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11 de Setembro, 2018 Luís Grave Rodrigues

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5 de Setembro, 2018 Carlos Esperança

O Vaticano, o clero e o poder

O Vaticano não é apenas a sede da multinacional da fé católica, em concorrência direta com outros monoteísmos, e a ambição de penetrar em outros mercados de crenças mais ou menos teístas, é um centro de poder político à escala global.

O cristianismo, nascido da primeira cisão bem-sucedida do judaísmo, foi sempre palco de cisões, que tiveram como pretexto a ortodoxia e o poder como objetivo. Há no clero, de qualquer religião, imensa ânsia de poder e especial apetência por verdades únicas.

Tendo as democracias nascido contra a vontade das Igrejas, e graças à repressão política sobre o clero, compreende-se que se tornem tanto mais vulneráveis quanto mais se identifiquem com regimes democráticos e prescindam da opressão no seu seio.

Não estão em causa os dogmas ou a hipotética existência de Deus nos ódios que nascem no interior da Igreja católica, acossada pelo fascismo islâmico e pelo poder financeiro e político de Igrejas evangélicas cujo proselitismo é hoje o que foi o da Igreja católica na Idade Média ou no advento do fascismo. O que está em causa é o poder. Simplesmente.

A chegada do Papa Francisco ao Vaticano, certamente com vários cardeais distraídos e o Espírito Santo ausente do consistório que o proclamou, permitiu à Igreja católica um prestígio acrescido, apesar de manter pujante a indústria dos milagres e em exercício os exorcistas que afugentam demónios, atividades em apenas os seus fiéis acreditam.

A condenação da pena de morte, um abalo enorme na moral dos padres reacionários, foi uma deceção para os que ainda hoje gostariam de acender fogueiras contra os hereges.

Não surpreende, pois, que o primeiro Papa que apostou combater a pedofilia tenha sido a sua vítima. Os que sempre protegeram os pedófilos, condescenderam com o tráfico de crianças roubadas a mães solteiras ou à guarda de instituições pias, foram os primeiros a tentar derrubar o Papa, agora que a comunicação social está mais alertada para aditivos alimentares e medicamentosos.

A Igreja católica está à beira de um cisma, mas os autores serão os que pretendem que o Vaticano abençoe a deriva fascista que contamina a Europa e a América, especialmente a América latina.

Os ataques ao Papa Francisco não são uma quezília interna, fazem parte da conspiração contra as democracias constitucionais, a que chamamos Estados de Direito.

Surpreendentemente, os bispos portugueses decidiram apoiar o Papa, o que é bom sinal. Esperemos que os democratas, ateus, agnósticos ou católicos, acertem na barricada. É o poder que está em causa. Dentro e fora da Igreja.

1 de Setembro, 2018 Carlos Esperança

Notas Soltas

Espanha – A lei da Memória Histórica, que impõe a remoção da toponímia dos nomes simbólicos da ditadura, tem a oposição de juízes, bispos e militares na reserva. Franco, o maior genocida ibérico de sempre, ainda condiciona a democracia e ultraja as vítimas.

Vaticano – O Papa Francisco alterou o parágrafo do catecismo da Igreja católica sobre a Pena de morte, considerando-a “inadmissível”. A rutura com a doutrina tradicional e o estímulo à abolição incitou a rebelião do clero retrógrado, que esperava um pretexto.

Argentina – O Senado, fortemente beato e reacionário, recusou a lei da IVG votada no Parlamento. As opções confessionais contrariam o direito de decisão das mulheres sobre o seu próprio corpo, contaminando toda a América latina.

Igreja católica – O maior escândalo sexual de sempre, o abuso de mais de mil crianças por mais de 300 padres da Pensilvânia, EUA, em sete décadas, com a cumplicidade de bispos e, desde 1963, conhecido do Vaticano, é a desgraça da Igreja e a ruína da fé.

Budismo – Xuecheng, abade do famoso templo de Longquan, demitiu-se da presidência da Associação Budista da China, por assédio e violação de monjas. A lascívia derrubou o principal líder espiritual chinês, que atingira o cargo antes dos 50 anos, em 2015.

PR – Que Marcelo reze o terço todos os dias e ache que “Um sítio onde é sensacional rezar o terço é a nadar no mar”, é uma opção pessoal, mas que a explicite e refira que a sua recandidatura “está nas mãos de Deus”, trai a laicidade a que o PR é obrigado.

31 de Agosto, 2018 Vítor Julião

Queres ser um cristão?

 
Se queres ser um cristão, deixo-te aqui uns pontos que te deves lembrar sempre de modo a facilitar-te a entrada nessa crença duma forma suave e sem confusões.
 
Eis o que precisas saber:
 
  • Maria ficou grávida dum pombo.
  • Maria teve um bebé mas continuou virgem.
  • Jesus era o bebé mas também era o seu pai e o seu filho.
  • Uns dizem que Jesus nasceu em Belém mas era de Nazaré, não falava hebraico mas sim, aramaico.
  • Jesus não esteve aqui para mudar as leis, mas acabou com uma quantidade delas.
  • Jesus viveu, morreu e agora está vivo outra vez. Esteve cá mas foi embora e vai voltar outra vez.
  • Jesus era um judeu e foi morto por judeus mas não pelos judeus, por orar a Deus e portanto, isso tornou-o um cristão e Deus para todos, excepto para os judeus.
  • O primeiro cristão era um judeu. Foi crucificado para os judeus pelos romanos, assim o afirma um cristão romano que era um judeu.
  • Os romanos mataram judeus e cristãos até que começaram a adorar um judeu, tornaram-se cristãos e mataram mais judeus.
  • Existe um só Deus mas são três: o pai, o filho e o espírito santo.
  • Paulo é o Saulo e Simão é o Pedro.
  • O diabo é um anjo e uma serpente que fala.
  • Deus libertou os escravos do Egipto mas só quando o faraó os libertou.
  • Um pescador apanha homens e não peixes.
  • O vinho é sangue e o pão é carne.
  • Um peixe não é carne e não se pode comer carne à sexta-feira, portanto, come-se peixe com pão que é carne.
  • Deus fez tudo e todos, mas ele é cristão e os judeus são o seu povo escolhido.
  • O imperador Constantino e o seu papel na igreja Católica e na Bíblia, é história que não interessa.
  • Na bíblia, as partes absurdas são alegorias e textos para interpretar, mas o melhor é deixar esse livro para os padres.
  • Deves chatear todos os não cristãos a aderirem à crença, e em caso de recusa, ameaça-os com uma estadia eterna no inferno, mas sempre dizendo que Deus é amor.
  • O papa tem sempre razão e jamais erra, mesmo estando totalmente errado.
 
Espero ter ajudado os novos cristãos a inteirar-se e a integrar-se nesta “bela” crença.