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Tabaco, genes e livre-arbítrio

Do Reino Unido chega-nos a notícia de um estudo que relaciona o vício na nicotina e o facto de sermos portadores de um determinado gene. O estudo realizado por um jornal britânico antitabagista, a Tabaco Control, incidiu sobre um grupo de 281 adolescentes com uma média de idades de 13 anos, que tinham começado a fumar mas que ainda não se podiam considerar viciados. Treze por cento dos envolvidos eram portadores de uma versão deficiente de um gene que permite às células do fígado metabolizarem a nicotina.

Ao longo dos cinco anos seguintes, 25% dos adolescentes com a versão mais deficiente do gene ficaram viciados, comparativamente com 9% dos que tinham a versão normal do gene e 10% dos que tinham uma versão levemente modificada. A presença de nicotina durante mais tempo no organismo, e logo no cérebro, aumenta significativamente a probabilidade de ficarmos viciados no tabaco.

Se o vício fosse uma questão de livre-arbítrio, deveríamos observar a mesma taxa de viciação nos três grupos estudados, com genes diferentes. É isto que nos permite dizer que o vício é uma doença, não um pecado.

Podemos perguntar-mo-nos então: Mas que Deus é este que dá a uns o fardo de ficarem mais viciados do que outros? É um bom Deus? O clássico problema do mal…

A esta pergunta, existem duas respostas padrão: É a vontade de Deus.

Mas se é a vontade de Deus, e ela demonstra ser livre e arbitrária, porque hei-de levar a sério as promessas que Deus fez aos seus seguidores? Ele vai dar-lhes um eternidade cheia de pacotes de tabaco? Mas não poderá mudar de ideias, durante essa eternidade? Se não mudar, não têm livre arbítrio, nem é omnipotente porque se auto-castrou com as suas promessas. (Suspeito mas é que a meio da eternidade irá tirar a toda a gente o tabaco.)

A outra resposta, mais habitual nos protestantes, é a queda do estado de graça… As diferentes versões do gene são o resultado do homem ter provado da arvore do conhecimento. Que automaticamente se corrompeu fisicamente juntamente com toda a criação… E o livre arbítrio, então? Não sobra nada da àrvore do conhecimento no meio de tanta «corrupção»?

Ou será que na verdade, é a religião um vício como o tabaco?