Carta de Einstein, na qual o famoso físico diz que Deus é uma expressão da fraqueza humana e que a Bíblia não passa de uma “lenda primitiva” vai ser leiloada em Nova York e valerá cerca de 1 milhão de euros.
Carta de Einstein, na qual o famoso físico diz que Deus é uma expressão da fraqueza humana e que a Bíblia não passa de uma “lenda primitiva” vai ser leiloada em Nova York e valerá cerca de 1 milhão de euros.
O maior ficcionista português de todos os tempos foi um escritor que se reinventou em cada livro que acrescentou ao banquete da literatura. O jornalista robusteceu a escrita na crónica e um caso ímpar na arte de contar, na forma como moldou a língua e na argúcia com que abordou o outro lado da nossa História nas mais belas páginas da literatura.
Há 20 anos, mal acabara de ser anunciado o Nobel do nosso contentamento, recebi uma chamada de um querido colega e amigo, a transmitir-me a novidade e a dizer que a minha convicção se tornara realidade. Há anos que esperava ver o nome de Saramago entre os laureados do prémio maior da literatura, como ele sabia. Aconteceu.
Foi com um grito de júbilo que gritei a notícia no bar do Hospital de Leiria, onde me encontrava, para ficar estupefacto com o desconhecimento generalizado do escritor e a indiferença perante o galardão. Há paladares rudimentares que a Universidade não ajuda a requintar e as iguarias são para quem pode apreciá-las.
Vinte anos volvidos, Saramago não precisa de panegiristas, merece apenas ser lido com a sedução que inspira, o prazer que transmite em cada página e a descoberta da riqueza da língua portuguesa trabalhada por um notável criador.
Ao indizível prazer da leitura do gigante literário que é José Saramago junta-se o deleite pelo azedume que provocou o seu êxito e a animosidade de que ainda é alvo.
L’Osservatore Romano, diário do Vaticano, escreveu quando B16 era líder da empresa: “Saramago é, ideologicamente, um comunista inveterado” e, depois da sua morte, ainda lhe chamou “populista extremista” e “ideólogo antirreligioso”, epítetos que o honram.
Sousa Lara, pai do exorcista homónimo, subajudante de ministro de Cavaco, censurou “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e opôs-se a que fosse incluído para o concurso a um prémio literário europeu. Foi a rosto do cavaquismo, boçal, vesgo e analfabeto.
O eurodeputado do PSD, Mário David, nascido em Angola, e a viver há décadas fora de Portugal, declarou ter vergonha de ser compatriota do escritor e que este devia renunciar à nacionalidade portuguesa.
O Dr. Manuel Clemente, então bispo do Porto e ora o mais medíocre patriarca de Lisboa do último século, afirmou que José Saramago “revela uma ingenuidade confrangedora quando faz incursões bíblicas” e, como “exigência intelectual, deveria informar-se antes de escrever”, com o se alguém o obrigasse a ele, bispo, a pensar antes de falar.
Saramago teve a sorte de viver numa época, como admitiu, em que não havia fogueiras da Inquisição, e Portugal a de gerar um escritor cujas posições políticas são irrelevantes para a talentosa criatividade do Nobel do nosso contentamento.
Há 108 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, Eusébio Leão proclamou a República, perante a aclamação jubilosa de milhares de populares.
A ação doutrinária e política levada a cabo pelo Partido Republicano Português, desde a sua criação, em 1876, conduziu à Revolução que, iniciada em 2 de outubro de 1910, fez capitular a monarquia na data gloriosa do 5 de Outubro.
Portugal colocou-se na vanguarda dos países que aboliram a monarquia, regime que se perpetuava dentro de uma só família, com precedência etária e do sexo masculino, cuja legitimidade era a tradição e a alegada vontade divina.
Em 5 de outubro de 1910, os súbditos tornaram-se cidadãos e os heróis que se bateram na Rotunda foram arautos da mudança que rejeitou os regimes monárquicos na Europa e no Mundo, ou os remeteu para um lugar decorativo.
Foi o ideário libertador da República que instituiu as leis do divórcio, do registo civil obrigatório, da separação Igreja/Estado, marcas inapagáveis da História de um povo e do seu avanço civilizacional. Foram abolidos os títulos nobiliárquicos, os privilégios da nobreza e o poderio da Igreja católica. O Registo Civil obrigatório substituiu os registos paroquiais de batizados, casamentos e óbitos. Findou a injúria às famílias discriminadas pelo padre no enterramento das crianças não batizadas, dos duelistas e suicidas. O seu humanismo assentiu direitos iguais na morte aos que dependiam do humor e do poder discricionário do clero ou do exotismo do direito canónico.
Fazem parte do devocionário laico os nomes de Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas, além de Miguel Bombarda, entre muitos outros, alguns anónimos, que prepararam e fizeram a Revolução.
É em homenagem a essa plêiade de portugueses íntegros, que serviram a República sem dela se servirem, que foram dedicados e não se moveram por desejos de honrarias ou de riqueza, que, hoje e sempre, os republicanos sentem o dever de recordar o 5 de Outubro de 1910, data identitária do país que somos e do regime que o 25 de Abril repôs, depois de 48 anos de fascismo.
Transcrevo de Zé-António Pimenta de França o seguinte texto:
Diz a Associated Press, citada pela Bloomberg: “O governo da Índia aprovou nesta quarta-feira uma portaria para implementar uma decisão da Tribunal Supremo que proíbe a prática muçulmana que permite que os homens se divorciem instantaneamente, por violar os direitos constitucionais das mulheres.
