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4 de Outubro, 2004 Ricardo Alves

Comemorar a implantação da República, amanhã

Amanhã, celebrar-se-á o nonagésimo quarto aniversário da Revolução de 5 de Outubro de 1910.

Não faltam alguns, mesmo muito à esquerda, achando que nada haverá a comemorar de uma data que resumem ao fim da monarquia, e que responsabilizam (erradamente) pela ditadura de 1926 e até por uma lendária «perseguição à Igreja Católica». Enganam-se.

1) A República não «perseguiu» a ICAR, a menos que se considere perseguição o ter retirado aos padres o estatuto de funcionários públicos (embora concedendo-lhes pensões generosas), o retirar o ensino da religião do ensino público (que hoje deveria voltar a decretar-se…), instituir o registo civil obrigatório e o divórcio (que destruíram tanto a «família» como o casamento de homossexuais o fará), a abolição dos juramentos religiosos ou a liberdade de consciência e de culto para todos e não apenas para os católicos.

Algumas medidas dos primeiros governos republicanos (como a expulsão dos Jesuítas) poderão parecer, hoje, excessivas (e sê-lo-iam hoje). No entanto, à época a ICAR era bem diferente do que é actualmente. Era ainda a ICAR ultramontana que recusava quer a República, quer a Democracia, quer a Laicidade. E que esteve na oposição activa à República. A ICAR só viria a mudar (e relativamente…) com o Concílio Vaticano 2º.

2) A obra da 1ª República, muito dificultada por uma oposição violenta de monárquicos e católicos que nunca deixaram o regime estabilizar-se, foi também muito mais de enaltecer do que aquilo que os manuais do Estado Novo diziam (e que hoje é repetido acriticamente por muitos!): a fundação de universidades (como o IST); a reorganização da actividade colonial; o direito à greve; o equilíbrio das contas (Afonso Costa conseguiu quase sempre orçamentos superavitários até à guerra). Pergunta o leitor mais desconfiado: então a República caiu porquê? Em boa verdade, a partir de 1918 quase todos os regimes democráticos da Europa foram ameaçados ou caíram, geralmente às mãos daqueles a que hoje chamamos fascistas, e que na ibéria se apoiaram muito claramente na ICAR.

Poucos dias depois de um Parlamento democrático ter aprovado uma Concordata com a ICAR, e porque, portanto, faz todo o sentido continuar o combate dos republicanos de 1910, nós, os que não partilhamos a visão salazarista/católica da Revolução de 1910, pensamos que faz todo o sentido comemorarmos a República.

A Associação República e Laicidade estará presente, às 10 horas e trinta minutos, junto à estátua de António José de Almeida, e posteriormente na deslocação aos túmulos dos caídos na implantação da República e num almoço no Centro Republicano Almirante Reis, às 13 horas e trinta minutos.

3 de Outubro, 2004 André Esteves

Planeta dos cristãos

Às vezes tenho pesadelos que este seja o futuro que nos espera.

3 de Outubro, 2004 Carlos Esperança

A azia do bispo Marcelino

D. António Baltasar Marcelino, bispo de Aveiro, suspeito de ser progressista, boato que lhe valeu a animosidade dos crentes mais reaccionários e influentes da diocese da Guarda, que o vetaram quando da sua alegada indigitação, vem revelando nas páginas do Primeiro de Janeiro um proselitismo incompatível com a sociedade plural que só a separação da Igreja e do Estado garantem.

No artigo de 3 de Outubro, sob o título «Afinal, Estado Laico significa portas abertas ao laicismo?», D. António, após algumas diatribes contra os parlamentares portugueses, direito que um Estado laico lhe consente – e bem -, mas que sua Ex.a Rev.ma não estimaria contra a Conferência Episcopal, manifesta uma enorme animosidade às leis que se afastam da visão clerical.

