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2 de Setembro, 2004 Palmira Silva

Pedofilia: Falência da ICAR nos US?

Mais de uma dúzia de arquidioceses americanas consideram a declaração de falência na sequência de milhares de acusações de pedofilia perpetrada por padres e outros eclesiásticos da ICAR. Na realidade, um estudo realizado pelo John Jay College of Criminal Justice, em Nova Iorque, indica que pelo menos 4% dos padres em funções no período compreendido entre 1950 e 2002 foram acusados de abuso sexual de menores.

Em 1997 a arquidiocese de Dallas tinha ameaçado declarar falência na sequência de julgamentos em casos análogos. As vítimas deveriam receber 119 milhões de dólares mas, para evitar a falência dessa delegação da ICAR, contentaram-se com pouco mais de um sexto do valor estipulado pelos tribunais: 23 milhões de dólares.

A arquidiocese de Boston já tinha considerado o recurso à falência antes de decidir pagar 85 milhões de dólares às vítimas.

Menos sorte teve a delegação da ICAR em Portland, Oregão, que, para evitar ir a um julgamento com consequências desastrosas e sem hipótese de aligeiramento do montante a pagar, invocou há pouco mais de um mês o capítulo 11 da lei da falência americana. A arquidiocese de Tucson, Arizona, anunciou em Junho passado que está a considerar invocar o mesmo artigo para evitar o julgamento marcado para este mês e as previstas muito pesadas indemnizações. Mais uma falência ou uma tentativa de emular o que aconteceu em Dallas?

A arquidiocese de Los Angeles enfrenta processos que no total correspondem a um bilião e meio (americanos) de dólares de indemnizações. Outra falência à vista? Ou outra chantagem?

Sobre a invocação do capítulo 11 como fuga para a frente da ICAR ler:
The Risk of Bad-Faith and Noncooperative Church Bankruptcies
What happens when a church goes bankrupt?
Bankruptcy seen as dioceses’ shelter
Artigo de capa do periódico católico OSV: Should Boston go bust?
Q&A: Archdiocese bankruptcy

2 de Setembro, 2004 Palmira Silva

Notícias de África

Bébés concebidos por milagre

O evangélico Gilbert Deya, que dirije uma igreja londrina com ramificações em África, especializada em concepções miraculosas, foi acusado de tráfico de crianças quenianas. Quando da prisão as autoridades recuperaram 21 crianças, algumas com apenas algumas semanas. Os bébés produzidos através do milagre da oração vão agora ser sujeitos a testes de ADN.



Genocídio no Ruanda


Começa finalmente em Setembro o julgamento do padre católico Athanase Seromba no International Criminal Tribunal for Rwanda (ICTR) em Arusha, Tanzânia. O padre Seromba é um dos membros da ICAR envolvidos no genocídio que ocorreu há 10 anos no Ruanda. Genocídio de quasi um milhão de Tutsis e hutus moderados conduzido sob o olhar indiferente e muitas vezes colaborante da ICAR. O padre é acusado de ter promovido o assassínio de milhares de Tutsis que se tinham refugiado na sua igreja de Nyange, onde os trancou. A igreja foi depois arrasada por bulldozers com os refugiados lá dentro.

Duas freiras foram condenadas em 2001, por um tribunal belga, a 15 e 12 anos de prisão, Gertrude Mukangango e Maria Kisito, pelo seu envolvimento no massacre de 7000 Tutsis que se tinham refugiado no convento Sovu em Butare, no sul da Ruanda. Não obstante os protestos do Vaticano. O Papa João Paulo II, como precaução, escreveu uma carta em 1996 em que afirma que a Igreja não pode ser responsável pelo comportamento de alguns dos seus membros.

Membros como os padres Hormisdas Nsengimana, reitor do colégio Christ-Roi em Butare, e Emmanuel Rukundo, capelão do exército ruandês, ambos à espera de julgamento por crimes de genocídio.

Carta da African Rights ao Papa João Paulo II em relação ao envolvimento de eclesiásticos da ICAR no genocídio de 1994.

