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Autor: Helder Sanches

1 de Abril, 2007 Helder Sanches

Pete Stark quebra tabu


Finalmente, um representante no Congresso dos Estados Unidos assume não acreditar em qualquer deus!

Pete Stark, um dos representantes da Califórnia no Congresso, assumiu esta semana publicamente o seu ateísmo. Esperemos que a sua coragem sirva de exemplo a outros que são reféns do sucesso eleitoral e não têm tido a mesma postura. Recordo que assumir uma posição contrária à crença em deus é considerado suicídio politico nos Estados Unidos.

Veremos se Stark se trata de um caso isolado, fruto do seu eleitorado ser dos menos conservadores em todos os Estados Unidos, ou se a coragem é contagiante. De qualquer forma, por muito ténue que seja, é uma ponto de luz ao fundo do túnel.

Para saber mais, ler aqui.

(Diário Ateísta/Penso, logo, sou ateu)

31 de Março, 2007 Helder Sanches

Comia-o todo!

Refiro-me, claro, ao Cristo de chocolate! Esta doce escultura de 1,80m esteve para ser apresentada ao público numa galeria de arte em Nova Iorque mas, face à revolta e apelo ao boicote levado a cabo pela The Catholic League for Religious and Civil Rights, foi retirada da exposição.

A escultura imaginativamente intitulada “My Sweet Lord”, de Cosimo Cavallaro, procura, assim, um novo local para ser apresentada ao público em geral. Matthew Semler, director artístico da exposição, diz não terem ficado claras a razões dos protestos: o facto de ser de chocolate, o facto de estar nu ou o facto do chocolate ser preto.

Esta noticia fez-me recordar das caricaturas de Maomé e de toda a polémica gerada à pouco mais de um ano.Vá lá, os protestos não envolveram o incendiar de bandeiras nem o vandalização de embaixadas.

Algumas perguntas surgem-me, assim de repente:

O que é que a cera ou o barro têm de mais nobre que o chocolate e em que é que esta escultura difere das outras em relação aquela máxima “não idolatrarás”?

Ficando a escultura à mercê de uma católica perversa (que as há, felizmente) onde daria ela a primeira dentada?

(Diário Ateísta/Penso, logo, sou ateu)

31 de Março, 2007 Helder Sanches

Páscoa… Preparados?


Vamos entrar naquela semana em que, no final, se celebra nada mais, nada menos, que o maior embuste da civilização ocidental. Convém, portanto, estar atento.

É a semana em que nos querem fazer crer que um pai sacrificou o seu próprio filho para provar que ele era mesmo o progenitor; que o corpo do filho desapareceu três dias depois porque o pai assim quis; enfim, que o filho fugiu do sepulcro todo nu, uma vez que as roupas com que foi coberto depois de morto estão em exposição em Turim!

Cá por casa, morreu ontem um dos mandarins que as minhas filhas teimam em ter engaiolados. Tive pena que não aguentasse mais uma semana; daríamos apenas por falta dele na gaiola e teríamos a certeza que apenas optara por gozar a Primavera ao ar livre!

(Diário Ateísta/Penso, logo, sou ateu)

7 de Março, 2007 Helder Sanches

O deus de Darwin

Um recente artigo do New York Times sobre a razão ou razões por que os seres humanos são tendencialmente crédulos no sobrenatural tem dado muito que falar na blogosfera mais atenta a estes fenómenos.

Pessoalmente, independentemente da minha posição ateísta, este assunto fascina-me. Estaremos condenados, enquanto espécie, à superstição e ao sobrenatural? Que aspectos da nossa evolução nos condicionaram e nos predispuseram a acreditar em fantasias?

São referidas muitas experiências e são dadas muitas explicações para o fenómeno. É um artigo extenso mas vale bem a pena. Salvei-o em PDF para futuras referências. No New York Times está aqui.

