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Autor: Ricardo Alves

2 de Fevereiro, 2013 Ricardo Alves

Em defesa da IURD

Angola «suspendeu» a IURD. Eu sei: no dia 31 de dezembro, a IURD organizou em Luanda um evento num estádio para 30 mil pessoas prevendo que viessem 150 mil. E foram 250 mil (ou mais, os números variam). Terão morrido 13 no chamado «desastre de Luanda». É horrível, terá havido irresponsabilidade e negligência dos responsáveis dessa igreja (e do policiamento do evento), mas não acredito que a intenção fosse causar mortes.
Num Estado civilizado e laico, este seria assunto para os tribunais: as responsabilidades teriam que ser apuradas e os responsáveis punidos. A solução angolana, pelo contrário, é típica de um Estado autoritário: «suspender» a IURD (e, por tabela, mais seis igrejas) por decisão governamental.
Mais incrível ainda, o senhor presidente de Angola acusa de «publicidade enganosa» a IURD. É grotesco: prometer «fim a todos os problemas que estão na sua vida; doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas, etc» é «publicidade enganosa»? Então o que serão as promessas do «paraíso» católico? Ou as dos feiticeiros africanos que também vemos em Lisboa? Publicidade não enganosa? E as promessas de democracia do senhor Eduardo dos Santos?
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
21 de Novembro, 2012 Ricardo Alves

Censos 2011: um milhão de portugueses não católicos

Ao responder aos censos de 2011 (os resultados foram ontem divulgados) quase um milhão de portugueses (maiores de 15 anos) se declararam não católicos: 615 mil assumiram-se «sem religião» (eram 343 mil em 2001) e 348 mil declararam seguir outras religiões que não a católica (eram 216 mil em 2001). Existem ainda 745 mil que se negaram a responder (787 mil em 2001). O número de católicos declarados como tal ao censo mudou pouco: diminuiu de 7,35 milhões para 7,28 milhões.
Em percentagem, os «sem religião» subiram de 3,9% para 6,8%, os de outras religiões de 2,5% para 3,9%, enquanto os católicos desceram de 85% para 81% (os que se recusam a responder pouco variaram, de 9% para 8,3%). Duas tendências crescentes: a dos que não têm religião e a dos que seguem religiões não católicas (entre os quais os grupos mais importantes são os 57 mil «ortodoxos», os 76 mil «protestantes» e os 163 mil que identificaram a sua religião como «outra cristã»). Pode afirmar-se seguramente que existe um aumento da secularização e da diversidade religiosa.
O gráfico mostra apenas a evolução dos três grupos minoritários (a coluna católica seria muito maior). Não será abusivo extrapolar que, a manterem-se as tendências actuais, o número de portugueses sem religião (declarados ao censo) ultrapassará um milhão no censo de 2021, ano em que os portugueses de outras religiões poderão ser meio milhão.
(Poupem-me ao «Portugal esmagadoramente católico»…)
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
20 de Novembro, 2012 Ricardo Alves

Na ICAR estas coisas não se votam?

A igreja anglicana recusou hoje, numa votação renhida (faltaram seis votos para os necessários dois terços), que as mulheres (que já podem ser «padresas») possam ser «bispas».
Só uma questão aos católicos portugueses: quando é que uma questão destas irá a votos (votos, democracia, isso mesmo) na igreja católica romana?
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
19 de Outubro, 2012 Ricardo Alves

Uma corajosa e necessária denúncia das perseguições à ICAR no Portugal do século 21

Enquanto defensor da liberdade religiosa, não posso deixar de assinalar a publicação desta pasta de papel que denuncia as perseguições a que está sujeita a igreja católica no Portugal contemporâneo, perseguições essas que são piores – mas muito piores – do que aquelas a que foram sujeitos os judeus no Portugal do século 16. É portanto particularmente significativo o título escolhido: hoje, os católicos são quinzenalmente queimados na praça do Rossio, mortos nas ruas por turbas furiosas (o livro foi apresentado num edifício do Largo de S. Domingos, onde começou o pogrome de 1506) e, no mínimo, despedidos dos seus empregos (o livro foi apresentado por Manuel Braga da Cruz, reitor da Católica). O entrevistado é conhecido por não publicar nos jornais os seus pontos de vista ultraconservadorese a entrevistadora, bem, é a Zita Seabra.

Deixo-vos com um excerto do livro: capítulos como «Os católicos: uma espécie em extinção?» e «Opus Dei: uma controversa obra de Deus?» permitem formar uma opinião sobre o realismo e a imparcialidade desta denúncia da «nova inquisição».

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]

27 de Setembro, 2012 Ricardo Alves

Acha que sabe muito sobre liberdade de expressão? Sim? Então…

…Então responda às perguntas seguintes na caixa de comentários deste artigo. Todos os acontecimentos se deram esta semana. Não vale ir ao Google (ou às redes sociais).

