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Virgem em Lisboa

A Virgem Santíssima, representada para todos os efeitos legais pela Senhora de Fátima, cansada do Santuário e das mãos beatas que a vestem e despem, escapa-se às vezes para peregrinações litúrgicas na companhia dos padres.

Longe vão os tempos em que pulava de azinheira em azinheira, antes de o reumatismo e o tamanho das saias lhe tolherem os movimentos e a liberdade.

Era o tempo em que ainda punha o Sol às cambalhotas, a espreitar por baixo do manto, e os basbaques de joelhos a procurar a melhor posição para lhe perscrutar o íntimo e mostrar o terço com que afugentavam o demo e queriam converter a Rússia.

Hoje, a Senhora de Fátima está em Lisboa, rodeada de padres, bispos e outros ociosos, à espera de a levarem a percorrer o caminho das prostitutas, proxenetas e carentes sexuais que arriscam a SIDA, a hepatite, a blenorragia e a sífilis.

O patriarca Policarpo vai consagrar Lisboa à Virgem Santíssima como quem adjudica uma ilha tropical para oferecer à amante. Consagrando-lhe a cidade, oferece-lhe crentes e ateus, virgens e delambidas, polícias e ladrões, drogados e passadores, igrejas e lupanares, casinos e escolas, como se a cidade fosse uma coutada da ICAR e as pessoas os animais de um jardim zoológico de que a diocese fosse a proprietária.

Não será possível, à semelhança dos que pagavam a bula para comer carne à sexta-feira, pagar a isenção da consagração, evitar o odor a incenso e ser conspurcado com água benta?

Um destes dias o xeique Munir sai desembestado da mesquita para consagrar a cidade a Maomé e, se a moda pega, solta-se da sinagoga um rabino que consagra Lisboa a Yavé.

Depois de tanta consagração a cidade transforma-se num imenso bordel donde é prudente, por precaução, evacuar a Virgem Santíssima. À cautela.