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  • 6 de Fevereiro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Tolerância e insulto

A tolerância não é o forte das Igrejas nem uma tradição religiosa. Pelo contrário, são os interditos que moldam o espírito dos pastores e o ódio é o sentimento que habita as sotainas, a expressão do deus de há 6013 anos que alimenta os parasitas da fé.

A frequência com que os crentes se dizem insultados leva-nos a crer que é a vocação censória que os corrói. Os católicos sentem saudade dos autos de fé e do poder temporal dos papas. O Islão não desiste de impor ao mundo a repugnância pelo toucinho e o desprezo pelas mulheres nem que, para isso, tenha de recorrer ao terrorismo, enquanto os judeus das trancinhas agradecem a deus por não os ter feito mulheres.

Onde as religiões dominam o aparelho de Estado não há liberdade para descrer. Os beatos que se dizem insultados sempre que os ateus abrem a boca não imaginam que igual sentimento deveriam sentir os ateus quando ouvem um bispo, rabino ou mullah.

O clero sente-se insultado com as descobertas científicas e indigna-se com a liberdade. Não aceita que cada um escolha a mentira de que gosta ou a verdade que prefere.

O autocarro ateísta é um espinho cravado no coração dos que se conformam com a ameaça do Inferno e não aprovam mensagens que libertam. Não percebo que a dúvida ofenda quem quer impor as suas certezas.

Um homem, qualquer homem, vale mais do que qualquer deus ou do que todos os deuses juntos.

Eu seria incapaz de insultar alguém com a ameaça de lhe desabençoar a água benta ou de lhe misturar água no vinho das galhetas mas não faltam os que me ofendem com a ameaça de rezarem por mim.