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O kitsch religioso da semana

Quem se desloca pela auto-estrada em direcção ao sul de Portugal, vindo do norte, encontra nas estações de serviço, cafés e lojas em geral, o sinal de que nos aproximamos de Fátima…

A densidade de memorabília religiosa aumenta na inversa do quadrado da distância do santuário religioso.

Como que, manifestações de um estranho fenómeno forteano, o kitsch, o mau gosto, o absurdo manifesta-se…

Como explicar este estranho objecto?

Que mistura inconcebível e desígnio místico encerram a criação desta garrafa com a nossa senhora de Fátima presa num aquário? Só nos vêm à mente, a imaginação de toda uma indústria que copia, corta e cola, truncando significados, num repetido frenesim pela novidade comercial, sem respeito ou reconhecimento da identidade. Procurando inconscientemente no inconsciente colectivo, o sincretismo pelo caminho do lucro…

E que mistura de uma assentada só! O lótus budista, o meio aquático de Iemanjá, a metáfora do desejo do peregrino subentendido pela lâmpada de Aladino, talvez a sugestão da purificação da água que entre no vaso e contacte com a imagem…

Talvez nunca compreendamos o verdadeiro significado.

É uma relação única e pessoal entre o criador e a criatura.