1 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

A religião e os interesses nacionais

Como várias vezes foi aqui referido no Diário de uns Ateus, a obsessão do Papa JP2 por uma Croácia católica precipitou a desintegração da Jugoslávia e provocou a imensa catástrofe que se conhece.

Os interesses da Alemanha e do Vaticano conjugaram-se para fazer da Croácia, país que foram os primeiros a reconhecer, a brecha por onde emergiram as rivalidades étnicas, se acicataram os ódios religiosos e despontou o caos.

Helmut Kohl, europeísta convicto que aprecio, e João Paulo II, sem qualquer razão para admirar ou respeitar, foram os principais responsáveis pela maior tragédia europeia depois da guerra de 1939/45.

No julgamento a que está a ser submetido no Tribunal Penal Internacional, Slobodan Milosevic, criminoso de guerra que foi Presidente da Sérvia, eleito democraticamente (ao contrário do Papa), acusou o Vaticano e a Alemanha de terem formado uma «união perfeita» para destruírem os Balcãs e o Vaticano de querer «destruir a Sérvia para assegurar a sua expansão em direcção ao Leste». (1)

Independentemente dos crimes de que é acusado, e pelos quais responde, as suas acusações não são calúnias de um vencido, são verdades que a história corrobora. Infelizmente só os criminosos caídos em desgraça são julgados. Os outros dizem missas, fabricam santos, vendem indulgências, intrigam e corrompem ou gozam a reforma.

Apostila – (1) As negociatas em torno do ícone de Kazan revelam o proselitismo que devora o Papa. A devolução à igreja ortodoxa russa da imagem extorquida, tem sido acompanhada de forte movimentação diplomática do Vaticano para permitir a JP2 a realização de um comício na Rússia. O desejo tem-lhe sido sistematicamente recusado, por questões de defesa do mercado da fé cujo monopólio a Igreja ortodoxa pretende assegurar, à semelhança da sua concorrente ICAR nas regiões onde domina.

1 de Setembro, 2004 André Esteves

Cristo na Índia

Confesso que gosto de investigar o lado estranho das coisas. Encontramos nas franjas da nossa visão do universo as incoerências dessa mesma visão. E surge aí a oportunidade para a descoberta. Sou um leitor regular do «Fortean Times». A sua regularidade e qualidade das exposições são um ponto de referência.

Charles Fort era um jornalista inglês, do século XIX, que dedicou a sua vida a investigar todo o género de fenómenos estranhos que escapavam à visão contemporânea das coisas. Fantasmas, monstros, fenómenos meteorológicos estranhos, extra-terrestres, todos os mitos do nosso presente foram por ele acompanhados, quando ainda nem sequer havia arquétipos para essas «histórias».

Apesar de ser um utilisador do método científico e amante do rigor dos factos, sempre foi um grande crítico da prática corrente da ciência, por querer ignorar os fenómenos que mais se afastavam das abstracções dos académicos (que também temos de compreender, em retrospectiva, primeiro precisamos de bases sólidas antes de investigar o resto da realidade).

Um renegado numa época positivista. Por isso, hoje, ele têm a minha atenção.

Encontra-se neste momento no site do Fortean Times, um artigo deveras interessante:

Terá Cristo estado na Índia? [Inglês]

Algures, na Caxemira em guerra, existe um edifício deveras singular: o lugar onde talvez esteja enterrado Jesus Cristo…

1 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

Secretaria de Estado do Turismo

O secretário de Estado deslocado para o Algarve elegeu como primeiro acto oficial uma visita ao bispo de Faro.

Desconhece-se se o beija-mão de Carlos Martins se insere num gesto de subserviência à Igreja ou integra o programa de Governo para o sector do Turismo.

Não foi o bispo que visitou o governante, mas o contrário, num acto que envergonha a República e compromete o carácter laico do Estado. Parece importar mais ao ajudante do ministro Telmo Correia a salvação da alma do que a defesa dos interesses de um sector vital para a economia nacional.

31 de Agosto, 2004 André Esteves

Obrigado

Pedimos as vossas sugestões e críticas.

A todos, obrigado.

