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Autor: Helder Sanches

3 de Outubro, 2007 Helder Sanches

O espírito de Natal em alta

Hoje, dia 3 de Outubro, a 83 dias de 25 de Dezembro, a loja de pronto a vestir da Diesel na Praça de Camões, em Lisboa, já tem as suas montras com decoração de Natal. Viva o espírito natalício!

1 de Outubro, 2007 Helder Sanches

O que fazer com ameaças de morte?


Recentemente, fui ameaçado de morte na caixa de comentários ao texto com os pressupostos do meu blog.

Como – que me recorde – só fui ameaçado de morte uma vez (tinha eu 19 anos, estava todo nu, de mãos e pés atados à cama e a ameaça partiu de uma morena com quase 1,80m e 3 anos mais velha que eu) não sei muito bem como lidar com esta situação, de modo que peço aos prezados leitores deste blog que me ajudem numa decisão.

Passo a citar o comentário em causa:

Tu não vais andar vivo muito tempo.Eu breve vou te procurar e quando te encontrar racho-te ao meio e dou a tua carne fétida aos porcos.Mas antes de te massacrar,digo-te porque o faço…”porque te ODEIO mais do que tudo no mundo” e quando te encontrar que Deus tenha piedade da tua alma negra. Maldito filho de Satanás.

Assim, como reagir a este comentário do comentador que dá pelo nome de “A Ordem” e tem o ip 62.48.149.193 ? Encaro várias hipóteses:

Fugir
Fazer as malas e partir para o Afeganistão, por exemplo, onde me poderia infiltrar com os talibãn e ajudar a destruir mais alguns símbolos religiosos. Esta hipótese é muito complicada, uma vez que tenho diversos projectos entre-mãos que não posso abandonar.

Converter-me
Assumir uma nova postura face à religião e pedir desculpa a todos os deuses pelas calúnias que tenho assumido publicamente e por todos os disparates que tenho escrito sobre religião, embora seja tudo verdade.

Passar a usar burka
Passaria a ficar irreconhecível e ninguém desconfiaria que era eu por debaixo do manto. Mais, acho que me iria assentar bem, fazendo-me parecer mais magro.

Participar às autoridades
Agarrar no ip e no texto em causa e fazer a participação às autoridades competentes. Esta sugestão foi dada pelo João Ribeiro mas, sinceramente, acho que era uma solução sem qualquer piada. Desculpa, João.

Estou aberto a outras sugestões. Conto com a imaginação dos leitores deste blog para outras recomendações. Obrigado.

1 de Outubro, 2007 Helder Sanches

Racional em excesso ou nem por isso

Recentemente, fui acusado numa conversa entre amigos de ser demasiado racional na minha abordagem ao fenómeno religioso. Quando pedi para me explicarem melhor essa acusação responderam-me que era apenas isso mesmo, estava a ser demasiado racional!

Ora, a meu ver, racional é algo que uma pessoa é ou não é. Não existem meios termos nem doseadores de racionalidade. Não consigo entender como é que se pode ser razoavelmente racional a não ser sendo, de facto, totalmente racional. E, então, só então, poderemos com naturalidade incluir nas equações do raciocínio as dúvidas e as questões que ainda fiquem no ar, sem nos precipitarmos a dar-lhes uma resposta de conveniência baseada em crenças sejam de que ordem forem.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

26 de Setembro, 2007 Helder Sanches

A Falta de Pachorra

Estou a atravessar a fase do “que se lixe!”. Não tenho pachorra para argumentar com os obcecados cristãos que por aqui passam que, na sua presunção egocentrista, acham que sou ateu apenas em oposição à religião deles. Puro disparate.

Encontro-me, portanto, numa fase que me parece de transição. Já referi anteriormente que não subscrevo um ateísmo estilo imprensa cor-de-rosa. Agora, sinto-me desmotivado, mais ou menos pelas mesmas razões, em argumentar com os comentadores beatos que apenas sabem refutar as minhas ideias em particular ou o pensamento ateu em geral com textos bíblicos, perfeitamente desenquadrados e cheios de bolor… Será que acham que ao citarem excertos da bíblia passam a ter mais credibilidade?

