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  • 21 de Janeiro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Ateus e falsos ateus

Não faltam às Igrejas santos, mártires e publicitários, convencidos uns das delícias do Paraíso com que os aliciam, receosos outros das penas do Inferno com que os apavoram.

O direito às crenças não se discute mas não devemos aceitar, sem contraditório, afirmações de quem recusa apresentar provas e, muito menos, permitir que no-las imponham.

São variados os ardis que as religiões usam para convencer os ateus da virtude dos seus padres e do martírio de deus. Uns empolgam-se citando livros sagrados, outros comovem-se com os milagres e, todos, querem vender a viagem para o Paraíso da única religião verdadeira – a sua.

Há, aliás, uma afirmação que aprovo em cada uma das religiões: «Todas as outras são falsas». Mas o que assusta é a ânsia de converterem os outros, a necessidade que sentem em fanatizar crianças, a obstinação em dominarem o ensino e a assistência, a obsessão de quererem salvar os outros.

Desconfio do altruísmo de quem usa a força para convencer e não hesita em sacrificar a vida própria e alheia no combate por uma crença que poderá render uma assoalhada no Paraíso.

As reacções aos comunicados da Associação Ateísta Portuguesa e os comentários de visitantes do Diário Ateísta aos seus posts fazem sair da toca uma variedade exótica de prosélitos – os falsos ateus.

Percorrem as caixas de comentários da blogosfera a reclamarem-se ateus e a discordarem do combate às crenças; esmeram-se no ataque aos que duvidam, tartufos que não toleram que os desmascarem;  dizem que quem não acredita – como eles – não tem direito a discutir a fé, como eles fazem, guardando-se para combaterem os que ousam.

Não são contra o ateísmo, pois são ateus e ateias, nem contra os que não acreditam, tal como eles, são apenas contra a manifestação pública da descrença, contra quem desmascara a débil argumentação de quem usa a roupagem da argumentação para justificar crenças pueris.

Acham que se pode criticar – na impossibilidade de o impedirem –, mas não se deve ofender. Esquecem-se os beatos de que ofendem os ateus quando ameaçam rezar por eles.

Nós defendemos o direito de nos insultarem. Faz parte do direito à livre expressão.