Segundo os cristãos, lá para os lados de Jerusalém, existe esse local sagrado onde está o túmulo de Jesus – mas vazio. E tem de estar vazio, pois se o judeu ressuscitou, é lógico que não pode estar no túmulo. Mas se nada está dentro do túmulo, como se pode aferir que ele lá esteve?
Entretanto, e para ajudar a confusão em toda esta estorinha de fantasia, vários túmulos têm aparecido e muitos também são do Yeshua (Jesus), como é o caso do túmulo de Talpiot. Só que nome de Yeshua era tão vulgar nessa época e lugar que ele aparece em 98 tumbas e 21 outros ossários. Este túmulo de Talpiot meteu mesmo ao barulho James Cameron, acabando por dar origem a um documentário em 2007.
Parece que o milagre de ele se multiplicar depois de morto, por vários túmulos ou tumbas, não foi devidamente relatado nos evangelhos canónicos. Tal como não foi devidamente relatado o local exato onde ficava o túmulo.
Ah, a falta que fez o Google Maps nessa altura…
Mas para o argumento dos cristãos fazer algum sentido lógico (lógico para eles), seja qual for o túmulo ou tumba, tem de estar vazio pois assim seria a “prova” da ressurreição do dito cujo. Mas se está vazio, nada há para fazer prova! Alegam os cristãos que o nome de Yeshua está lá, Yeshua filho de Yossef. Alegam que está no sítio perto do Monte das Oliveiras. Ok, mas o túmulo continua vazio e esses nomes eram vulgares nesse local.
Mas será que o facto dum túmulo estar vazio será prova da ressurreição? Então se fosse encontrado um túmulo pertencente a Horus e estivesse vazio, seria igualmente prova que Horus também ressuscitou?
Ou se fosse encontrado o túmulo de Krishna vazio, também seria uma prova que esse deus ressuscitou ou não?
E se a tumba de Mitra for encontrada vazia, também é prova que esse deus ressuscitou?
E quanto a todos esses túmulos que são encontrados por aí, com e sem nomes, mas que estão vazios, também são provas de que quem lá deveria estar, ressuscitou?
Crentes, usem os neurónios pelo menos uma vez na vida: um túmulo vazio apenas prova que o túmulo está vazio. Ter escrito Yeshua no túmulo, nome vulgar, continua a nada provar. Estar o túmulo perto do local onde os romanos executavam os criminosos, continua a ser irrelevante para provar que o judeu existiu.
Lamento, mas continua a não haver provas que esse judeu tenha existido.
Vítor Julião
É a morte de JC, estrela da Companhia (ICAR), na sexta-feira santa e a ressurreição três dias depois, no sábado de aleluia.
Na última quinta-feira, dia 18 de fevereiro do Ano da Graça de 2016, estava o pio Aníbal Cavaco Silva, bem confessado, comungado e penitenciado dos seus pecados quando lhe surgiu o mimoso cachaço de Sousa Lara, convocado para a venera que purgava as mãos de quem a concedia e o passado de quem a recebeu.
O Infante D. Henrique só deu o nome à medalha para cuja imposição o homenageante tinha o alvará a 19 dias do trespasse. Foi assim que do professor catedrático António Costa de Albuquerque de Sousa Lara, um sólido pilar da civilização cristã e ocidental e especialista em árvores genealógicas, que os menos eruditos hão de julgar um ramo da Botânica, fez Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Decerto, amigos do peito e da hóstia, Cavaco Silva e Sousa Lara, têm em comum o ódio de estimação por José Saramago, o Nobel do nosso contentamento, que os precedeu na defunção. O primeiro não tinha ainda, publicamente, agradecido ao segundo o pio ato de censura a “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, e minguava-lhe o tempo para o fazer.
Estando praticamente todos os agentes da Pide em adiantado estado de defunção, para poder ainda distinguir mais alguns “por serviços excecionais e relevantes”, restava-lhe o bem-aventurado ex-docente da extinta Universidade Moderna, para a honraria que o ex-presidente da Comissão de Honra para a Canonização de Nun´Álvares Pereira devia ao beato censor de Saramago.
No dia seguinte, cabia ao devoto Aníbal, maldita seja a Constituição, que foi obrigado a jurar para ter direito ao alvará das condecorações, a promulgação das leis da adoção gay e do aborto, no último dia do prazo constitucional.
O Deus do Professor Aníbal, na sua infinita misericórdia, há de absolvê-lo do pecado da promulgação de tão desvairadas leis e premiá-lo com a bem-aventurança eterna. Há de ter em conta o martírio do devoto até ao próximo dia 9 de março, a partir do qual poderá entrar em perpétuo retiro espiritual antes de o chamar à sua divina presença.
Como foi breve o Carnaval e é tão longa a Quaresma! Não merecia tão rude provação o temente a Deus.
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