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Ateísmo de hastes: Zwei

O segundo artigo do Renas e Veados sobre o ateísmo e a sua relação com a religião (especialmente com a Igreja Católica Apostólica Romana), cuja autoria pertence ao Boss, foca as injustas acusações de intolerância com que frequentemente os ateus se deparam. A nós nunca nos «ocorreu proibir as religiões, a liberdade de culto ou construção de templos», antes pelo contrário, achamos muito bem que exista liberdade de religião e de culto. Por quem são? Construam igrejas à vontade (desde que sigam os planos de ordenamento de território e demais legislação de edificações)! No entanto, se criticamos o que quer que seja relativo a qualquer aspecto da crença, caem-nos em cima apontando o dedo acusador: «Intolerantes!». Como diz o autor, a única intolerância é não aceitar como válido os argumentos apresentados e considerados sagrados.

Continuando, como muito bem sublinha o Boss, «curiosamente quando se trata de criticar as opções ateístas não há qualquer comedimento, o tal que se pede exige aos ateus» e fornece um bom exemplo com um texto do Assumidamente. E segue dizendo que «a hegemonia religiosa da sociedade em que vivemos, [que] distorceu a noção de respeito pela opção religiosa alheia, considerando desrespeito tudo o que não seja a subserviência ou alheamento acrítico». E continua: «Ao mesmo tempo em que é legítimo e vulgar acusar os ateus de pessoas a quem falta algo, pobres de espírito ou mesmo imorais, como se a moralidade fosse algo sobrenatural ao alcance apenas de videntes. E nós ateus estamos habituados a tolerar estes discursos, e a ser comedidos nas respostas – erro crasso, parece-me». De facto é um erro. Temos de mostrar aos crentes e à sociedade em geral que o ateísmo tem um sistema de valores alternativos àqueles apresentados pelas religiões, valores esses assentes numa compreensão alargada da sociedade integrando, sem discriminações, todos os cidadãos independentemente do que são e do que pensam. Há que refutar a ideia que apenas a religião está na base da ética e da moral.

Todos os ateus devem juntar a sua voz ao que é dito: «Num mundo em que é tão mais fácil seguir o rebanho, é de aplaudir aqueles que rejeitam a facilidade de acreditar numa verdade, optando por encarar uma mentira. E é precisamente isto que tornam tão mais lúcidos os ateus, e tão perigosos os religiosos. Constatar uma mentira estimula a denúncia, a crítica, a honestidade racional como via para a construção de um mundo melhor. A crença numa verdade leva a loucuras, à tentação da imposição da verdade aos outros, a intolerância para quem ousa questionar a verdade».