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Alexandrina roubada

Continuando nas fontes frugais, lê-se no Correio da Manhã de hoje:

ROUBARAM O ROSÁRIO DA BEATA ALEXANDRINA

O rosário com que a Venerável Alexandrina rezou à Virgem Maria ao longo de mais de 30 anos, enquanto esteve acamada, desapareceu recentemente da velha vitrina em que se encontrava exposto na sala da casa de Balasar, Póvoa de Varzim.

A estranha ocorrência foi contada ao Correio da Manhã pela zeladora da casa, Maria Alice Faria, que se manifestou “muito desgostosa com este acto de maldade”, mas esperançada de que, mais dia menos dia, o rosário volte a aparecer.

“Eu tenho fé que a pessoa que o levou vai reconhecer que fez mal e, numa atitude de arrependimento, voltará a colocá-lo no seu lugar. Santa Alexandrina vai certamente fazer com que isso aconteça”, disse ao CM Alice Faria.

Segundo a zeladora, o furto terá tido lugar “num destes domingos, em que, no meio da confusão e sem dar pela conta, alguém abriu a vitrina e tirou o rosário”.

Tratava-se, segundo nos referiu, de um rosário “bastante puído, de contas miúdas e com uma medalhinha de Nossa Senhora em cada uma das quinze glórias”.

Este facto, que não foi comunicado às autoridades policiais, acabou por chamar a atenção para as deficientes condições de segurança em que se encontra a casa onde nasceu, viveu e morreu a ‘Santinha de Balasar’ que, no próximo dia 25, vai ser beatificada pelo Papa João Paulo II.

O que prova que Deus não cuida de furtos de objectos pertencentes aos seus fiéis servidores.

É que há cada vez mais gente a visitar a secular moradia e a vigilância é feita apenas pela zeladora. O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse ao CM que “a questão está, desde há um ano, a ser estudada, em conjunto com a autarquia local, mas obriga à realização de obras demoradas”.

Entretanto, fonte da Junta de Freguesia assegurou ao CM que, nos dias de maior movimento, nomeadamente aos domingos, vai requisitar reforço policial.

E é assim que, mais uma vez, vemos o dinheiro dos nossos impostos a ser utilizado em questões que dizem respeito à Igreja. Porque é que a paróquia ou o próprio Vaticano não financia este investimento na protecção de um espólio que lhe deve ser tão caro? De certeza que não será por falta de verbas.

OUTROS DADOS

ESPÓLIO

Na casa da Alexandrina estão peças únicas que merecem melhor protecção. É o caso dos livros originais do primeiro processo de beatificação e de alguns manuscritos.

ALARME

Apesar de o rosário ter desaparecido durante o dia, o isolamento da casa aconselha mais vigilância à noite. A paróquia sugere a instalação de um alarme.

MULTIDÃO

A casa não é muito pequena, mas é antiga e não está preparada para a presença, como tem acontecido, de grandes multidões. A zeladora defende o controlo das entradas.

BEATIFICAÇÃO NO 25 DE ABRIL

No dia em que Portugal assinala os 30 anos do 25 de Abril, com as cerimónias oficiais descentralizadas para Bragança, em Roma, o Papa João Paulo II presidirá à cerimónia de beatificação da Venerável Alexandrina de Balasar.

Não sei porquê – provavelmente é apenas impressão minha -, parece-me que a escolha desta data é uma provocação. No dia em que se comemoram 30 anos sobre o fim do obscurantismo e de uma promiscuidade entre a Igreja e o Estado, vem novamente aquela organização acenar a sua doutrina e os seus santos e beatos à população numa tentativa de concorrência com as festividades de Abril. Não há pachorra!

Nascida a 30 de Março de 1904, Alexandrina Maria da Costa iniciou o seu ‘caminho de santidade’ aos 14 anos, quando se atirou de uma janela para fugir a um homem que a tentava violar. A mielite de que ficou enferma devido à queda de quatro metros agravou-se de tal forma, que acabou por ficar completamente paralisada e acamada aos 20 anos de idade.

Até à sua morte, em 13 de Outubro de 1955, viveu uma vida de oração e martírio, tendo, em 182 sextas-feiras seguidas, de 3 de Outubro de 1938 a 27 de Março de 1942, vivido as dores da Paixão de Cristo. A partir daqui e ao longo dos últimos 13 anos de vida, Alexandrina viveu em jejum total de alimentos e bebida, alimentada apelas pela Sagrada Comunhão.

Os milagres que lhe são atribuídos são incontáveis, mas só o de Madalena Fonseca, que em 1996 foi curada da doença de Parkinson, foi dado como provado, por ter sido considerado “cientificamente inexplicável”. E foi precisamente este milagre que abriu caminho à beatificação de Alexandrina, cujo centenário do seu nascimento se celebrou no passado dia 30 de Março. À beatificação vão assistir mais de 150 portugueses.