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50 mil jovens criam Bíblia manuscrita

O projecto Bíblia Manuscrita Jovem, que envolve 50 mil alunos, professores e funcionários de 233 escolas portuguesas públicas e privadas, é absolutamente inaceitável. A iniciativa da Sociedade Bíblica de Portugal pode ter, e tem, a caução governamental mas ofende a Constituição, que consagra o princípio da neutralidade do Estado face a qualquer confissão religiosa, e constitui um perigoso precedente.

Que diriam os promotores a um projecto equivalente para «O Capital» de Karl Marx ou para o Livro Vermelho de Mao?

Que a inefável secretária de Estado Mariana Cascais tenha patrocinado tal projecto era previsível. Surpreendente é a leviandade dos conselhos pedagógicos a caucionarem o proselitismo católico e evangélico.

Perigoso é o silêncio da opinião pública perante um comportamento simétrico do dos países árabes onde as crianças começam cedo a copiar o Corão.

Assustador é o défice de civismo republicano perante um acto de proselitismo a que as tragédias do mundo islâmico deviam servir de vacina.

Inaceitável é a transformação das escolas públicas numa réplica das madraças islâmicas para o ensino da palavra revelada.

É curioso que ninguém se lembre de um projecto, esse inatacável, para copiar a Constituição da República cuja aprendizagem aproveitaria a alguns governantes e não poucos magistrados.