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Autor: Helder Sanches

16 de Janeiro, 2008 Helder Sanches

Adeus, querido diário

Há exactamente 11 meses, estreei-me no Diário Ateísta, estabelecendo para mim próprio alguns objectivos para a minha colaboração naquele que considero ser um dos mais importantes meios de divulgação do ateísmo em português.

Por diversas razões, optei por cessar a minha colaboração com o DA a partir de hoje. Espero não ter desiludido nem os meus colegas de equipa, nem, principalmente, os leitores deste espaço. A estes últimos, em particular e sem excepção, quero agradecer os comentários a todos os meus artigos, comentários esses que muitas vezes me ajudaram a reflectir mais profundamente sobre as minhas próprias ideias. Aos meus colegas do DA, agradeço todo o apoio que sempre me deram e toda a solidariedade editorial de que sempre beneficiei.

Um grande abraço para todos. Muito obrigado.

10 de Dezembro, 2007 Helder Sanches

Alemanha poderá banir Igreja de Cientologia

De acordo com a CNN, a Alemanha considera banir a Igreja de Cientologia do seu território. As autoridades alemãs alegam que aquela religião não respeita a constituição do país, sendo alvo de observação pelas autoridades há já uma década.

Sem dúvida que será um assunto a seguir, até porque a Igreja da Cientologia parece estar na moda entre algumas elites.

3 de Dezembro, 2007 Helder Sanches

Colecção de Blasfémias

Esta é uma possível lista das maiores blasfémias de todos os tempos. Trata-se de uma lista organizada segundo o impacto causado em cinco pontos diferentes, nomeadamente: vulgaridade, criminalidade, impacto religioso, impacto político e número de mortes directamente relacionadas.

De notar que todas as blasfémias onde existe registo de mortes estão relacionadas com o islamismo.

30 de Novembro, 2007 Helder Sanches

Reencarnação sob referendo

Segundo noticia o Times Online, o Dalai Lama coloca a hipótese de consultar os seus seguidores num referendo sobre a sua reencarnação. Basicamente, pretende saber se os seus cerca de 14 milhões de seguidores em todo o mundo pretendem que ele reencarne ou não! Se a maioria achar que não, ele simplesmente não renascerá; caso contrário, quebrará a tradição centenária e nomeará ele próprio um reencarnado. Parece complicado, mas não é. Afinal, é apenas religião… e tudo é possível!

27 de Novembro, 2007 Helder Sanches

Reflectir o meu ateísmo – Parte 4

A desnecessidade de crer

Um dos argumentos mais utilizados pelos crentes é a felicidade que encontram ao descobrirem deus; tal descoberta enche-os de alegria, completa-os, enfim, adquirem um propósito para a vida. Não consigo deixar de sentir alguma angústia sempre que tento alcançar o significado de tais afirmações. Não consigo deixar de sentir alguma revolta quando insinuam que sem a tal descoberta de deus a vida de qualquer um é desprovida de propósito.

Encontrar um propósito para a vida numa fantasia milenar, isso sim, é doentio e, não fossem os convencionalismos culturais, digno de merecer um exame psiquiátrico urgente.

“Crer” e “ter fé” não passam de formalismos culturais para a aceitação do desconhecido e do medo da morte; não passam de máscaras obsoletas com um selo de garantia para a vida eterna, esse desejo simultaneamente tão humano e despropositado.

A mim, o que me enche de alegria, completa e dá propósito para a vida são circunstancias muito mais terrenas e realistas. Não preciso de vidas eternas nem de recompensas post-mortem. Estou muito mais perto de um macaco, de um cão ou de um lacrau do que de deus e essa constatação deixa-me seguro quanto à minha sanidade mental.

No entanto, a pergunta prevalece: mas, qual é o mal em “Crer”? Nenhum, se quem crê tiver noção de que se trata de uma fantasia e guardar essa paranóia para si próprio. Mas, tem todo o mal quando essa crença força que eu tenha que viver pelos padrões morais de quem crê ou quando a fé move montanhas de destruição no formato de guerras ditas santas.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

26 de Novembro, 2007 Helder Sanches

The Golden Compass


Nas últimas semanas, a paranóia cristã tem andado altamente crispada para os lados da terra do Uncle Sam. Em causa está a aproximação da estreia do filme The Golden Compass” (“A Bússola Dourada” em português), realizado por Chris Weitz, baseado na primeira parte da trilogia “His Dark Materials”, de Phillip Pullman.