O Sr. Bispo devia lembrar-se da tragédia portuguesa, igual à de tantos países, sempre que o trono e o altar deram as mãos; ter presente o meio século de ditadura que a ICAR caucionou, com tão poucas e honrosas excepções; recordar o combate sem tréguas que moveu à lei da separação da Igreja e do Estado e à do Registo Civil Obrigatório, leis que anunciaram o dealbar da modernidade protagonizada pela República; repudiar a patética oposição ao ministro Salgado Zenha quando este legalizou o divórcio de cônjuges casados canonicamente; e, sobretudo, olhar para o exemplo actual das teocracias muçulmanas com o seu cortejo de horrores a lembrar a Idade Média onde o cristianismo fomentou as Cruzadas e a Inquisição.

É, pois, com perplexidade que vejo o bispo condecorado com a Grã Cruz da Ordem de Mérito, outorgada quando da celebração das suas bodas de prata episcopais, a indignar-se com a liberdade de imprensa que critica leis porque «não são tão laicas como deviam ser, não estão em sintonia com as leis dos países mais avançados da Europa». Quando condena as leis por serem «dissonantes da nossa cultura e tradição e, por isso mesmo, dos interesses nacionais», o Sr. Bispo esquece a tradição autoritária e repressiva da matriz católica que lhe serve de paradigma. Felizmente rompemos com a tradição, ainda que isso custe à Igreja católica e cause azedume aos seus bispos. Finalmente quando afirma que «O laicismo tem-se infiltrado nas mentalidades e traz no seu bojo o complexo do medo, que o torna, progressivamente, atrevido, agressivo e pouco racional», não estará a referir-se ao clericalismo que na véspera conseguiu uma vitória indecorosa com a aprovação da Concordata? Os privilégios deviam fazer corar de vergonha a Igreja e de remorso os deputados que a aprovaram de joelhos e mãos postas, com despudorado desprezo por ateus, agnósticos e crentes de outras religiões cujos direitos são iguais numa sociedade democrática.

Afinal as portas abertas ao laicismo deixam entrar e respirar a democracia e as portas escancaradas aos Estados confessionais transformam os cidadão em bandos de beatos e assassinos, como o exemplo dos países islâmicos tragicamente ilustra.

3 de Outubro, 2004 Carlos Esperança

Canonização dos pastorinhos

«Já temos o milagre que faltava»

(Declarações do padre Luís Kondor, à revista «notícias magazine», de hoje).


O Diário Ateísta vê assim confirmadas as suas informações, dadas aos leitores ao longo dos últimos meses.

O padre Kondor foi incumbido em 1960 pela Congregação do Verbo Divino, a que pertence, da difícil missão de vice-postulador para a causa dos pastorinhos, cargo que acumulou com o de vice-reitor do santuário de Fátima. Hoje, 44 anos depois, já conseguiu a criação de dois vice-santos (beatos Francisco e Jacinta Marto) e está em vias de obter a promoção que lhes falta para a canonização.

Entretanto conseguiu revogar as normas de Pio XI que não autorizavam crianças a fazer milagres, autorização concedida por JP2 em 1979, o que permitiu a carreira de santidade reservada aos grandes obreiros da conversão da Rússia e divulgadores de um divertido passatempo – o terço.

3 de Outubro, 2004 Carlos Esperança

Beatificações e canonizações

Vaticano beatifica hoje Carlos I da Áustria, o Santo Imperador

As beatificações e canonizações são a doença senil deste pontificado. Carlos I, o último imperador dos Habsburgos austríacos – Carlos IV, entre os reis da Hungria – teve um milagre reconhecido pelo Vaticano e vai ser hoje beatificado.

Aos 34 anos Deus, por gostar tanto dele, chamou-o à sua divina presença, quando se encontrava na Madeira exilado, depois de ter sido obrigado a abdicar, após a queda do império austro-húngaro, altura em que Deus não lhe valeu.

Nos dez anos de vida matrimonial a mulher, Princesa Zita de Borbone-Parma, teve oito filhos, motivo suficiente para Deus se ter condoído da desgraçada e enviado uma «gripe com localização bronco-pulmomar» ao perigoso reprodutor.