A maioria dos 170 milhões de muçulmanos na Índia são sunitas, governados pela Lei Islâmica para questões e disputas familiares. As leis incluem permitir a prática, conhecida como “talaq triplo”, pela qual os homens podem se divorciar simplesmente dizendo a palavra três vezes – e não necessariamente consecutivamente, mas a qualquer momento, e por qualquer meio, incluindo telefone, mensagem de texto ou post nas redes sociais.
O governo terá mais seis meses para obter aprovação do Parlamento para que a portaria se torne lei. Mas no entretanto aqueles que a violarem podem ser processados sob a portaria agora aprovada pelo governo de Nova Deli.”
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A Índia fez o que toda sociedade não-muçulmana deveria fazer: defender sua própria integridade social e cultural. Ou seria a submissão o único caminho para evitar que sejamos chamados “islamofóbicos”?
NESTA FOTO vemos uma manifestação de muçulmanas indianas reclamando contra a legislação indiana que as quer precisamente proteger. Algo assim como os condenados à morte numa manifestação a favor dos carrascos que os vão matar…
Exigem a retirada da lei que proíbe o Talaq Triplo. Os cartazes dizem, nomeadamente que “A lei do Triplo Talaq é contra os direitos das mulheres e a igualdade de género” e “”A Sharia é o nosso orgulho”.
Os clérigos muçulmanos dizem-lhes que o Islão é a religião que dá mais direitos à mulheres e elas acreditam. Ou fingem que acreditam e fazem o que lhes mandam, não têm outro remédio, de outra forma sofrerão brutais represálias…
Como o ‘triplo talaq’ está no Alcorão, as organizações islâmicas acusam o governo central de interferir na lei muçulmana, a Sharia (Alcorão e Hadith).
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É claro que os indianos também têm muito a fazer na sua sociedade para garantir a igualdade entre mulheres e homens e até mesmo para garantir a igualdade no seu conceito mais amplo, já que a antiga divisão da em castas continua vigente, apesar de ilegal e inconstitucional. Mas isso é outro combate, outra luta.
Zé-António Pimenta de França
Por
Onofre Varela
IGREJA E SEXO CRIMINOSO (3 e Fim)
A grande Era das Trevas ditada pela Igreja Católica durante 350 anos, do fim do papado de Hormisdas (ano 523) até ao fim do papado de Adriano II (ano 872), contabilizou quatro séculos em que a prepotência da Igreja explorou e aterrorizou os povos da Europa, enquanto no seu seio reinava a malfeitoria, a devassa, a pornografia e o crime de sangue. A maioria dos papas desse período cometeu todo o tipo de crimes, e na lista dos 56 papas que reinaram nesse espaço de tempo, 23 foram considerados santos.
Alguns deles têm histórias tenebrosas de prepotência, intriga, tortura, luxúria, pederastia, violações e abusos sexuais de toda a espécie, inclusive com animais. Houve papas que sodomizavam criados, sacerdotes e fiéis que depois mandavam torturar e matar. Outros papas foram assassinados pelas vítimas, pelos clérigos que os queriam destronar para lhes sucederem, e pelos maridos das suas amantes.
Os males promovidos por papas não terminaram no ano 872… continuaram muito para além dele! O escritor italiano Eric Fratini, no livro Os Papas e o Sexo – Ficheiros Secretos do Vaticano (Bertrand, 2010), e a escritora inglesa Brenda Ralph Lewis, no livro A História Negra dos Papas – Perversões, Assassínios e Corrupção no Vaticano(Leya/Oficina do Livro, 2012), fazem um retrato tenebroso da Igreja através dos tempos.
E houve uma época em que o papado foi, literalmente, governado pelas amantes dos papas, que foram quatro mulheres poderosas: Teodora A Maior, esposa do também poderoso cônsul e senador romano Teofilacto I; a filha de ambos Teodora A Jovem; mais Marozia, filha de Teodora A Maior e do papa João X; e ainda Sérgia, filha da mesma mãe e do papa Sérgio III. Todas foram amantes de papas num total de 12, desde o ano 904 até 963 quando morreu o papa João XII, neto de Marozia. Uma dúzia de papas submetidos à fome de poder de quatro mulheres que seduziam pela palavra, pela beleza e pelo bom desempenho na cama. De entre todas elas foi Marozia quem, com os sábios conselhos da sua mãe que era mestra pornógrafa, se tornou, com o passar dos anos, a grande governanta e senhora de Roma e da cátedra de S. Pedro. Teodora foi descrita como uma rameira desavergonhada, e as filhas conseguiram fama idêntica. Os papas sucediam-se, e aquelas mulheres ficavam como concubinas. O verdadeiro poder da Igreja estava na mão destas quatro prostitutas clericais.
O bispo e cronista do século X, Liutprand de Cremona, opunha-se à passividade dos papas e escreveu sobre eles: “Caçavam com cavalos com arreios de ouro, organizavam banquetes opulentos com dançarinas no fim das caçadas e retiravam-se com as suas prostitutas para leitos com lençóis de seda e cobertas bordadas a ouro. Todos os bispos romanos eram casados e as suas mulheres faziam vestidos de seda das vestes sagradas”.
Por tudo isto, quem defende incondicionalmente a “santidade dos clérigos”, convém não esquecer a História, nem a condição animal dos homens que, efectivamente, são os papas, os cardeais, os bispos, os padres, os laicos… eu… e você, leitor.
(Onofre Varela in Gazeta de Paços de Ferreira, edição de 4 de Outubro de 2018)
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