De facto, Pullman nunca negou que esta trilogia tinha surgido da necessidade que ele próprio sentiu de dar uma resposta à propaganda cristã na obra de C.S. Lewis, The Chronicles of Narnia. Agora que a obra de Pullman é adaptada ao cinema, um formato muito mais cativante para as crianças e adolescentes dos dias de hoje, eis que surgem todo o tipo de opiniões doentias, fundamentalistas e aberrantes que suportam a ideia de que permitir que as crianças vejam este filme é uma espécie de pecado mortal que lhes abrirá as portas ao mundo herege do ateísmo! Independentemente da qualidade do filme ou dos livros (Carnegie Medal, 1995), não deixa de ser bastante sintomática esta reacção dos conservadores cristãos. Uma escola no Canadá teve mesmo o desplante de remover a obra de Pullman da sua biblioteca por o autor ser um ateu confesso! A sugestão de PZ Meyers demonstra bem onde se chegaria se essa regra fosse levada a sério.

“The Golden Compass” é uma história de fantasia que se inicia em Oxford, mas num universo paralelo. O equivalente às almas chamam-se daemons e parece que foram traduzidos para português como génios. Ao contrário das fantasias do nosso universo, estas habitam fora dos corpos e são animais conhecidos de todos nós. Até já descobri o meu próprio génio. Agora, só me falta descobrir o filme assim que estrear. Eu e a restante família também, claro!

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

22 de Novembro, 2007 Helder Sanches

Houston Church of Freethought

E hoje tenho um rebuçado para os crentes que visitam este blog; pois é, vou criticar alguns… ateus!

Não vou procurar grandes justificações, uma vez que o alvo da minha critica soa-me tão absolutamente ridículo que nem me quero dar ao trabalho de perder muito tempo com o assunto. Basicamente, a questão é esta: não chegavam já as religiões, igrejas, cultos e seitas existentes com crenças fantásticas em histórias da carochinha? Era mesmo necessário criar uma igreja de “livre pensadores”? Pelos vistos, a resposta a esta última pergunta é afirmativa.

No Texas, Estados Unidos (where else?), existe a Houston Church of Freethought (Igreja de Livre Pensamento de Houston), local que, aparentemente, serve para os encontros mensais de ateus, agnósticos, cépticos, etc. Com alguns serviços de índole social à mistura, salta à vista a isenção fiscal como uma vantagem em relação a outros formatos associativos que serviriam perfeitamente os mesmos interesses.

Como diria um personagem conhecido: não havia necessidade!

Enfim, americanices…

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

13 de Novembro, 2007 Helder Sanches

As novas guerras da religião

A edição de 3 de Novembro da revista The Economist incluía um caderno de 18 páginas com o título “The new wars of religion”. Os artigos inclusos já estão disponíveis online (ver artigos com data de 1 de Novembro). Trata-se de um excelente trabalho jornalístico para nos ajudar a entender o papel da religião no mundo moderno.

A capa reflectia a qualidade do artigo, pelo que se reproduz aqui o essencial da mesma.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

12 de Novembro, 2007 Helder Sanches

Reflectir o meu ateísmo – Parte 3

Promover uma laicidade pró-activa

A questão da separação do estado e da Igreja está na ordem do dia nos Estados Unidos. Após o 11 de Setembro, a resposta norte-americana foi, na minha opinião, a pior possível e aquela que melhor serviu os interesses das linhas mais conservadoras de ambos os lados da barricada. Pior do que guerras santas, só mesmo guerras económicas mascaradas de guerras santas. Às religiões serve-lhes a aparente luta contra os infiéis ou fundamentalistas e aos governos assenta-lhes que nem uma luva a máscara dos motivos religiosos. Entretanto, as multinacionais sorriem e o povo chora!

