Loading

Categoria: Cristianismo

27 de Junho, 2018 Vítor Julião

O incrível doutor Bronha

 
Imagine que você é admitido para trabalhar numa grande empresa multinacional. Uma das primeiras coisas que lhe dizem é que a empresa foi fundada e é dirigida pelo Dr. Bronha. Aprende que o Dr. Bronha é uma pessoa fenomenal, um grande empresário, arguto homem de negócios, severo, mas generoso, e que está no controle de cada aspecto da operação e da gestão da empresa.
 
No seu primeiro dia de trabalho você espera encontrar fotos do Dr. Bronha por toda a empresa, bem como alguma publicação com informações mais detalhadas sobre tão importante pessoa.
 
Mas aí lhe informam que ninguém de fato tem uma foto do Dr. Bronha. Há apenas pinturas e desenhos com a concepção de vários funcionários, alguns já falecidos há tempos, de como é o Dr. Bronha. Também não há informações precisas sobre onde o Dr. Bronha nasceu e quando exatamente. Também pouco se sabe sobre o que fez nos 30 e tantos anos anteriores a fundar a companhia.
 
Também descobre que as ordens do Dr. Bronha nunca vieram dele mesmo e sim de alguns dos muitos funcionários graduados de vários departamentos burocráticos. Além disso, descobre que ninguém com quem você fala, seja funcionário antigo ou do alto escalão, jamais falou diretamente com o Dr. Bronha.
 
Depois você percebe que os funcionários do departamento de pessoal descrevem o Dr. Bronha como sendo um homem alto, magro e de olhos castanhos. Já os do departamento de contabilidade o descrevem como baixo, ligeiramente obeso e de olhos azuis. Os do marketing dizem que ele é um homem criativo e aberto a novas ideias e os da controladoria que é muito religioso e conservador.
 
Mais incrível ainda é que há um estranho grupo de funcionários do almoxarifado, descontentes com seus salários, que afirmam ter ouvido de alguém da diretoria que o Dr. Bronha na verdade nunca existiu e é só uma invenção coletiva dos diretores para melhor controlar o restante dos funcionários.
 
Seus colegas logo o avisam de que esse grupo é um tanto estranho mesmo e que há evidências concretas de que o Dr. Bronha não só existe como está no controle de tudo, apesar de ninguém de fato nunca ter visto e nem conversado com ele.
 
Até lhe informam que o departamento de patrimônio diz ter uma cadeira usada por ele por muitos anos, embora, é verdade, alguns digam que a cadeira na verdade foi de um antigo contador, agora aposentado. Uma velha senhora da faxina tem um cinzeiro que ela afirma que pertenceu ao Dr. Bronha, embora o departamento de medicina do trabalho seja enfático em dizer que o Dr. Bronha não fuma.
 
Um dia você vê um alvoroço tremendo com gritos e correria.
 
Dizem que o Dr. Bronha acaba de chegar com seu helicóptero particular para uma reunião. Depois de alguns minutos de confusão, nada de muito importante acontece e os funcionários graduados informam que o Dr. Bronha estava com muita pressa e saiu logo depois da reunião sem falar com ninguém.
 
Durante meses circulam estórias de alguém que chegou perto do Dr. Bronha e até o cumprimentou, mas logo outros desmentem que esse era só o seu secretário ou o piloto do helicóptero. O Dr. Bronha mesmo ninguém viu.
 
Os meses se passam, seu emprego é bom, seu salário não é dos piores e todos gostam do Dr. Bronha. Então por que devem estar errados, não é mesmo? Ele deve ser um sujeito legal afinal de contas…
 
 
21 de Junho, 2018 Vítor Julião

A tumba vazia

 

As argumentações dos cristãos na defesa das suas crenças sobre o divino, têm variado entre as “gastas” e as “ridículas”.
Argumentações “gastas” são aquelas que já têm teias de aranha de tão velhas, como são os vários argumentos teológicos, sejam os tomasinos ou os de kalam, mesmo que renovados com novas falácias como o Craig tem nos tem presenteado.
Já quanto às argumentações “ridículas”, estas são mais numerosas e normalmente mais utilizadas por quem possui menos conhecimentos. Algumas são bem conhecidas como a analogia do “vento que não se pode ver” ou a falácia circular da bíblia ser a prova da existência de deus pois deus escreveu a bíblia.
E quando, aparentemente, estas últimas argumentações pareciam ser o máximo que se podia atingir na escala de estupidez, eis que os cristãos nos surpreendem e apresentam um novo argumento que sobe mais uns valores na escala do ridículo.  Refiro-me ao argumento para a existência e ressurreição de Jesus, o da “tumba vazia”.

Segundo os cristãos, lá para os lados de Jerusalém, existe esse local sagrado onde está o túmulo de Jesus – mas vazio. E tem de estar vazio, pois se o judeu ressuscitou, é lógico que não pode estar no túmulo. Mas se nada está dentro do túmulo, como se pode aferir que ele lá esteve?

Entretanto, e para ajudar a confusão em toda esta estorinha de fantasia, vários túmulos têm aparecido e muitos também são do Yeshua (Jesus), como é o caso do túmulo de Talpiot. Só que nome de Yeshua era tão vulgar nessa época e lugar que ele aparece em 98 tumbas e 21 outros ossários. Este túmulo de Talpiot meteu mesmo ao barulho James Cameron, acabando por dar origem a um documentário em 2007.

