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Mês: Abril 2014

12 de Abril, 2014 David Ferreira

É preciso matar esta tristeza

 

Por coincidência, e após vários dias a discernir sobre uma matéria que sempre me suscitou reflexão, eis que deparo com o texto de um grande escritor, de seu nome Baptista Bastos, que vem precisamente ao encontro da linha de pensamento que procurei reproduzir em breves palavras, e que pode ser lido aqui: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3802752&seccao=Baptista

Abordando a questão com a tenacidade, a cultura e a experiência de vida que caracterizam o escritor, julguei não ser necessário alongar-me demasiado na leiga elucubração que me propus desenvolver, uma vez que o texto de Baptista Bastos reflete na perfeição muito do que pretendia dizer. Fica, contudo, o apontamento de um assunto que julgo ter relevância para um debate sério.

 

 

Vivemos tempos difíceis. A crise económica abateu-se sobre o país com a força de um tsunami deixando a descoberto as nossas centenárias fragilidades, habilmente varridas para debaixo do tapete da ilusão e da esperança ao longo de vários mandatos políticos excessivamente populistas ou escandalosamente interesseiros.

Não obstante as esparsas manifestações de desagrado e o sentimento de revolta que alimenta frívolas conversas de ocasião ou acesas discussões em fóruns ou blogs da internet, a sensação com que se fica deambulando pelas ruas é a de uma incapacidade quase congénita para reagir de forma eficaz à adversidade que nos anestesia o espírito e nos açaima a vontade, tão bem retratada no dizer de uma célebre figura pública – “O país aguenta mais austeridade? Ai aguenta, aguenta!”. Como se o soubesse. Como se este fado que assumimos e cantamos fosse um dado adquirido, um protótipo de destino traçado a priori para um indulgente desgraçadinho.

Somente agindo se reage. Só que nós reagimos como um peixe-balão – inchamos o peito e mostramos ao predador que não estamos para brincadeira mas ficamo-nos por aí, o peito inflado de ar, a suster a respiração, ansiando que não nos devorem, confiando na nossa capacidade de apneia. E nunca questionamos de onde nos vem essa capacidade ou inclusive que necessidade temos de constantemente a exercitar.

Interiorizámos o espírito de mártir, de exímio sofredor, um fardo obscuro e demasiado pesado que não raras vezes nos é apontado como característica digna de elogio apesar de nos condicionar a objectividade e a evolução.

A esta particularidade não estarão isentos de responsabilidade demasiados séculos sob o jugo do cristianismo, no nosso caso sob a vertente cristã em comunhão com a Igreja de Roma, cultivando uma experiência existencial demasiado assente no sofrimento, no julgamento, no arrependimento, no castigo, na aceitação acrítica do status de poder de quem inexorável e tiranicamente o define e, em particular, na adoração desprovida de racionalidade ao mito apocalítico da redenção e da salvação, fatores que moldaram uma identidade colectiva quase castradora que teima em emergir em períodos de maior dificuldade, embora se imponha ao imaginário social como reconfortante, otimista e esperançosa.

Apesar do sangue fresco injetado pelas recentes revoluções políticas e sociais, com destaque para o 05 de outubro de 1910 e para o 25 de abril de 1974, a transfusão que alvitrava rejuvenescimento nunca se chegou a concluir e os sintomas tendem a surgir a espaços como a recrudescência da malária. Há uma tristeza inatural que inexplicavelmente nos permeia a identidade sociocultural, tal como o olhar de comiseração das estátuas dos santos perpassa, condiciona e emociona o espírito dos crentes, reprimindo a liberdade do livre pensamento e comprometendo o espírito crítico necessário para a contraposição.

No mês em que se comemora a laxativa revolução dos cravos, sublevação adiada pela inanição colectiva e que nos libertou tardiamente de um longo inverno de opressão clerical fascista, urge refletir e repensar os objetivos capitais que estiveram na génese da mesma, sabendo nós de antemão que nenhuma revolução sobrevive eternamente em autofagia.

Todo o futuro se constrói sobre as ruínas do passado. E nada nos espera senão o futuro. É preciso matar esta tristeza!.

12 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Os interesses do Vaticano e a sua origem

Por

Serafim Lobato

Seja chico, seja ratzinger, seja paulo, ricardo ou luís, isto é que importa: “Em 1927, através de um Tratado que se chamou de Latrão, a Santa Sé, do falecido Papa Pio XI, em troca do apoio ao sistema fascista italiano, em todas as vertentes, recebeu das mãos de Benito Mussolini um valor de cerca de 100 milhões de dólares, que os financeiros do Vaticano aplicaram em negócios em todo o Mundo. Primeiro, em Itália, depois, na Inglaterra e Nos Estados Unidos.

