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Marcelo, Panamá e recandidatura a Belém

“Saio daqui [Panamá] com uma grande vontade de, se Deus me der saúde e se eu achar que sou a melhor hipótese para Portugal, com uma grande vontade de me recandidatar”. […] “Tenho de ter saúde e tenho de ver se não há ninguém em melhores condições para receber o papa”.
(PR, no Panamá, após a participação nas Jornadas da Juventude católica, missa e sermão papal)

Podia alguém duvidar da descida de Cristo à Terra, mesmo sem perceber o que é subir ou descer, em relação ao Universo; podia alguém, que tivesse ouvido o atual PR em 26 de janeiro de 2014, durante a sua homilia dominical do “Jornal das 8”, da TVI, como comentador, defender um único mandato e dizer que “Dez anos para um Presidente é muito tempo”, e que “sujeitar um Presidente a uma reeleição nunca é positivo”, pensar que Marcelo jamais se recandidataria.

Seria como pensar que era outro Marcelo o atual PR, quem tivesse lido Esser Jorge Silva, sociólogo e investigador da Universidade do Minho, em entrevista à revista Visão (n.º 1351, de 24/31-1-2019), referindo que «alguns dos seus entrevistados, relataram, por exemplo, episódios de distribuição de dinheiro, por Marcelo, nas cozinhas dos restaurantes, durante a campanha de candidatura à Assembleia Municipal de Celorico de Basto (pág. 12), comparando tal atitude à das candidaturas de Valentim Loureiro.

A dúvida, a única dúvida sobre a sua recandidatura, que desde já saúdo, sem saber ainda quem será o meu candidato, é se não há alguém “em melhores condições para receber o papa”.

Sabendo que Marcelo o receberá em êxtase, genufletido e com beija-mão, e que haveria quem fosse capaz de beijar, de rastos, os pés ao Papa, fica a certeza de que Marcelo não abdicará de mais uma homenagem pia.

Com a reincidência fica mais curto o caminho do Paraíso e afiançada a assoalhada mais próxima dos taumaturgos e do anfitrião celeste. Um crente pode esbanjar indulgências, mas nunca uma ‘selfie’ com o CEO da sua religião.

Assim, fica dispensado de tocar à campainha da porta do Paraíso e de se sacrificar com a Vichyssoise, detestável sopa fria que os franceses adoram, para ter à espera quem lhe abra a porta, por ordem do anfitrião celeste.