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Franco e a basílica de Santa Cruz do Vale dos Caídos

29 de Agosto de 2018  |  Escrito por Carlos Esperança  |  Publicado em Política, Vaticano  |  Comentar

A História é o que é, os factos não se alteram. Os países europeus foram cúmplices das ditaduras ibéricas, consentindo que se perpetuassem, depois da vitória sobre o nazismo. Fizeram da Península um dique fascista contra o comunismo, alheios ao sofrimento dos povos e aos crimes dos ditadores.

A Igreja católica não foi apenas cúmplice de Franco, ele foi o seu genocida. Matou mais espanhóis, após a vitória contra o regime legal, do que todos os que morreram na guerra, de ambos os lados, numa chacina recíproca sem precedentes.

O ditador fascista mandou fuzilar centenas de milhares de espanhóis, atirados para valas comuns, quando já não existia resistência, na orgia de sangue e vingança, que estarreceu o próprio Mussolini, incluindo a tortura de padres “rojo-separatistas”, em prisões que o Vaticano consentiu.

Em 1953, o Papa de Hitler, Pio XII, concedeu-lhe a maior condecoração da Santa Sé, a raríssima “Suprema Ordem Equestre da Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo», espécie de canonização em vida, que ainda se mantém, tal como o doutoramento honorário da Universidade de Coimbra. Devem, aliás, manter-se. Acusam os outorgantes cujo opróbrio partilham. Após a distinção foi assinada a humilhante Concordata com o bairro de 44 hectares, criado por Mussolini, com o nome de Estado da Santa Sé.

A transição pacífica para a democracia consentiu que a vontade do ditador se cumprisse. O rei Juan Carlos, educado nas madraças da Falange, atribuiu-lhe honras de Estado e o altar majestático que domina o espaço onde jazem, em vala comum, os que assassinou, honra intolerável e intolerada se fosse concedida a Hitler, Mussolini ou Salazar.

A exumação do ditador é o resgate da dignidade de um povo, um ato de justiça e higiene cívica que os netos do carrasco e os herdeiros da Falange procuravam impedir. A onda conservadora que varre a Europa, num sinistro regresso ao passado, a que o PP de Pablo Casado parece associar-se, é o alerta para denunciar a contrarrevolução que se anuncia.

Manifesto, por isso, solidariedade a todos os democratas espanhóis e reproduzo aqui as palavras ditas pelo Núncio da Santa Sé em Espanha, Monsenhor Ildebrando Antoniutti, quando entregou em mão, a Franco, em 1953, a condecoração de Pio XII:

“Compraz-me particularmente confirmar, uma vez mais, o afetuoso interesse e carinho paternal do Papa para esta católica nação, que tantos consolos lhe proporciona nas duras provas da hora presente. E com toda a minha alma peço ao céu que proteja e cumule de bênçãos divinas a pessoa do Chefe do Estado, o Governo nacional, o Excelentíssimo Episcopado, com o clero secular e regular, e todo o amado povo espanhol. Deus abençoe a Espanha!”

Pio XII ainda ajudava nazis na fuga para os países da América do Sul.

Que trio fascista, Franco, Antoniutti e Pio XII!

 

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