Assim, gostaria que, de uma vez por todas, os cristãos de passagem se mentalizassem que neste blog a sua crença é tratada por mim como uma entre várias, não tendo qualquer lugar de destaque, uma vez que se trata de apenas mais uma das fantasias que assola o mundo com mentiras, obscurantismo e estagnação.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

20 de Setembro, 2007 Helder Sanches

Barcelona

Uns dias em Barcelona souberam a pouco. Para resumir, digamos que se tivesse menos 20 anos teria ficado por lá. Ao contrário de Madrid, por exemplo, dá um enorme prazer caminhar pelas ruas de Barcelona, sem destino, apenas pelo passeio. Esta comparação com Madrid nem faz muito sentido porque, praticamente, nunca senti que estivesse em Espanha! Não sei se a sensação seria extensível ao resto da Catalunha, mas em Barcelona, seguramente, não se respira uma atmosfera espanhola.

Não me vou alongar na descrição destes dias; Barcelona impressiona pelo seu todo, não se lhe consegue fazer justiça com descrições turísticas.

Gostaria, no entanto, de contar um episódio caricato. Ao tentar visitar a catedral, foi-nos bloqueado o acesso porque a minha filha vestia… uma camisola de alças! Teria que vestir algo que lhe tapasse os ombros para que nos fosse permitido o acesso. Como o dia estava quente não levávamos nenhuma roupa adicional pelo que tivemos que dar meia volta. Ao sair deparo-me com este magnifico cenário (ver foto), mesmo em frente da porta da catedral onde nos barraram o acesso. Não consegui deixar de pensar que a imagem não era nada inocente e que a hipocrisia tem estranhas formas de se revelar.

11 de Setembro, 2007 Helder Sanches

6 anos depois

Há seis anos atrás, também a uma terça-feira, o mundo assistia, incrédulo, a um acto terrorista que viria a transformar as relações e os equilíbrios internacionais.

Na origem destes actos estiveram, não só mas também, motivações religiosas. Motivações movidas por uma cegueira que afecta o discernimento, o bom senso e qualquer tipo de respeito pela vida humana. A religião pode ser muita coisa, mas também é isto. Nela – exclusivamente nela – se encontram as razões para as guerras santas, as tais guerras que pretendem aniquilar e conquistar todos os que não sofrem da mesma espécie de loucura, justificadas por palavras “sábias” de indivíduos gastos de velhos e ultrapassados.

Infelizmente, muitos dos países ocidentais, em vez de aproveitarem esta excelente oportunidade para promoverem os benefícios das sociedades seculares, optaram pela postura populista ao, também eles, incendiarem os seus discursos políticos e de Estado com imagens religiosas contribuindo, assim, para uma maior “beatificação” das guerras, das crises e das injustiças que se seguiram a 2001.

Ainda é muito cedo para sabermos ao certo as consequências destas opções. Tenho esperança que a reacção das sociedades ocidentais não chegue tarde de mais.

8 de Setembro, 2007 Helder Sanches

Fé e Crença: descubra as diferenças

No Teologia (reparem que a url tem uma sequência de três setes quando seria muito mais engraçada a sequência de três seis!), o autor Tilleul escreveu um artigo intitulado “Fundamentalismo Ateu” acusando a grande maioria do ateísmo praticado em Portugal de ser um ateísmo anti-clerical e, portanto, fundamentalista.

Já anteriormente referi no meu blog o que penso sobre a etiquetagem de “fundamentalistas” aos ateus. Também já referi o que penso sobre esse tal ateísmo pouco construtivo, baseado no bota-abaixo.

O que o autor Tilleul parece querer ignorar – e não o deveria fazer – é que existe uma grande diferença entre a sua fé e a sua crença. Enquanto ateu, não me sinto com o mínimo direito de questionar a sua fé seja ela em deuses barbudos, em unicórnios brancos ou noutros chifrudos de língua bifurcada patrocinados pelo SLB. A fé do Tilleul é lá com ele e ninguém tem nada a ver com isso!

