua enorme riqueza, com um nível de vida de causar inveja, graças ao sector terciário que então não tinha ainda designação adequada, por não haver economistas encartados. As outras eram menos importantes, a acreditar no primeiro livro do Pentateuco.

Vinha do Norte o ar quente que, depois de percorrer e acariciar as águas do mar, entrava suavemente em Sodoma para animar os corpos e dar energia à alma, soltar toda a imaginação de que o mundo era capaz na sua difícil infância e produzir um indizível arrebatamento.

Homens e mulheres contavam os minutos das poucas horas que o expediente dos escritórios lhes tomava para cultivarem a seguir todos os prazeres febrilmente sonhados. Mesmo nas horas de trabalho não se coibiam de ser felizes e soltarem a imaginação. Os afazeres que o desenvolvimento tecnológico se tinha encarregado de aligeirar eram cada vez mais um mero resquício para justificar a maldição bíblica que viria a ser criada com efeitos retroactivos. Sendo o trabalho um bem muito escasso ninguém exagerava na sua apropriação.

Como os livros ainda não tinham sido inventados todos liam o livro da vida através dos sentidos. Tinham-se habituado a usar o corpo e a dar-lhe alma. Eram imensamente felizes a ponto de esquecerem Deus e os seus ensinamentos, as suas ameaças e maldições, o sofrimento e a cultura que o criara. E, porque eram felizes, não os atingia a doença, a fome, o medo ou a guerra.

Imagina-se o seu grau de felicidade pela intensidade da cólera divina, que enviou o fogo que destruiu Sodoma e, com ela, as outras cidades, e, com os que se divertiam, as crianças, que ainda o não sabiam fazer, e também os velhos que tinham esquecido já os divertimentos, se algum dia os souberam, e provavelmente algum anjo que tivesse tentado pôr termo ao pecado e acabou violado, chamuscadas as penas no desejo e esturricado, também ele, nas labaredas.

Ao longe Abraão assistia ao espectáculo que o seu Deus lhe servia à hora da sesta, tirando moncos do nariz, enquanto Loth, seu sobrinho, por bambúrrio da sorte ou por morar nos subúrbios, se esgueirava com as filhas e a mulher, tendo esta olhado para trás, apesar da recomendação divina em contrário, e sido transformada em estátua de sal, por ser nela maior a curiosidade que a obediência.

Para dizer alguma coisa ou por ter-se arrependido do fogo que ateara, ou para simplesmente criar factos que dessem conteúdo ao Êxodo, ao Levítico e a outros escritos, fez Deus umas promessas a Abraão que acabariam por dar origem a Israel, muito tempo depois, e dado a Jacob e aos seus 12 filhos o Egipto para se instalarem e cumprirem a profecia.

Sabe-se que Sodoma ficou na memória oral dos povos pelos hábitos sexuais de uma escassa minoria. Conhecendo-se hoje melhor Deus e os seus humores, a fé e os seus preconceitos, a devoção e a sua intolerância, somos levados a crer que seriam deliciosas as vitualhas, capitosos os líquidos, requintados os hábitos, agradáveis as relações, enfim, felizes os seus habitantes, a ponto de Deus perder a paciência e ser tomado por aquela cólera que o celebrizou.

Terá sido Loth o autor do boato a que se deve a criação do verbo, a partir do nome da cidade desaparecida. Ou um qualquer viandante saído antes do fogo e rendido aos encantos do pirómano.

[Texto elaborado de acordo com a memória que guardo das catequistas]

17 de Janeiro, 2004 Carlos Esperança

Sob o título «O ópio dos intelectuais» (EXPRESSO, 10/01/04, João Carlos Espada (JCE) associa-se ao ataque generalizado que, em Portugal, acolheu a proposta francesa sobre a laicidade. JCE reduz a França aos intelectuais do Quartier Latin, acoima a lei de «fundamentalismo, (…) impotente e patético» e atribui-a à ignorância da História por parte de Chirac.

Ora, a guerra dos véus, iniciada por duas alunas francesas, foi uma provocação instigada por clérigos que vêem com bons olhos a burka, a proibição da carne de porco, a excisão e a poligamia, em nome da pureza do islamismo – uma tentativa de desafiar a laicidade do Estado, em vigor desde 1905.

A proposta de lei não põe em causa a liberdade religiosa – como alega JCE – mas apenas que seja usada para perseguir os legítimos direitos das mulheres e impedir que a discriminação se perpetue por constrangimentos sociais. É por isso que há na sociedade francesa um consenso apenas quebrado por comunistas, verdes e trotsquistas. Não tendo a sociedade francesa ensandecido somos levados a crer que, pelo menos, haja motivos fortes para tal decisão.

Os sectores mais reaccionários da igreja católica apoiam a reivindicação islâmica, unidos no proselitismo, à espera de ajuste de contas posterior. A sábia decisão francesa acautela o direito de poder ter qualquer religião, ou nenhuma, perante anacronismos que consideram a apostasia e a blasfémia crimes hediondos merecedores de julgamento sumário e penas perpétuas.

Neste, como noutros casos, a comunicação social tem-se revelado um excelente veículo de difusão de notícias mas um medíocre espaço de confronto de ideias.

Injustamente para a França.

10 de Janeiro, 2004 jvasco

Querem ver uma discussão pseudo-filosófica GIGANTE?

Eu apresentei a tese de que um Deus único, Omnisciente, Criador e Omnipotente é incompatível com a nossa liberdade. O Tiago não concordou com o raciocínio apresentado. E uma discussão AVASSALADORA começou.

Está tudo no fórum do www.ateismo.net, em particular aqui.

4 de Janeiro, 2004 Mariana de Oliveira

Qualquer dia, quem sabe, se os islâmicos conseguirem levar as suas intenções avante, talvez tenhamos este busto da República:

4 de Janeiro, 2004 Mariana de Oliveira

Continuando com o humor:

31 de Dezembro, 2003 Hugo Charneca

Sec I

«Ora porque eu sou BOM!……..NÃO!…..Eu sou muito, muito BOM !!»

(Jesus Cristo depois de alguém lhe perguntar como tinha conseguido fazer o milagre da multiplicação dos pães)

Sec XXI

«Ora porque eu sou BOM!……..NÃO!…..Eu sou muito, muito BOM !!»

(Paulo Portas depois de alguém lhe perguntar como tinha conseguido fazer o milagre da multiplicação dos Euros no Orçamento de Estado)

31 de Dezembro, 2003 Hugo Charneca

Publicidade

(Crianças a caminhar no parque)

CRIANÇA 1: Eu tenho muito orgulho no meu pai!

Ele é bombeiro, apaga os fogos, e ainda faz trabalho comunitário.

CRIANÇA 2: E o meu pai é médico, salva muitas vidas!

(criança 3 pára)

CRIANÇA 3: O meu pai faz coisas importantes pelo nosso paí­s!

O meu pai é do Opus Dei, ajuda a separar o lixo humano!

VOZ OFF: Separe todo o lixo humano: Muçulmanos, protestantes, hindus, budistas, espíritas, homosexuais, quem abortou, quem não vai à missa, quem não dá o dí­zimo, quem tenha relacções antes do matrimónio, quem use preservativo, quem tenha prazer algum.

Separando o lixo humano, no bairro em que vive, ajuda-nos a reciclar*.

Ajude você também a criar um melhor paí­s e um futuro risonho às nossas crianças.

*Depois de devidamente queima…reciclado o lixo transforma-se num importante adubo agrícola.