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  • 16 de Janeiro, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Sobre os ateus e o ateísmo

Há por aí quem nos julgue supérfluos, indignos e mal formados, quem considere a nossa existência inútil, perniciosa ou perigosa, quem secretamente gostaria de nos ver calados, amordaçados ou erradicados. E nós, ateus, obstinadamente vivos, perante a indiferença divina e o espanto dos crentes, insistimos em ser uma voz ao serviço da liberdade, do livre pensamento e da descrença.

Das numerosas religiões que disputam o bazar da fé todas se julgam inspiradas no único Deus autêntico, donde se conclui forçosamente que, na melhor das hipóteses, todas são falsas e só uma é autêntica, e, no caso mais provável, que nenhuma delas passa de um embuste de que se alimentam os parasitas da fé à custa dos crédulos.

Os ateus respeitam os crentes e desprezam as crenças. São como médicos que cuidam os doentes e atacam as doenças; são solidários com os que sofrem e abominam os que incentivam o sofrimento; defendem a felicidade, o conhecimento e a razão e combatem a resignação, a subserviência e a superstição.

Nunca o Diário de uns Ateus sustentou posições racistas, discriminações com base na raça, sexo, religião ou em qualquer outro pretexto. Não faz a apologia do nacionalismo ou estimula atitudes bélicas. Reiteramos a cada momento a nossa determinação na defesa dos princípios que regem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Qual a religião que se conforma com tais princípios?

Defendemos a liberdade, os direitos humanos e a democracia. Combatemos a pena de morte, a prisão perpétua e a tortura. somos contra o racismo, a xenofobia e a discriminação sexual. Há alguma religião que nos acompanhe? Quem é intolerante?

É ignóbil que alguém procure impedir a prática de uma religião mas é ainda mais abjeto haver quem imponha a sua prática, hábito a que não renunciam facilmente os prosélitos dos diversos credos, decididos a fazer cumprir a vontade do deus a que se encontram avençados, escravos da vontade divina analisada pela mente embotada dos seus padres.

As sociedades que aprofundam o laicismo não põem em causa o exercício da liberdade religiosa mas as que se submetem a um credo facilmente confiscam todas as liberdades em nome de um deus que não existe com sanha persecutória e a vocação totalitária de quem se julga detentor de verdades absolutas.