(Diário Ateísta/Penso, logo, sou ateu)

24 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

Jesus, Séc. XXI

Ajoelhem-se e rezem ou ergam os braços aos céus e gritem “Aleluia”, conforme preferirem. O Filho de Deus chegou! Desta vez não vem para fazer milagres ou falar em parábolas; o objectivo é educar(!) e, no processo, arrecadar uns milhões, viver bem e gozar a vida (eterna).

José Luis de Jesus Miranda auto intitula-se o verdadeiro Jesus, filho de Deus, regressado após dois mil anos. Até aqui, pode-se dizer, tudo bem. Em todo o mundo devem ser milhares os loucos ou esquizofrénicos que, anualmente, alegam tamanha identidade. O que já não é muito habitual é que milhares de pessoas os sigam em diversas partes do globo.

Mais de 300 congregações em mais de 20 países, um canal de satélite a transmitir 24 horas por dia, um programa de rádio e diversos sites na internet, dizem bem das proporções da paranóia à volta da Growing in Grace (Crescendo em Graça), nome da sua organização.

Homem suficientemente irónico para não esconder a sua tatuagem com o número dito da besta, o Zé controla todos os aspectos da sua organização, como bom empresário que se preze, e certifica-se que a recolha de dádivas é executada logo no inicio das cerimónias, onde aceita cartões de crédito, não vá algum dos adoradores esquecer-se de levar consigo dinheiro vivo.

Sinceramente, tenho alguma dificuldade em criticar o Zé. Ele até prega que o Diabo, o Inferno e o pecado não existem, as orações são uma perca de tempo e que os 10 Mandamentos são irrelevantes! Posso qualificá-lo como charlatão e pouco mais. Já para os seus seguidores, encontro uma série de adjectivos para os qualificar.

(Diário Ateísta/Penso, logo, Sou Ateu)

22 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

One Nation Under God (1)

A sociedade americana, mergulhada na sua multiplicidade cultural, não se consegue livrar do fascínio pelas mitologias modernas. Recentemente, uma sondagem efectuada pela Gallup, uma das mais conceituadas organizações em termos de estudo da opinião pública norte-americana, revela que, em igualdade de circunstâncias dos candidatos, o eleitorado americano teria como última opção um candidato assumidamente ateu!

Devo dizer que considero este tipo de sondagens, por si só, degradantes. Uma sociedade em que ainda fazem sentido este tipo de sondagens está, com certeza, ainda muito longe de atingir o pleno estágio de sociedade justa e demonstra uma fixação em valores fictícios de moralidade, no mínimo, doentios.

Não vejo na sondagem uma única hipótese onde encaixaria uma posição pessoal. Não me consigo imaginar a limitar o meu voto por qualquer das características a votação. Valores como integridade, seriedade, capacidade de liderança ou sentido de justiça são, assim, arremessados para fora da discussão como se de factores supérfluos se tratassem!

Já no ano passado, um estudo da Universidade do Minnesota revelava que os ateus seriam o grupo que menos confiança transmitia aos norte-americanos, isto apesar de representarem menos de 3% da população.

Neste estudo, uma vez mais, o factor da moralidade é apontado como decisivo para estes resultados. A ilusão de que numa sociedade ateísta se assistiria ao declínio da moralidade é vista pelos norte-americanos como um argumento válido! Isto só tem justificação numa sociedade intoxicada culturalmente pela religião.

Podem-se encontrar razões recentes na sociedade norte-americana para esta forte influência religiosa – os atentados do 11 de Setembro, o recurso escandaloso a Deus nos discursos de George W. Bush – mas, na verdade, enquanto a tolerância parece aumentar em relação a outras minorias, os ateus permanecem lá bem no fundo da lista de preferências.

Naturalmente, as reacções começam a surgir; Sam Harris, Richard Dawkins e Daniel C. Dennett são apenas as faces mais visíveis do que, espero, virá a ser um forte movimento cívico contra a fantasia, a mitologia, o misticismo e a ficção.

(Diário Ateísta/Penso, logo, Sou Ateu)

19 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

YouTube censura Ateísmo

Ao que tudo indica, o YouTube, empresa controlada pela Google, tal como a Gmail e o Blogger (pensavam que era só a Microsoft a tentar monopolizar isto tudo?), começou a enveredar por um caminho algo estranho de censura.

