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  • 13 de Julho, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

O proselitismo cristão e um ateu

Por

Paulo Franco

“Olá meu amigo, não tive outro jeito, peço desculpas antecipadas por te incomodar, mas é urgente. Tenho um amigo que veio de muito longe e precisa ficar em algum lugar. Sendo assim, indiquei sua casa . Ele vai te procurar. Te peço que o receba, trate-o bem e, se possível, o ame. O nome dele é…. Jesus Cristo .
Agora diga bem baixo: Pode entrar Senhor, eu preciso de Ti todos os dias da minha vida.
Mande para algumas pessoas e vai receber um milagre amanhã e saiba que Ele está sempre com você.
Se acredita em Deus envia esta mensagem a 20 pessoas, se rejeitar lembre Jesus disse:
“Se Me negas entre os homens, te negarei diante do Pai !”
Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa.”

***

Eis a minha resposta: para além de ter por hábito rejeitar amigos imaginários, não gostar de prestar vassalagem a ninguém, não acreditar em milagres e não ceder a chantagens ridículas, tenho também uma forte tendência a não me identificar com personagens cuja moralidade não seja aceite por uma sociedade culturalmente desenvolvida. Se nós partirmos do princípio que a história sobre Jesus é verdadeira, podemos facilmente identificar 3 padrões de comportamento absolutamente imorais, para não dizer detestáveis.

1º – Supostamente jesus fez alguns milagres. Supostamente curou pessoas cegas e pessoas paralíticas. Se, como afirmam os crentes, Jesus detinha um poder idêntico ao do próprio Deus (pois, segundo a magnifica teoria da Divina Trindade, Jesus, Deus e o Espírito Santo comungavam da mesma essência), porque é que Jesus em vez de curar um cego não optou por erradicar a cegueira?
Porque é que Jesus em vez de curar um paralítico, não erradicou todo o tipo de paralisias? Como é que alguém que tem o poder de tirar o sofrimento a todas as pessoas, só o faz a uma pessoa ou duas? E porque é que, num historial de milagres tão vasto, no passado como no presente, não existe nenhum milagre em pessoas com membros amputados?

2º – Os crentes do Cristianismo consideram Jesus o melhor homem de todos os tempos. E eu, com o meu espírito envinagrado, pergunto o seguinte: Onde estão as críticas de Jesus aos comportamentos assassinos do seu Pai? Onde estão as criticas ao assassínio em massa perpetrado por Deus em Sodoma, Gomorra e aos primogénitos do Egipto?

Onde é que está a coerência do homem que aconselha todos os homens a amarem-se e a perdoarem-se uns aos outros, mas que apoia incondicionalmente o seu Pai que assassina pessoas apenas porque lhe são desobedientes? E porque é que Jesus não aconselhou Deus a instruir e educar as pessoas em vez de as assassinar? Se Jesus, Deus e o Espírito Santo são uma só essência, e se essa essência é eterna, qual a responsabilidade de Jesus nos referidos crimes?

3º – Este 3º padrão de comportamento, que considero absolutamente detestável, é, a meu ver, uma das formas mais graves de difundir o ódio entre cristãos e não cristãos. É no novo testamento, e com Jesus como protagonista principal na divulgação desta ideia, que aparece o conceito de inferno e de perdição eterna. Para Jesus, se alguém não o seguir; não o amar; não acreditar nele; está irremediavelmente condenado para toda a eternidade. É difícil imaginar algo simultaneamente mais infantil e mais imoral do que isto. Como é possível a alguém que quer difundir o Amor entre os Homens, condenar ao sofrimento eterno por coisas tão banais? Não estamos a falar de condenar eternamente assassinos psicopatas ou violadores de crianças. Não, não, não. Estamos a falar de condenar pessoas comuns, normais, bons cidadãos que simplesmente ignoram ou não são apreciadores de divindades?

Em nome das crianças de Sodoma; Em nome das crianças de Gomorra; E em nome dos primogénitos do Egipto assassinados por Deus fico a aguardar que Jesus (ou alguém) me responda.