Que no princípio do séc. XXI se vivam cenários como este parece-me lamentável, mas não surpreendente, face aos factos históricos recentes. Mesmo sem 11 de Setembro, creio que a tendência estava desenhada para um aumento da visibilidade das religiões nas sociedades ocidentais. Alguns factores estariam já a contribuir para esse fenómeno, tendo o 11 de Setembro apenas acelerado o processo. Senão, vejamos:

  • Desde os anos 70 que na maioria dos países ocidentais se tem vindo a acentuar uma maior descrença no sistema político;
  • A globalização também está ao alcance das “religiões privadas” – seitas – tendo permitido que algumas delas crescessem nas últimas décadas para dimensões de fazer inveja à religiões tradicionais em muitos países;
  • O extremismo islâmico tem-se propagado por todo o mundo desde os anos do Ayatollah Khomeini;
  • A secularização da maioria dos países ocidentais não lhes permite controlar fenómenos de propagação religiosa, quer activos, quer reactivos;
  • A incapacidade demonstrada para uma solução política no conflito do médio oriente é um convite a uma resolução patrocinada pelo divino (guerra santa).

A meu ver, é imprescindível que as democracias seculares ocidentais criem mecanismos para se protegerem elas próprias não apenas dos perigos externos mas, principalmente, dos internos. Não defendo um estado ateu, defendo, isso sim, um estado fortemente laico; forte ao ponto de ser pró-activo nessa laicidade e não apenas um mero gestor ou observador.

A liberdade de fé, crença e religião deve existir mas sempre fora de todo e qualquer contexto estatal. As organizações religiosas não devem de usufruir de nenhum benefício fiscal ou legal, devendo o Estado abster-se de qualquer patrocínio ou subsídio às organizações religiosas. Apenas os serviços comprovados de acção social deverão estar enquadrados nesses benefícios em regime de igualdade com outras organizações não religiosas de índole social.

Não devem ser permitidas quaisquer referências religiosas no discurso político, independentemente do órgão de soberania em causa. As cerimónias oficiais devem dispensar qualquer participação de representantes religiosos, devendo a representação religiosa ser totalmente irradiada do protocolo de Estado. Igualmente, aos órgãos de comunicação do Estado – RTP, RDP, etc – deverá estar proibida a terminologia religiosa.

Por último, os partidos políticos e os seus representantes não deverão prestar declarações públicas de favorecimento religioso em períodos eleitorais.

Nenhum destes princípios é contrário à livre actividade religiosa. No entanto, previnem por um lado a utilização da religião como arma política e, por outro, garantem uma equidistância do Estado com todos os cidadãos de qualquer religião ou de religião nenhuma. Repare-se, ainda, que estes mecanismos não só permitem proteger o Estado da influencia religiosa, mas também o contrário. O único compromisso das religiões com o Estado é o de cumprir a lei, tal como qualquer outra pessoa individual ou colectiva.

Admito que esta matéria seja talvez das mais complexas e susceptíveis de causar polémica. Exactamente por isso é que o Estado deve defender, em primeiro lugar, os direitos implícitos nos seus princípios de secularismo e laicidade. Só depois, então, é que o Estado se deve comprometer a garantir outros direitos também fundamentais, como liberdade de fé, culto e religião.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

8 de Novembro, 2007 Helder Sanches

Quem é mais ateu?

Na Theosfera do padre João António pode-se ler o seguinte texto:

QUEM É MAIS ATEU?

A superfície dá um tipo de resposta. A profundidade oferece outro.

Quem é mais ateu? O descrente que se assume? Ou o crente que se presume?

Não será que o ateísmo dos ateus, no fundo, é mais uma denúncia de muitos crentes em Deus do que uma negação do Deus dos crentes?

A leitura dos livros de Richard Dawkins e Michel Onfray tem-me feito pensar deveras e interrogar bastante.

Quando se contesta a presença pública da fé será que há um incómodo perante Deus ou um desencanto diante do contra-testemunho dos crentes?

E, desse modo, não poderá ser o ateísmo uma busca de autenticidade? Não poderão estar, portanto, muitos ateus mais próximos de Deus?

Não serão as suas perguntas mais consistentes que as nossas respostas?

Acho todo o texto muito interessante, embora a ideia de poder estar mais próximo de deus me deixe um bocado perplexo! Em relação à última questão, acho-a fenomenal; sempre achei que a resposta é um claro “Sim”.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)