Esse dinheiro foi aplicado em investimentos rentáveis imediatos e títulos de Tesouro (uma parte substancial do Tesouro inglês pertence ao Papado). O Banco do Vaticano, o Instituto per la Opere de la Religione (IOR), tornou-se um banco sem controlo, com completa imunidade nas transacções, de acordo com o Tratado citado.

O Tratado estipulava ainda que três alíneas (29, 30 e 31) que isentavam de impostos as chamadas “instituições eclesiásticas”, incluindo o IOR, ou seja as nossos Instituições de Solidariedade Social e Misericórdias, entre outras, bem como o pagamento de salários aos padres

Com a permissão de Mussolini, o Papado começou a tomar conta de grandes empresas, principalmente das que ficavam sob a alçada do IRI – Istituto di Reconstruzioni Industriale, entidade criada para gerir os fundos estatais destinados a salvar empresas e bancos.

As empresas de águas das principais cidades saltaram para as mãos do Vaticano, bem como as redes de gás e grande parte da indústria automóvel e petrolífera e praticamente de mais de 3/5 do sistema bancário.

A Santa Sé interligou com a finança judia internacional, especialmente norte-americana, e hoje tem uma quota-parte significatica do investimento de Wall Street e da City Londrina (J.P.Morgan, General Electrics, Hambros Bank, Chase Manhattan, First National Bank, etc etc. Não falando já no Barclays Bank, o Santander, O Crédit Suisse,

O Vaticano tem uma supremacia acentuada, em parceria estratégica com o capital judeu (Rotschild/Rockfeller), no Banco Central Europeu.

Domina, praticamente, o Banco Central Italiano ( com bancos accionistas como as Cassa de Risparmio, Intesa saoPaolo, Unicredit, Assicucurazioni General e Unibanca), para não falar em bancos dispersos por outros países que são accionistas do BCE: como o grupo Allianz, Deutschbank, Commerzbank, Abn Amro, Barclays Bank, BNP Parisbás, grupo Santander, Royal Bank of Scotland e Bankia.”

12 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Com amigos assim, a Igreja não precisa de inimigos

Por

Henrique Raposo

8:00 Sexta feira, 11 de abril de 2014

Em dez anos de jornalismo, nunca falhei uma questão factual. Posso dizer disparates a jusante, mas a montante tenho sempre uma sólida base factual. Investigo, leio, sublinho, empilho recortes sobre o tema. Mas há sempre uma primeira vez: a base desta crónica é falsa , é uma piada que se transformou em mito urbano. Não, o arcebispo de Granada não disse para as senhoras pensarem em Deus enquanto fazem o fellatio da ordem aos maridos. Era bom de mais para ser verdade, não era? Como estava rodeado de amigos a comentar a notícia, nunca pensei que estava perante um mito urbano. Mas a culpa é só minha. Só tenho de pedir desculpas aos leitores.

Deus, porém, escreve direito por linhas tortas. Se não tivesse cometido este erro, nunca teria investigado a fundo esta personagem. E, depois de ler várias peças sobre Francisco Javier Martinez, só posso dizer o seguinte: com amigos assim, a Igreja não precisa de inimigos. Comecemos pelo soft porno. Martinez afastou um padre da vila de Albunol, porque o dito pároco acolhia imigrantes ilegais. O padre em questão, Gabriel Castillo, estava a fazer aquilo que a Igreja da caridade tem de fazer: ajudar os mais necessitados, acolher na sua própria casa os desgraçados que ali dão à costa em pele e osso. Mas, ora essa, Francisco Javier Martinez não admitiu tamanha heterodoxia no seu domínio e suspendeu Gabriel Castillo. Dentro do mesmo espírito, Martinez também expulsou noviças estrangeiras (indianas) de conventos. Um ecuménico, este Javier.

Mas deixemos o soft porno e passemos à pornografia moral pura e dura. Francisco Javier Martinez é daquele estirpe que, em nome de Deus e do Bem, entra em territórios mais do que questionáveis. Uma coisa é dizer que o aborto é um mal. E é, com certeza. Outra coisa, bem diferente, é dizer que o aborto voluntário dá aos homens a licença absoluta para abusar do corpo da mulher.