31 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

Diário de uns Ateus

Após algumas tentativas,em finais de 2003, à experiência, o Diário de uns Ateus começou o ano de 2004 com um dinamismo estimulante.

Em 31 de Agosto verificamos que ocupa o 42.º lugar em média de visitas e o 28.º em média diária de páginas visitadas, aguentando bem o período de férias.

Agradecemos afectuosamente aos numerosos amigos que nos visitam e, muito particularmente, ao devotos que nos abominam.

É com enorme satisfação que assistimos à derrota de Deus.

31 de Agosto, 2004 Mariana de Oliveira

O bispo, o cardeal e o barco

D. Jacinto Botelho, bispo de Lamego e presidente da Comissão Episcopal da Família, sobre o «barco do aborto», afirmou que «o problema fundamental não é o barco mas o aborto» demonstrando uma grande capacidade para captar os problemas da sociedade.

Não se ficando por esta constatação óbvia, o bispo disse que tal intervenção provocada num barco ou numa clínica «não muda a natureza da perversidade». Mais uma vez, vemos alguém da hierarquia católica, com as suas noções de moralidade que pretendem ser todas-poderosas, a demonizar uma forma de melhoria das condições de vida das mulheres. Sim, porque as mulheres querem-se submissas e parideiras!

Relativamente ao tratamento da chegada do «barco do aborto» a águas territoriais portuguesas (ao seu limite exterior, leia-se), Jacinto Botelho disse que o assunto é um «exagero» visto que promove «um atentado contra a vida». Portanto, o senhor bispo também deve ser contra os noticiários que relatam genocídios, guerras, assaltos e homicídios.

O barco «só pode causar polémica», afirma, uma vez que «não há ninguém bem intencionada que possa concordar com esta exibição» e adianta que a iniciativa não passa de «uma forma de exibicionismo». Claro que o barco das «Women on Waves» é uma exibição, como aliás é uma exibição toda e qualquer manifestação! Quanto às boas intenções, seria interessante que o senhor bispo explicasse onde estão elas quando milhares de mulheres se submetem a redes de aborto clandestino pagando, não raramente, com a ousadia de quererem ser donas do seu destino.

Em jeito de remate, o presidente da Comissão Episcopal da Família considera que é «contraditório» que as mesmas pessoas que «fazem manifestações contra a guerra sejam apologistas do aborto»… como se ambas as coisas fossem comparáveis.

O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, considerou a iniciativa da organização holandesa «uma provocação». Apesar de considerar importantes o debate e a liberdade de expressão e de vivermos numa sociedade livre, «os países têm a sua dignidade», mas não esclareceu se essa dignidade inclui a condenação judicial e a estigmatização de mulheres que decidiram abortar.

Aos cristão, o cardeal pediu que não se encolham sempre uma questão seja colocada de forma mais agressiva, reiterando a «clareza da posição da Igreja Católica em relação a esta matéria», ou seja, a manutenção de redes clandestinas de abortos, de viagens a Espanha e de mortes, de muitas mortes.

31 de Agosto, 2004 André Esteves

A lambona da vaca sagrada

Através da newsletter semanal News Of The Weird/agência de notícias France Presse, chega-nos a notícia de que no Cambodja assiste-se a uma autêntica romaria para visitar uma recém-aparecida vaca sagrada.

A mística vaca nasceu na aldeia de Phum Trapeang Chum, ela também um lugar sagrado.

Mais de 400 peregrinos amontoam-se à porta do dono da vaca, para por ela serem lambidos.

Tudo começou com a notícia, dada pela mulher do dono da vaca, de que teria ficado curada de uma doença crónica pelas lambidelas da vaca. Depois de aparecerem várias histórias semelhantes no Cambodja começou a peregrinação à vaca.

Sobre as capacidades curativas da vaca nada podemos afirmar. No entanto, parece ser realmente uma santa vaca, com enormes atributos de santidade. Segundo o seu dono, ela só lambe o peregrino depois de ter visto o dono receber o equivalente a 13 cêntimos americanos que permitem 4 lambidelas.

A noticia – News of the Weird [Inglês]