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Impunidade em nome de Deus

O reverendo Emeka Ezeuko King, da Christian Praying Assembly (CPA) em Lagos, Nigéria, foi acusado pelo ministério público local de conspiração e assassínio depois de ter ateado fogo em 7 dos seus fiéis. Uma das vítimas, Ann Uzoh, não resistiu ao tratamento de choque do devoto pastor, que se autointitulava o Cristo dos nossos dias, para obrigar os pecadores a confessar o «crime» de imoralidade sexual.

De acordo com as testemunhas, no fatídico dia, 22 de Julho passado, o reverendo King primeiro tentou arrancar-lhes a confissão de tão imoral e anti-cristã conduta a golpes de uma barra metálica. Depois, com a colaboração da reverenda irmã Kelechi, igualmente em custódia policial, aspergiu os pecadores com gasolina e deitou-lhes fogo.

King é um líder religioso carismático, o Jesu Oyingbo, que prometia milagres tais como «inoculação espiritual» contra o HIV/SIDA, cancro e todas as doenças relacionadas com sangue. Aparentemente «inoculava» de forma mais carnal as mulheres da sua congregação, mesmo as casadas.

O abuso sexual dos fiéis, sejam eles adultos ou crianças, é, como já escrevi inúmeras vezes, recorrente no clero cristão. Mais um exemplo chega-nos dos Estados Unidos, em que o bispo Terry Hornbuckle está a ser julgado por violação de 3 mulheres da sua congregação. Uma dessas mulheres foi violada por Hornbuckle na sequência de um encontro privado em que este pretendia dissuadi-la de comportamentos «contrários à lei da Igreja», já que tinham chegado ao «moralista» pastor rumores de que a mulher em causa era homossexual.

Os dois casos têm em comum o facto de os clérigos envolvidos serem «estrelas» (cadentes) no panorama religioso local, com frequentes aparições nos media dos respectivos países e a sua popularidade de certa forma lhes ter concedido um sentimento de impunidade, nomeadamente no que diz respeito à imposição nas congregações respectivas da sua visão aberrante de (i)moralidade sexual.