    1. No Egipto, um manifestante foi preso por rasgar um livro «sagrado». Esse livro era:
      1. O Corão;
      2. A Torá;
      3. A Bíblia;
      4. O livro de Mórmon;
      5. Outro.
    2. Um homem foi preso por comparar, no Facebook, uma figura religiosa a um prato de massa. O país é:
      1. A Tunísia;
      2. O Egipto;
      3. A Arábia Saudita;
      4. A Grécia;
      5. A Rússia.
    3. Um sacerdote disse que «nada está acima da liberdade de expressão». A sua religião é:
      1. O islão;
      2. O catolicismo;
      3. O cristianismo na variante evangélica;
      4. O budismo;
      5. A cientologia.
    4. Uma democracia «ocidental» bloqueou o filme «A Inocência dos Muçulmanos» no youtube. O país é:
      1. Os EUA;
      2. O Brasil;
      3. Portugal;
      4. A Polónia;
      5. A Irlanda.
    5. Um presidente disse «eu aceito que as pessoas me vão chamar coisas terríveis todos os dias, e defenderei sempre o seu direito de as dizer». O presidente é:
      1. Mahmoud Ahmadinejad;
      2. François Hollande;
      3. Giorgio Napolitano;
      4. Barack Obama;
      5. Cavaco Silva.

Respostas dentro de 24 horas ou mais. Nada de respostas múltiplas.

        [Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
22 de Julho, 2012 Ricardo Alves

Pela separação entre o «Serviço de Assistência Religiosa» e o «Ordinariato Castrense»

O Daniel Oliveira diz que «vivemos num Estado laico, onde a Igreja não decide quem é ministro e o governo não decide quem é bispo». Concordo com o princípio, mas não sou tão optimista quanto à realidade.

Vejamos: a ICAR decidiu que tem lá uma coisa chamada «Ordinariato Castrense», cujo dirigente é equiparado a «bispo» por o grupo que dirige ser equiparado a «diocese». Claro que a ICAR está no seu direito. Até pode nomear uma «diocese» para a Lua. «Nihil obstat» da minha parte. Aliás, em tempos eles até nomearam «bispos» para «dioceses» que já não existiam (como Mitilene). Mas convém recordar que o antecessor do Januário nas FA´s foi o António Ribeiro, e imediatamente antes o próprio Cerejeira. Não sei quem será o sucessor…

O Estado decidiu, em 2009 e pela mão do senhor Sócrates, que haveria nas FA´s outra coisa (quero eu…) chamada «Serviço de Assistência Religiosa» (SAR). Não seria contra, desde que fosse apenas para os interessados e pago pelos próprios. Mas. Na própria lei o SAR densifica-se numa «capelania-mor», que pode ter um «capelão-chefe» por cada «confissão religiosa». Acontece que até agora só há um único «capelão-chefe». Surpresa: é católico.

Bom, vou concluir. O Daniel Oliveira não quer que o Estado nomeie bispos, e eu concordo. Mas o actual «capelão-chefe» das FA´s estatais, um indivíduo chamado Manuel Amorim (perdão, o contra-almirante Manuel Amorim por inerência da capelania), poderá suceder, na lógica católica, ao actual «bispo das FA´s» da ICAR. O tal Januário. Ou seja, poderá acumular o «bispado» da ICAR e a «capelania-chefe» do Estado. Como aconteceu ao Januário, que só tem a notoriedade que tem por ter acumulado o «bispo» eclesiástico (ainda) e o major-general militar (agora na reforma, mas sem carreira militar, note-se… só eclesiástica). Enquanto se mantiver o «serviço de assistência religiosa» com dupla nomeação estatal-eclesial e pago pelo Estado (uma rotunda «gordura do Estado», na minha opinião), a confusão persistirá entre funções privadas (eclesiais) e públicas (Estado). E, no fundo, não se anda longe de o Estado nomear um «bispo». E, tão mau ou pior, a ICAR, em boa verdade, nomeia funcionários das Forças Armadas.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
9 de Julho, 2012 Ricardo Alves

O «Prós e Contras» de hoje promete

Décadas inteiras a fazer contas complicadas, a montar experiências complexas e a analisar dados, para afinal tudo ser reduzido a um rodapé religioso. Ah, pois. Porque a Física é um ramo da teologia, e ninguém melhor do que os padres para explicarem o triunfo do modelo padrão. Se «manipulação» e «aproveitamento» significam alguma coisa, o programa de Fátima Campos Ferreira promete hoje elevar esses conceitos a novas alturas. Dedico-lhes a imagem abaixo.
Nota: o bosão de Higgs passou de «partícula deus que a carregue» a «partícula divina» graças(!) a este livro.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
30 de Junho, 2012 Ricardo Alves

Começar mal

  • «Juro por Deus todo-poderoso defender com a minha fé…» (início do juramento do novo presidente do Egito, o islamista Mohamed Morsi; ontem pediu a libertação de um terrorista).