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Dia Internacional da Mulher

Hoje comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Podem surgir dúvidas acerca da razão de ser deste dia: pretende-se que as mulheres atinjam a dignidade inerente à condição de ser humano, mas não será que as estaremos a discriminar atribuindo-lhes um dia especial? Não me parece. Apesar da evolução, a condição feminina continua longe de ser igual à dos homens. É conhecida a situação a que as mulheres estão sujeitas nalgumas partes do mundo árabe: submetidas à vontade dos maridos, pais e irmãos, são obrigadas a seguir um código de vestuário rígido; não têm acesso à educação ou ao emprego; e a Justiça considera-as como partes inferiores, com menos direitos do que a parte masculina.

Na Índia, crianças de tenra idade sujeitam-se a casamentos arranjados pelos pais. Na China, raparigas são vendidas porque são consideradas inferiores.

Em África, grande parte da população feminina encontra-se infectada pelo vírus da SIDA e muitas mulheres são vendidas como escravas.



Mas o problema não se resume a países em vias de desenvolvimento. No nosso mundo ocidental, na nossa civilização de que nos orgulhamos, as mulheres ainda se deparam com a discriminação. No acesso ao emprego, muitas empresas preferem contratar homens uma vez que, naturalmente, uma mulher corre o risco de engravidar. No seio da família, a violência conjugal faz as suas vítimas silenciosas e não são tão poucas como isso. Na rua, está-se sujeita a ouvir impropérios. Na religião, a mulher ainda é vista como a causa do pecado original, um ser vil, traidor, extremamente sugestionável. A nível legislativo continuamos com uma protecção à maternidade insuficiente e com o problema do aborto. Na educação, não há suficiente informação sobre doenças sexualmente transmissíveis e, muitas vezes, as mulheres aceitam a transmissão pelo marido com a maior das naturalidades. O divórcio ainda é visto por muita gente com maus olhos. O adultério feminino é considerado um pecado superior ao masculino (sim, porque é natural que um homem tenha o seu harém).

É por ainda não sermos vistas como iguais aos homens que hoje se comemora o Dia Internacional da Mulher. É para lhes lembrar e para nos lembrarmos de que temos direitos e dignidade que este dia existe.