Eis a versão total e original: “matar a un nino indefenso, y que lo haga su propria madre, da a los varones la licencia absoluta de abusar del cuerpo de la mujer, porque la tragedia se la traga ella”. Preferia ter ficado na ignorância, preferia ter ficado no mito urbano, porque isto é muito pior.

Esta é a versão eclesiástica do ela-estava-mesmo-a-pedi-las, o arcebispo de Granada está a legitimar a violação das mulheres que abortam. O que é estranho para um suposto homem de Deus: um mal não se cura com outro mal, cura-se com o perdão, essa invenção de Jesus Cristo que muitos filisteus de batina nunca compreenderão.

Da série “És a minha fé”

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/com-amigos-assim-a-igreja-nao-precisa-de-inimigos=f865007#ixzz2yaVw6YLF

11 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Giordano Bruno vai ficar satisfeito e agradecido

O teólogo dominicano Frei Betto pediu ao papa Francisco a reabilitação de Giordano Bruno, o filósofo e astrónomo italiano condenado à fogueira pela Inquisição em 1.600 por considerar heréticos seus postulados filosóficos.

A revelação foi feita pelo teólogo em entrevista concedida ao jornal italiano ‘La Repubblica’ divulgada nesta quinta-feira. O encontro entre Frei Betto e Francisco ocorreu na residência do pontífice, a casa Santa Marta.

11 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Ateísmo

Do álbum: Fotos da linha do tempo
De O Brasil contra a igreja católica e outras igrejas

9 de Abril, 2014 Carlos Esperança

João Paulo II (JP2) – a canonização agendada

A morte de JP2 relembrou a dor e sofrimento manifestados na URSS quando o pai da Pátria, José Estaline, exalou o último suspiro, e o histerismo demente que rodeou a morte do aiatola Khomeini em todo o mundo árabe, particularmente no Irão. Em comparação, as mortes de Franco, Salazar e Pinochet foram choradas de forma contida.

O absolutismo papal que restaurou com o apoio entusiástico do Opus Dei, Libertação e Comunhão, Legionários de Cristo e outros movimentos integristas, tornou JP2 o Papa da Contrarreforma, antimodernista, infalível, intolerante, substituindo os arcaicos autos de fé pela propaganda e pela diplomacia.

O Papa da Paz, como os adeptos o designam, apoiou a Eslovénia e a Croácia (católicas) e a Bósnia e o Kosovo (muçulmanos) contra a Sérvia cuja obediência à Igreja Ortodoxa constitui um entrave ao proselitismo papal que tem nos ortodoxos a principal barreira ao avanço do catolicismo para leste. Já assim foi na II Grande Guerra.

A proteção aos padres que participaram ativamente no genocídio no Ruanda é mais um desmentido ao boato sobre o alegado espírito de paz que o animava.

A intervenção de JP2 a favor da libertação de Pinochet, quando foi detido em Londres, é coerente com a beatificação de Pio IX, do cardeal Schuster, apoiante de Mussolini e do arcebispo pró-nazi Stepinac. O apogeu da afronta foi a canonização veloz do admirador de Franco e fundador do Opus Dei, Josemaria Escrivá de Balaguer.

JP2, ele próprio profundamente supersticioso e obscurantista, chegou a ser obsceno na forma como engendrou milagres para 448 santos e 1338 beatos cujos emolumentos contribuíram para o equilíbrio financeiro da Santa Sé e para o delírio beato dos fiéis.

Desde a prática do exorcismo à exploração de indulgências, da recuperação dos anjos à aceitação dos estigmas como sinal divino (canonizou o padre Pio), tudo lhe serviu para alimentar a fé de sabor medieval e o desvario místico.

O horror que nutria pela contraceção, o aborto, a homossexualidade e o divórcio são do domínio da psicanálise. O planeamento familiar era para o déspota medieval um crime. Considerava a SIDA um castigo do seu Deus e, por isso, combateu o preservativo, tendo o Vaticano recorrido à mentira, afirmando que era poroso ao vírus (2003). A misoginia, a conceção do carácter impuro da mulher e o horror à emancipação feminina foram compensados pelo culto insalubre da Virgem, recuperado da tradição tridentina.

Como propagandista da fé, pressionou Estados, intrometeu-se na política de numerosos países, ingeriu-se nos assuntos relativos ao aborto, à eutanásia ou ao divórcio e instigou populações contra governos legítimos, democraticamente eleitos. Apoiou os comandos antiaborto, estimulou a desobediência cívica, em nome da fé, pressionou a redação da prevista Constituição Europeia e chegou ao disparate de pedir aos advogados católicos que alegassem objeção de consciência e se negassem a patrocinar divórcios.

