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  • 14 de Outubro, 2018
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

A excisão genital e a fé

A mutilação genital feminina não é apenas uma crueldade inqualificável, é uma mistura de religião e tribalismo, um acto de demência religiosa que vê no prazer da mulher uma fonte de imoralidade.

No cristianismo a sexualidade feminina é uma abominação que Agostinho condenou quando a idade e o múnus o fizeram o casto. No islão é uma ofensa ao profeta, que os mullahs vigiam, e um perigo que as teocracias se encarregam de erradicar.

No mundo árabe, onde a Idade Média floresce nas teocracias que embrutecem e constrangem socialmente, todas as sevícias e actos de crueldade contra a mulher são formas de perpetuação do poder clerical e do carácter misógino do Corão.

Nos países cristãos a mesma demência, contida pelo carácter secular, é uma constante herdada da cultura judaico-cristã, uma obsessão do clero e um desatino dos mais retrógrados dirigentes.

Nos EUA o presidente Bush, em demência homofóbica, quis a revisão da Constituição para que os casamentos homossexuais fossem interditos.

Do Vaticano, a última teocracia europeia, um ditador vitalício ordenou aos sicários que lhe servem de correia de transmissão, que defendessem a ortodoxia bíblica, que se opusessem à emancipação da mulher e lhe reprimissem a sexualidade, numa cruzada pela castidade e por aquilo que designam de bons costumes.

A ICAR leva o caos e a chantagem a qualquer lugar onde os direitos humanos sejam interpretados de igual forma para ambos os sexos. Nem o passado obsceno que guardam os muros do Vaticano morigeram o Papa.