Parece que o milagre de ele se multiplicar depois de morto, por vários túmulos ou tumbas, não foi devidamente relatado nos evangelhos canónicos. Tal como não foi devidamente relatado o local exato onde ficava o túmulo. 
Ah, a falta que fez o Google Maps nessa altura… 

Mas para o argumento dos cristãos fazer algum sentido lógico (lógico para eles), seja qual for o túmulo ou tumba, tem de estar vazio pois assim seria a “prova” da ressurreição do dito cujo. Mas se está vazio, nada há para fazer prova! Alegam os cristãos que o nome de Yeshua está lá, Yeshua filho de Yossef. Alegam que está no sítio perto do Monte das Oliveiras. Ok, mas o túmulo continua vazio e esses nomes eram vulgares nesse local.

Mas será que o facto dum túmulo estar vazio será prova da ressurreição? Então se fosse encontrado um túmulo pertencente a Horus e estivesse vazio, seria igualmente prova que Horus também ressuscitou?
Ou se fosse encontrado o túmulo de Krishna vazio, também seria uma prova que esse deus ressuscitou ou não?
E se a tumba de Mitra for encontrada vazia, também é prova que esse deus ressuscitou?
E quanto a todos esses túmulos que são encontrados por aí, com e sem nomes, mas que estão vazios, também são provas de que quem lá deveria estar, ressuscitou?

Crentes, usem os neurónios pelo menos uma vez na vida: um túmulo vazio apenas prova que o túmulo está vazio. Ter escrito Yeshua no túmulo, nome vulgar, continua a nada provar. Estar o túmulo perto do local onde os romanos executavam os criminosos, continua a ser irrelevante para provar que o judeu existiu.

Lamento, mas continua a não haver provas que esse judeu tenha existido.

Vítor Julião

20 de Junho, 2018 Vítor Julião

Lembrando…

  • Lembrando: Não existe fé em Deus, só em pessoas que falam de Deus.
  • Lembrando: A Bíblia que você lê é uma criação da igreja católica.
  • Lembrando: Jesus não cumpriu várias das profecias sobre o Messias.
  • Lembrando: Ateus lidam com a realidade e religiosos com ficções.
  • Lembrando: O Universo é massa e energia, que são coisas eternas.
  • Lembrando: Religião é “sentimento oceânico”. Não tem nada a ver com razão ou lógica.
  • Lembrando: Religião é infância, agnosticismo é adolescência e ateísmo é maturidade.
  • Lembrando: Tudo o que interage com a matéria é material, e o que não interage não existe.

 

Texto de Lauro Augusto Monteclaro César Júnior

19 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Narcisismo

28 de Março, 2016 Carlos Esperança

Aleluia!

JC_REssurreicao

27 de Março, 2016 Carlos Esperança

O que é a Páscoa

É a morte de JC, estrela da Companhia (ICAR), na sexta-feira santa e a ressurreição três dias depois, no sábado de aleluia.JC_1

21 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

O estertor de um presidente pio

Na última quinta-feira, dia 18 de fevereiro do Ano da Graça de 2016, estava o pio Aníbal Cavaco Silva, bem confessado, comungado e penitenciado dos seus pecados quando lhe surgiu o mimoso cachaço de Sousa Lara, convocado para a venera que purgava as mãos de quem a concedia e o passado de quem a recebeu.

O Infante D. Henrique só deu o nome à medalha para cuja imposição o homenageante tinha o alvará a 19 dias do trespasse. Foi assim que do professor catedrático António Costa de Albuquerque de Sousa Lara, um sólido pilar da civilização cristã e ocidental e especialista em árvores genealógicas, que os menos eruditos hão de julgar um ramo da Botânica, fez Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Decerto, amigos do peito e da hóstia, Cavaco Silva e Sousa Lara, têm em comum o ódio de estimação por José Saramago, o Nobel do nosso contentamento, que os precedeu na defunção. O primeiro não tinha ainda, publicamente, agradecido ao segundo o pio ato de censura a “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, e minguava-lhe o tempo para o fazer.

Estando praticamente todos os agentes da Pide em adiantado estado de defunção, para poder ainda distinguir mais alguns “por serviços excecionais e relevantes”, restava-lhe o bem-aventurado ex-docente da extinta Universidade Moderna, para a honraria que o ex-presidente da Comissão de Honra para a Canonização de Nun´Álvares Pereira devia ao beato censor de Saramago.

No dia seguinte, cabia ao devoto Aníbal, maldita seja a Constituição, que foi obrigado a jurar para ter direito ao alvará das condecorações, a promulgação das leis da adoção gay e do aborto, no último dia do prazo constitucional.
O Deus do Professor Aníbal, na sua infinita misericórdia, há de absolvê-lo do pecado da promulgação de tão desvairadas leis e premiá-lo com a bem-aventurança eterna. Há de ter em conta o martírio do devoto até ao próximo dia 9 de março, a partir do qual poderá entrar em perpétuo retiro espiritual antes de o chamar à sua divina presença.

Como foi breve o Carnaval e é tão longa a Quaresma! Não merecia tão rude provação o temente a Deus.