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As feras de Alá continuam à solta

O desvario metodista de G. W. Bush é responsável pela agressão ao Iraque, com base numa mentira – a existência de armas de destruição maciça. Este cruzado desacreditou a superioridade moral de que as democracias justamente se reclamam e lançou o caos e o ressentimento. A fé e a mentira costumam dar-se as mãos.

O fanatismo islâmico, por sua vez, não distingue entre o seu próprio povo e o exército invasor. Apenas o ódio beato e a obsessão paranóica do paraíso devora os suicidas que perpetram atentados. Nas últimas 24 horas fizeram 102 mortos e provaram que a violência está para durar.

Os aliados confundiram a rapidez da vitória com a virtude da expedição, a febre de destruição com sede de liberdade e procuraram na crueldade do regime de Saddam disfarçar a brutalidade da agressão.

A passividade perante a fúria devastadora de bandos ensandecidos deveu-se à cultura dos soldados americanos. Suspeitando que os sumérios fossem terroristas e os assírios financiadores da Al Qaeda, nas tábuas de gesso, com mais de cinco mil anos, desconfiaram da escrita cuneiforme, e numa cabeça esculpida, da época suméria, não viram além de um busto de Saddam. E foi assim que o museu de Bagdade foi saqueado.

Uma biblioteca a arder, com preciosidades únicas, foi vista como a livraria de um eventual cunhado do ministro da informação e nem o incêndio foi debelado.

Perante a passividade e a indigência dos invasores rapidamente pulularam cáfilas de díscolos numa orgia destruidora e hordas de saqueadores em busca de despojos.

No Iraque o povo que sobrou devastou palácios, arruinou o património, ajustou contas antigas e recentes, desfez o país que restava. Todos juntos não se limitaram a arrasar um país, quiseram apagar uma civilização. Agora restam populações fanatizadas, convencidas de que Alá é grande e Maomé o seu profeta.

É neste ambiente de destruição e anarquia que hoje medra a fé e os mullahs se impõem. Mingua a comida mas sobram as orações; as comunicações estão destruídas mas organizam-se peregrinações a Meca; faltam medicamentos e sobram louvores ao profeta; não funcionam as escolas mas regurgitam as mesquitas.

E não faltam armas, tal como não faltam clérigos a incitar às orações e ao martírio.

Quando os níveis de sofrimento se tornam insuportáveis os povos viram-se para a religião. E o clero aproveita a desgraça para vender a ilusão eterna.