« O milagre aprovado pela Santa Sé é referente a um facto ocorrido com uma religiosa polaca, a Irmã Maria Zita Gradowska, das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Em 1944, com 50 anos, foi atingida por uma tromboflebite na perna direita. Dez anos depois o mesmo episódio aconteceu na perna esquerda. As dores impediam qualquer movimento. Nos últimos dias de Dezembro de 1960, a Irmã, aconselhada por uma outra religiosa a fazer uma novena pedindo a cura, invocou o Servo de Deus Carlos de Áustria. Depois de algumas horas de sono acordou sem dores e foi sozinha para a capela rezar com as outras irmãs. A ferida sarou, começou a andar, e até ao fim da sua vida em 1989, não sofreu mais nenhuma dor, morrendo com 95 anos».

O novo beato mereceu a distinção por vários motivos:

1 – Estava morto na Madeira e fez o milagre na Polónia;

2 – Fez o milagre na pátria do Papa e numa freira;

3 – O milagre durou quase 29 anos;

Claro que Deus,se regulasse bem da cabeça, escusava de ter mandado a doença à freira. Era mais fácil do que curá-la. E se o Papa não estivesse senil talvez não fizesse dos católicos parvos. JP2 está a precisar de um milagre para si.

2 de Outubro, 2004 jvasco

Madre Teresa

Em 19 de Outubro de 2003, Madre Teresa de Calcutá foi beatificada.

Madre Teresa de Calcutá tinha algumas opiniões polémicas. Considerava, por exemplo, que nem em caso de violação deveria ser permitido o aborto, caracterizando-o como «o maior mal, e o maior inimigo da paz».

Madre Teresa de Calcutá também estabeleceu algumas relações duvidosas, como é o caso de Jean-Claude Duvalier (um ditador a quem Madre Teresa elogiou a forma como «ama os pobres»); Charles Keating (que roubou 252 milhões de dólares no escândalo das poupanças e empréstimos, mas que doou 1.25 milhões para a ordem de Madre Teresa) ou até Robert Maxwell (que roubou 450 milhões de libras dos fundos de pensão dos seus empregados).

Mas uma das coisas mais questionáveis em Madre Teresa é a sua motivação. Em 1981, Madre Teresa disse numa conferência de imprensa: «Eu acho que é muito belo os pobres aceitarem a sua miséria, partilhar a paixão de Cristo. Eu acho que o mundo está a ser muito ajudado pelo sofrimento dos pobres». Apenas poucas centenas de pessoas são ajudadas, mesmo na maior das casas da ordem de Madre Teresa. A título de comparação, A Assembleia de Deus (protestante) serve 18000 refeições apenas em Calcutá, que é mais do que todas as casas da ordem de Madre Teresa juntas. Nenhuma das infra-estruturas em Nova-Guiné (há oito), por exemplo, tem qualquer residente, sendo exclusivamente para converter as pessoas ao Catolicismo.

Questionável também é o destino das doações feitas à ordem. Madre Teresa recusava-se a comprar equipamento médico. O dinheiro, mesmo aquele que era doado especificamente para caridade, era transferido para o Vaticano para uso geral.

Madre Teresa nunca permitiu o conhecimento das contas da sua ordem, excepto quando a tal foi obrigada por lei.

Obtive estas informações na entrada sobre Madre Teresa da Wikipedia.

1 de Outubro, 2004 Carlos Esperança

A ICAR mente

Sob o título «Crer em Deus continua a ser motivo de perseguição e morte» o Diário de Notícias de hoje, em artigo de Licínio Lima, refere um relatório da ICAR «dando conta que nos quatro cantos do mundo ainda se assiste a perseguições e mortes por motivos confessionais». Sendo verdade, trata-se de uma mistificação. Não é a crença em Deus que atrai a perseguição, é a crença num deus concorrente. Não é a fé que se persegue, é a liberdade. É, de facto, como sempre foi, uma manifestação da vocação totalitária das religiões que não toleram a diferença. Todas têm um deus verdadeiro e a obrigação de erradicar os falsos ídolos. Converter os que andam errados à verdadeira fé é o desígnio dos crentes que aspiram ao Paraíso. Quando estão em minoria são subservientes e hipócritas, quando se tornam maioria transformam-se em autoritários e violentos. Esse é o problema que a laicidade do Estado atenua e a apostasia resolve.