Já em relação à sua crença, acho-me no total direito de a questionar. Porque enquanto a fé individual nasce e morre dentro do indivíduo, os sistemas de crenças têm uma tendência perigosa de se transformarem em fenómenos epidémicos de transmissão de aldrabices infantis sobre as explicações do mundo que nos rodeia, o sentido da vida ou um suposto sentido da morte.

Muito do que aquilo que o Tilleul acusa de anti-clericalismo é, antes sim, anti-proselitismo. E se o Tilleul quer – e acho muito bem que o queira – continuar a ter o direito à sua fé individual, tem que, quanto antes, deixar de tentar impor essa mesma fé aos outros e compreender que há quem, de facto, não precise da fé para nada.

20 de Junho, 2007 Helder Sanches

A Europa e o Criacionismo na Educação

Há dias felizes em que parece que, afinal, ainda existem políticos razoáveis.

Alguns membros da Assembleia Parlamentar do Concelho Europeu avançaram com uma moção para recomendação intitulada “The dangers of creationism in education“. Fica aqui a sua transcrição:

1. The Assembly asserts the standard setting role of the Council of Europe and is aware of its own responsibility in re-assessing the basis on which our societies are to be built. It recognises science as part of this basis.

2. The advance of scientific knowledge through the process of rational enquiry is thousands of years old. Ancient civilisations around the World made valuable contributions. Modern science started in Europe with the scientific revolution of the 15th and 16th centuries. This was followed by the Age of Enlightenment in the 18th and has continued to the present. New theories were seldom easily accepted by the establishment, as was the case for instance with Lamarck and Darwin’s work on evolution in the 19th century.

3. However, in recent years we have witnessed attempts to reconcile the biblical account of creation with modern science and outlaw the theory of evolution. “Creationists” pretend that “intelligent design” by a supreme entity is the scientific explanation for the universe.

4. Such an approach has no credibility among the scientific community but has succeeded in raising doubts in less informed minds, including persons with high political responsibilities, mainly in the USA but also in Europe. Some schools are now forced to teach creationism. The middle path of providing equal time for both merely offers a middle way between truth and falsehood.

5. Support for the scientific theory of evolution is almost universal among those with religious beliefs in Europe and nothing in this motion is intended as disrespect for any religion.

6. However, the Assembly is concerned at the possible negative consequences of the promotion of creationism through education and recommends that the Committee of Ministers assess the situation in the Council of Europe member countries and propose adequate counter-measures.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

18 de Junho, 2007 Helder Sanches

Um Desafio Criacionista

Nestas andanças de religião e ateísmo, poucas coisas me têm aborrecido tanto nos últimos tempos como a vaga de publicidade à recente paranóia criacionista de criar espaços lúdicos de desinformação denominados “museus” criacionistas. Chateia-me que, principalmente nos EUA, seja dada tamanha credibilidade a estes empreendimentos patrocinados por mentes retrógradas ao serviço do proselitismo mais perigoso à face da terra.

A definição de “Museu” no Código de Ética do Conselho Internacional de Museus (ICOM) é a seguinte:

Museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento e aberto ao público, que adquire, conserva, pesquisa e exibe para finalidades do estudo, da educação e da apreciação, evidência material dos povos e seu ambiente.

Não vejo como é que algum instrumento de divulgação criacionista se possa encaixar nesta definição! Sabendo que a teoria da evolução tem vindo a ser constantemente certificada pelos avanços das descobertas ao nível dos registos fósseis, da biogeografia e, mais recentemente, da genética, como é possível que se autorize sequer a denominação de “Museu” a qualquer espaço que tenha como único objectivo a propaganda criacionista, onde, por exemplo, se divulgam cenários de contemporaneidade entre humanos e dinossauros?

Assim sendo, proponho que não mais se utilize o termo “museu” quando se pretender mencionar os ditos “museus” criacionistas. O desafio para os leitores deste blogue é ajudarem-me a encontrar a expressão certa que possa ser usada tanto em português como em inglês.

Avanço com duas propostas que não me satisfazem completamente:

  • Circo Criacionista (Creation Circus)
  • Coliseu Criacionista (Creation Coliseum)

Fico à espera de melhores sugestões.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)