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Chantagem episcopal em Espanha

O prestígio divino continua em queda desde o fim da ditadura. O apoio da ICAR à repressão franquista e a promoção do ditador como enviado da Providência, causou-lhe sérios embaraços, mas manteve-lhe intactos os privilégios.

Assim, enquanto Deus se transforma num mero instrumento para convencer as crianças a comer a sopa e a tirar o dedo do nariz, os numerosos bispos e cardeais que assolam a Espanha não prescindem da ameaça, intimidação e chantagem sobre o Governo, para perpetuarem o poder. Contam com um poderoso exército de padres distribuídos por paróquias e milhares de sequestrados, monges e freiras, embrutecidos pela clausura, prontos a serem largados em procissões de desagravo, a abanar terços e recitar ladainhas.

A anunciada legalização de uniões homossexuais pelo Governo legítimo de Espanha (a ICAR dá-se mal com a democracia) encontra uma feroz oposição no episcopado como já aqui foi referido pela Mariana.

O presidente do sindicato dos bispos [Conferência Episcopal Espanhola (CEE)], cardeal António Maria Rouco, declarou, em nome da CEE, «apóstatas» todas as pessoas que concordem com a legalização das uniões de facto entre homossexuais.

É a primeira vez, depois do concílio Vaticano II, que um dignitário da ICAR assume para um grupo social tal classificação, que expulsa os visados da ICAR.

É uma catástrofe para fregueses das missas, avençados da eucaristia, amantes das peregrinações e das procissões ou simples devotos das jaculatórias e outros divertimentos litúrgicos, incluindo os sacramentos.

Calcule-se o efeito devastador nas zonas rurais, beatas e analfabetas com a denúncia dos apóstatas, perante o eterno silêncio de Deus e o insuportável ruído do clero.

post scriptum – Sobre os crimes sexuais do clero católico em Espanha (só os crimes julgados e cujas sentenças transitaram em julgado) vale a pena ler «A Vida Sexual do Clero», de Pepe Rodríguez, Publicações Dom Quixote, 1.ª edição: Julho de 1996.