A história da ICAR confunde-se com a actualização permanente das mentiras que mais lhe convêm. A sua técnica é minimizar e branquear os factos que a comprometem e exaltar e sublinhar os que mais a glorificam.

Constantino enjeitou dezenas de evangelhos e seleccionou os quatro mais úteis e menos contraditórios que, após sucessivos aperfeiçoamentos e piedosas falsificações, se transformaram em livros sagrados, mas o tempo encarregou-se de os tornar obsoletos. As recomendações anacrónicas e violentas podem continuar a reflectir a vontade de Deus mas deixaram de entusiasmar as pessoas de mente sã. O paradigma da civilização que floresceu em países cristãos, tantas vezes em conflito aberto com a vontade divina, afastou-se da Bíblia. É por isso que até o clero repudia hoje, em nome da civilização, o que devia defender em nome da ortodoxia.

A ICAR, ao recusar o progresso e a justiça, ao exaltar o sofrimento e glorificar a morte, ao aliar-se às ditaduras contra a democracia, alienou sistematicamente quem se revê nos ideais da Revolução Francesa que tão ferozmente combateu e que, mais de dois séculos depois, ainda deplora.

Enquanto os livres-pensadores buscam os caminhos da paz e da liberdade, a ICAR não desiste de transformar o mundo num bando de beatos, tímidos e idiotas, prontos a derramar o sangue por um Deus cruel. As religiões – todas as religiões – precisam de uma revisão que lhes reduza o consumo de sangue por cada 100 anos de história percorridos. Melhor ainda era declararem falência e fecharem os estabelecimentos. Basta de tanta amargura em nome de um deus sanguinário.

Os ateus amam a vida e buscam a felicidade, os crentes adoram a morte e exaltam o sofrimento. Talvez por isso, a ICAR é muito lesta a reivindicar mártires e demasiado lenta a reconhecer as suas vítimas.

30 de Setembro, 2004 André Esteves

Humorista polaco perseguido

A partir do site do Sindicato dos Jornalistas chega-nos a notícia que na Polónia, Jerzy Urban, editor de um jornal humorístico polaco está a ser processado pelo estado polaco, por ter escrito um artigo sarcástico, aquando da última visita do papa à sua terra natal.

O humor sarcástico e ofensivo está protegido pela liberdade de expressão, pelo que em qualquer estado civilizado, a lei não deve permitir que o estado intervenha e processe os autores.

A haver qualquer acção nos tribunais, ela remete-se aos visados, que podem pôr ou não, conforme a sua vontade um processo civil, para averiguar se houve mentiras e logo difamação da figura visada. Nem o estado, nem os tribunais devem decidir, o que é sarcasmo ou mau-gosto. No máximo, os tribunais devem julgar casos entre as partes.

Na Europa, vários casos no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos estabeleceram precedentes, decidindo que a liberdade de expressão não se aplica só a informação ou ideias que «são favoravelmente recebidas ou consideradas inofensivas ou com uma atitude de indiferença, mas também aquelas que ofendem, chocam ou perturbam o estado ou qualquer sector da sociedade.»

Jerzy Urban escreveu no semanário humorístico, um artigo sobre o papa, chamado de «Sado-Masoquismo Andante» depois de observar a viagem do papa à Polónia. Apesar do estado polaco cumprir algumas das normas internacionais da liberdade de expressão,a lei polaca reserva o direito do estado intervir no caso de uma comunicação ofensiva para um chefe de estado.

Segundo o raciocínio do Ministério Público Polaco, o Papa é uma figura do estado do Vaticano, pelo que pode acusar Jerzy Urban.

Na realidade, a «vírgula» na lei já permitiu condenar dois jornalistas no inicio deste ano que tinham feito acusações sérias sobre figuras do estado polaco. Trata-se do país que Karol Józef Wojtyla «libertou» do comunismo, mas com o qual se volta a assemelhar… e por sua causa.