O Papa da Paz que condenou a atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago; que envidou todos os esforços para obter o da Paz para si próprio, que justamente lhe foi negado; que excomungou o teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya por ter duvidado da virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; que perseguiu e reduziu ao silêncio Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli ou Jacques Gaillot; que marginalizou Hélder da Câmara e abandonou Oscar Romero; que combateu o comunismo e ficou em silêncio perante as ditaduras fascistas; João Paulo II morreu uns dias depois de o Vaticano ter proibido a leitura ou a compra do «Código Da Vinci», do escritor Dan Brown, e sem nunca ter censurado a fatwa que condenou à morte o escritor Salmon Rushdie.

O Papa que morreu, segundo a versão oficial, no dia 02-04-2005 (soma=13), às 21h37 (soma=13), curiosidades «assinaladas» pelo bispo de Leiria/Fátima, foi o beato algoz da liberdade, déspota persecutório, autocrata medieval e fanático supersticioso.

Foi ele que consternou chefes de Estado e de Governo, que alimentou os noticiários de televisões de todo o mundo, que rendeu biliões de ave-marias e de padre-nossos, que ocupou milhões de pessoas a rezar o terço, vestígio do Rosário da Contrarreforma, que recuperou.

O Papa que morreu era certamente uma pessoa de bem que escondeu essa faceta para ser celebrado por dignitários políticos, religiosos e outros hipócritas. É deste Papa de que falo, e que conheci, que deixo hoje, nesta página, o esboço.

A canonização de JP II é capaz de deslustrar a imagem que a propaganda construiu em torno do papa Francisco, um papa que tanto pode prorrogar o prazo de validade da sua Igreja como tornar-se para o Vaticano o que Gorbatchov foi para a URSS.

8 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (6/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

 

A IURD e o negocio da  Fé

Os pastores brasileiros foram  a ponta de lança do evangelismo na Africa lusofona com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) á cabeça. Criada em 1977 no Rio a Igreja do «bispo Macedo» teve um crescimento espectacular no Brasil onde conta cerca de 2 milhões de fieis, o que faz dela apenas a terceira das igrejas evangelicas deste pais.  Mas em Moçambique e Angola, onde chegou na decada de 90 ê de longe a mais visivel e influente.

Furiosamente hostil a Igreja Catolica  (que acusa de idolatria) mas tambem ao Islão (considerado demoniaco) a IURD combate tambem os «falsos profetas» na origem de algumas igrejas nativas (tocoista em Angola, zionistas em Moçambique). A sua maior força reside no «Evangelho da Prosperidade» e na promessa de por fim á  todos os males a traves da oração mas tambem da açao social e caritativa. «Deixa de sofrer» è o lema mais apelativo da IURD que  investe fortemente no «evangelismo eletrônico» para erradicar « doenças, maldições, depressão, insônia, a violência e o medo em nome de Jesus».

No último dia de 2012 a morte de 13 pessoas esmagadas pela multidão de cerca de 250 000 fieis que pretendiam assistir á «Vigilia da Virada – O dia do Fim» (autorizada) no Estadio da Cidadela de Luanda (com capacidade limitada á 70 000) levou as autoridades angolanas á suspender durante 90 dias todas as actividades da IURD.

Edir Macedo cuja fortuna pessoal  é avaliada em 1200 milhões de dólares só no Brasil e reside actualmente nos EUA tem sido acusado de burla, enriquecimento ilicito e fraude fiscal em ambos os paises. Jogadores de futebol (Pelé, Kaká, Edmilson, Galvão), artistas e politicos brasileiros (19 deputados eleitos nas listas do PRB) contam-se entre os mais famosos  propagandistas da «Universal».

 

8 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (5/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

 Islamofobia e homofobia

As legislações violentamente repressivas da homossexualidade recentemente aprovadas em vários países africanos como a Nigeria e Uganda são associadas à adesão dos respectivos presidentes Goodluck Jonathan e Yoweri Museveni a doutrina evangelica.

O primeiro realizou em 2013 uma peregrinação aos lugares santos de Israel e presidiu em Jerusalém uma «vigília pela Nigéria com Jesus»

O segundo que procura convencer a Etiopia, Quenia, Sudão do Sul e Tanzania de constituir uma «frente cristã de resistência contra o avanço do Islão» equipara a homossexualidade como uma doença que deve ser tratada como a Sida.