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Despedimentos com justa causa

Num passado não tão distante o Sabbath cristão que tornava o Domingo o dia do «Senhor» era imposto pelos governos sobre os respectivos cidadãos: todas as lojas estavam fechadas, qualquer tipo de comércio era proíbido e esperava-se que os cidadãos consagrassem o domingo a actividades religiosas, nomeadamente a indispensável ida à missa. A separação Igreja-Estado permitiu que tal interferência estatal terminasse nos países ocidentais. Mas algumas pessoas pretendem recuperar os «bons velhos tempos» em que o cristianismo era imposto pelos respectivos governos. E nem todos são americanos: em Inglaterra o movimento liderado por Michael Schluter «Keep Sunday Special», apoiado por 500 igrejas, é extremamente activo na defesa da família que, segundo Michael Schluter, a manutenção da inviolabilidade do «Dia do Senhor» implica.

Aparentemente os tribunais britânicos não partilham a devoção ao Senhor deste movimento e infligiram uma derrota pesada para o seu piedoso intuito. Um devoto cristão, Stephen Copsey, que foi despedido por se recusar a trabalhar ao domingo, perdeu ontem no Tribunal de Apelo a última hipótese de receber a pretendida indemnização de 65 000 libras (cerca de 100 000 euros), merecida compensação pelos danos que tão injusto e herege despedimento provocaram.

Também em Inglaterra um estagiário do prestigiado diário The Guardian foi despedido por motivos religiosos, mas que neste caso não têm a ver com o respeito pelo Sabbath no dia do Sol (ainda a influência do mitraista Constantino). De facto, Dilpazier Aslam, 27 anos, foi despedido na sexta-feira depois de recusar afastar-se da organização radical islâmica Hizb ut-Tahrir, banida na maior parte dos países da Europa. Aslam considera levar o Guardian a tribunal por tão inusitada acção, mas, tal como Stephen Copsey, diria que vai ter uma certa dificuldade em convencer os tribunais da sua pretensão e obter a condenação do seu ex-empregador!