30 de Setembro, 2004 André Esteves

Concordata no Parlamento

Hoje, uma das maiores vergonhas do Portugal democrático vai-se desenrolar no parlamento. Agendado a partir do nada no último mês, a concordata com o Vaticano irá ser posta a ratificação no parlamento.

Todo o processo que envolve a concordata têm se demonstrado anti-democrático. Primeiro foi o início das negociações, sem qualquer conhecimento público, por parte do governo socialista de Guterres. Depois, as circunstâncias que envolveram a sua assinatura-relâmpago no Vaticano, com o primeiro ministro de então, Durão Barroso.

Hoje, com um governo de legalidade democrática discutível a concordata vai a ratificação no parlamento. Os deputados irão ratificar um acordo com um discutível estado, em que nem a negociação das partes do acordo relacionadas com o estatuto dos capelães do exército, nem o relacionamento fiscal da Santa Sé e da ICAR com o estado português estão concluídas.

Na realidade, o parlamento passará um contrato em branco, de uma forma completamente irresponsável, para que o governo e a Santa Sé se divirtam a preenchê-lo com o que lhes der na veneta.

É um dos pontos mais baixos do parlamento português e a mais completa afirmação de hipocrisia do seu presidente, demonstrando que a suas fidelidades espirituais são mais fortes que o seu contrato com o povo, pelo qual afirmou no início do seu mandato, querer restaurar o prestígio da instituição. Se o afirmou com honestidade, teria pelo menos impedido a agendação desta moção, nestas condições.

É com vergonha que também observo os crentes de outras denominações, que levados pela armadilha do multi-culturalismo de segunda da «Lei da liberdade religiosa», se colocam de lado, julgando que ganharam alguma coisa, mas que irremediavelmente diminuiram parte dos seus direitos e dos outros cidadãos. A isso, chamo eu egoísmo e vistas curtas.

Sinto mais vergonha, ainda, como ateu, ter votado num Presidente da Républica com quem julgava partilhar alguma da visão e percurso de vida, que outros ateus compartilham. O conhecimento de que as religiões são o ovo de onde nasce uma visão dogmática do mundo e logo fonte de ditaduras, manipulações e fascismos.

Onde esteve, Sr. presidente? Com vergonha de ser chamado ateu, quando devia ter protegido os direitos de TODOS os portugueses?

Depois do dia de hoje, qualquer português não católico será um cidadão de segunda classe e os católicos portugueses estarão menos próximos do seu deus.

Lembremo-nos de Mateus 22:21

Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus

Na ICAR a tradição é mais importante que a palavra de Deus. E agora, contra a nossa vontade e pela cupidez de alguns, passou a ser também a nossa tradição, até ao final dos tempos…

Notícia no Público

Agenda do Parlamento

30 de Setembro, 2004 Palmira Silva

Demissão na ICAR Austríaca

Notícias da demissão do Bispo Kurt Krenn envolvido no escândalo pornográfico que abalou a Áustria este Verão, foram hoje divulgadas. Em Julho passado uma revista austríaca publicou fotos de clérigos acariciando e beijando os alunos do seminário St Poelten, perto de Viena. A investigação foi despoletada por acusações ao director do seminário de abuso sexual de menores e na sequência desta investigação foram encontrados cerca de 40 000 fotos e vídeos, alguns de pornografia infantil, nos computadores do seminário.

De acordo com o próprio, que classificou como brincadeiras infantis as fotos e vídeos revelados e infundadas as acusações de abuso sexual, a decisão foi pessoal e não por pressão do Vaticano.

Em 1995 a ICAR austríaca passou por um episódio semelhante que culminou com a demissão do reconhecido pedófilo e Cardeal de Viena, Hans Hermann Groer.

Num país em que, oficialmente, noventa por cento da população é católica os escândalos sexuais sucessivos que abalaram a ICAR tiveram como consequência o abandono das igrejas e uma petição subscrita por centenas de milhares de austríacos a pedir a reforma da Igreja.