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  • 9 de Setembro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

INDULGÊNCIA NA PENHA

Por

João Pedro Moura

É… é das cenas mais grotescas que até hoje vi em Portugal. Ontem, no Monte da Penha, em Guimarães, uma multidão de religionários amalucados, na 120ª peregrinação anual, deslocaram-se em massa ao santuário local, em busca de indulgência plenária, prometida pelo chico-desperto do Bergoglio, o papa Francisco.
Para esse efeito, o povoléu tinha que fazer 3 coisas: confessar-se, rezar em sintonia espiritual com o papa e comungar, quero dizer, engolir a hóstia, a dar na cerimónia.

Só que as hóstias não chegaram para todos, parece que nem para metade, mas o celebrante, o cardeal Manuel Castro, prometeu que a indulgência se prolonga e “os fieis, na próxima semana, se comungarem, podem obter precisamente essa indulgência. Por isso, não se preocupem, o importante é poderem receber Jesus na Eucaristia, num dia desta semana que vem.”, noticia, hoje, o Jornal de Notícias. E os que ouviram a missa pela rádio também ficaram perdoados…

Esta benesse vaticanista permite extinguir a pena temporal do purgatório após a morte, que existiria mesmo que a pessoa tivesse os pecados confessados…

Além de esgotarem as hóstias, estou mesmo a imaginar aquela multidão dumas 50 mil pessoas a confessarem-se previamente…
Estou mesmo a imaginar a grande maioria a comer a rodela enfarinhada sem se ter confessado… nem rezado, “segundo as intenções do papa”…
Isso da confissão é tão ridículo que já quase não se deve usar, neste tipo de povo pragmático, mas crédulo, pouco dado às elocubrações teológicas e sacramentais, mas mais ao espetáculo e à imagem. Mas, enfim, como não há certificado de confissão, o que interessa é estarem todos juntos em comunhão fraterna…

E quem é que mora naquele santuário da Penha?! Uma tal Senhora do Carmo, que ninguém sabe quem é, quando nasceu, quando morreu e o que fez de importante na vida para merecer tal celebração. Ignorância essa que, de resto, é extensível a inúmeras santas e santos, por este país dentro, que ninguém sabe quem são: senhora do Bom Despacho, senhor dos Aflitos, senhora do Ó (não vos rides, que existe… quero dizer, existe estátua e culto…) dos Navegantes, senhora do Desterro, das Dores, da Guia, enfim, um estendal de inépcias, que eu, qualquer dia, tenho de recensear…
… Essas senhoras e esses senhores são, geralmente, outros tantos heterónimos da Virgem Maria e do JC, espécies espirituais do jardim da celeste corte, mas o povo não sabe nem a Igreja lhe diz, para suscitarem inúmeras festas e pingues proveitos…

Por mais educação e instrução que o povo português tenha, ainda havemos de continuar a ouvir falar e ver estas celebrações rituais, completamente estúpidas, próprias dum povo néscio e crédulo, ávido de cerimonial e de imagética colorida, sumptuosa, grandiosa, o culto da imagem pela imagem, bem próprio de povos novilatinos, que edificaram catedrais imanes e outras igrejas extraordinárias, porque precisam da imagem e da grandiosidade, para saciarem o seu défice de sabedoria e de inteligência, ao contrário das igrejas protestantes, que são simples, sem luxos e contra luxos, que concitam ao pensamento e à oração, dispensando, portanto, o espavento rebuscado e avantajado do pesado e tutelar totalitarismo católico.

Pensar que o “perdão dos pecados” se obtém com indulgências papais, quer o “pecador” tenha provocado incêndios, homicídios, burlas, agressões, etc. releva de pensamento infantil e atolambado…
Pensar que é engolindo hóstias dominicais, ou noutro qualquer dia, que se auferem benesses divinas, acrescendo que em tal hóstia se encontra o “corpo de deus” ou da sua variante antroponímica Jesus, é praticar a teofagia, versão “soft-core” do canibalismo mais retorcido e mentecapto…

Duma coisa podemos ter a certeza, ao vermos as cenas corruptas e desatinadas da Penha vimaranense: o catolicismo cerimonioso e espaventoso, das festas e procissões, bem assessoradas pelas tendas de feira popular e pela imagética do “come-e-bebe-e-sê-feliz” está para lavar e durar em Portugal…