Nick Gisburne é um ateu que tem utilizado frequentemente o YouTube para divulgação dos seus vídeos em que promove o ateísmo e critica o fenómeno religioso em geral. Nick produziu um vídeo com passagens do Corão que compilou a partir deste site. As passagens em causa expunham a violência explícita do Corão.

Nick viu o vídeo em causa ser banido e, por último, após várias tentativas de novo upload do vídeo, acabou por ser ele próprio suspenso do YouTube. Curiosamente, durante o processo, Nick criou um vídeo semelhante mas com passagens violentas da Bíblia que foi, também ele, apagado.

Será este mais um exemplo de como na sociedade norte-americana o ateísmo se encontra na base da cadeia alimentar? Ou estará o YouTube, agora que é controlado pela Google, a ter que se preocupar com a pressão de grupos económicos influentes?

O que é lamentável é o branqueamento que, ao abrigo da defesa de algumas sensibilidades, se tenta fazer aos aspectos mais obscuros das religiões. Será que para a YouTube é assim tão politicamente incorrecto ser-se ateu?

É imprescindível estar atento a este tipo de fenómenos pois, se a moda pega, a liberdade de expressão será posta em causa não apenas nas caricaturas mas no humor em geral.

Está a ser criada uma campanha de solidariedade em todos estes sites de forma a levar este assunto à primeira página do motor de busca da Google. Mais ou menos como guerrilhar nas trincheiras do inimigo! O Nick explica tudo aqui.

(Diário Ateísta/Penso, logo, Sou Ateu)

18 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

Fluxogramas da Ciência e da Fé

(Via Pharyngula)

Esquematizar processos é um método valioso para a apreciação e validação dos mesmos. Para quem, como eu, tem alguma formação em programação (lembram-se do COBOL?), um fluxograma é sempre uma ferramenta valiosa para descobrir os pontos fracos (ou fortes) de qualquer processo.

Ao analisar os fluxogramas que se seguem não posso deixar de compreender porque é que tanta gente se deixa atrair pela Fé. Reparem na sua simplicidade!

Pena que seja a sua única virtude!

Fluxograma da Ciência

Fluxograma da Fé

(Também no “Penso, logo, Sou Ateu“)

16 de Fevereiro, 2007 Helder Sanches

Querido Diário

Inicio aqui a minha colaboração no Diário Ateísta. Devo dizer que encaro com algum nervosismo estes primeiros tempos em que farei parte desta equipa e em que terei de “enfrentar” alguns dos comentadores mais assíduos do Diário.

Sou, claro está, ateu. Para mim ser ateu é, sobretudo, não acreditar no sobrenatural, seja de que espécie for. Ser ateu é duvidar e questionar, promover a discussão, divulgar uma visão naturalista do mundo em que vivemos e acreditar no conhecimento científico, nunca esquecendo a sua capacidade única de auto-validação.

Por outro lado, ser ateu não significa para mim ser anti-crentes. Considero que, enquanto indivíduos, todos nós temos direito à nossa própria interpretação da realidade. O facto de a minha visão ser naturalista e isenta de misticismo não significa que outros não possam ter outras sensibilidades. Não admito é que me tentem impor essas sensibilidades quer a nível particular, quer na sociedade em que me integro. Contudo, aceitar que outros tenham sensibilidades diferentes das minhas não significa que eu as compreenda ou, sequer, as tolere. Faço aqui uma distinção importante entre o respeito pelo direito à crença e a minha (in)tolerância pela mesma. Esta é uma questão que, certamente, abordarei mais vezes.

Gostava de finalizar com uma palavra para os crentes que frequentemente comentam aqui no Diário. Os ateus, genericamente, são muitas vezes acusados de arrogância. Por outro lado, os crentes são muitas vezes acusados de ignorância. Espero que nenhum destes adjectivos venha a fazer sentido mas, se tal acontecer, espero que ambas as partes exerçam bem o seu papel!